Profissionais do conhecimento, não são SANTOS, para viverem de promessas!!!

Para ser convidado a fazer uma palestra, é preciso ter um bom currículo, contudo, na nossa cultura é comum, a promessa de um grande projeto para que o profissional flexibilize e faça uma palestra ou mesmo um bate papo gratuitamente, cingida da frase despudorada e de efeito: “mas… para essa ação, estamos sem verba!”

A titulação alcançada, a condição profissional diferenciada, por meio de dedicação significativa, investimento financeiro e de tempo, no nosso país são desconsiderados pelo anfitrião na maioria das vezes.

Não, não é errado, tampouco pecado ter o melhor palestrante, o mais credível que garantirá eficácia e resultados. O esforço e investimento na educação no Brasil é tratada desta forma no cotidiano empresarial, excetuando-se quando trazem alguma celebridade midiática, catando, se for o caso, até os últimos tostões dos cofres. Ocorre que tais estrelas desconhecem nossos costumes, prioridade e a dinâmica do nosso Estado.

Por esse, dentre outros tantos motivos, recomendo aos acadêmicos que jamais atuem sem serem remunerados, pois além de não serem remunerados, dão a entender que seu tempo nada vale.

Para colaborar, quero explicar aos leitores que uma simples palestra pode demandar até 20 horas de trabalho caso precise de uma pesquisa mais aprofundada. As etapas são:

  • Delineamento da demanda (organizar o que ouviu junto aos demandantes);
  • Pesquisar autores que afinizem com o tema e fundamentem a fala;
  • Buscar imagens que colaborem na absorção dos conteúdos, comungando a fala à demanda;
  • Verificar em quais pontos podemos atingir de forma eficiente o público mais visual, auditivo ou cinestésico;
  • Marcar pontos durante a fala, onde podemos dinamizar, propor movimentos ao público, o qual cooperará para a consolidação da fala, ou seja, dar corpo à teoria, e por fim: a preparação (horas de pesquisa e elaboração do material), o deslocamento (combustível ou aplicativo), apresentação em si de forma bela e atrativa (trato no visual, do salão à indumentária), da bolsa ao computador, da unha aos saltos ou sapatos, da gravata à calça, ou seja, tudo mais que possa atrair o olhar do público de forma positiva, público este, que via de regra é hiper crítico, ainda mais nos tempos das mídias sociais, onde todos tornaram-se, ainda que, sem capacitação formal: auditores e críticos de todas as artes e temas.

 

Ocorre que, para um ser humano estudar com afinco, há um custo concreto: de tempo, financeiro (cursos, livros, viagens) e forte investimento de energia. Então, quando você desejar convidar alguém que você aprecia ouvir, inicie por uma relação de respeito e considere o tempo que esta pessoa levou para chegar onde está e sobretudo, entenda o motivo da sua admiração por ela.

 

Século XXI, 2019, inteligência artificial, distâncias encurtadas, autonomia, democracia, tudo isso não impede das contas (energia, água, condomínio, combustível, netflix, TV a cabo para quem aprecia, livros físicos ou Ebooks, roupas, planos de saúde, manutenção do seu lar, alimento, etc, etc, etc) continuarem chegando, portanto, os trabalhos precisam ser remunerados. Do contrário, estamos recriando a atmosfera da colonização, onde a primazia da amizade garantia espaços, participações sociais e “favores”. Pensem nisso antes de dizer: “mas…não temos verba para esta ação!”

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