por, Maria Rita Sales Régis
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As palavras borbulham no meu cérebro disputando qual vai debutar primeiro. Saio de Vitória pequena charmosa do Sudeste em direção a Sampa cidade da garoa, cosmopolita onde convive tribos e mais tribos em harmonia. Um fim de semana para desfrutar e estudar. Aconselho este combo a todos. Ainda no aeroporto contemplo uma pequerrucha de 1 ano e 09 meses lutando para empurrar com toda sua mini força o carrinho com as malas que quase carregam as casas de quem viaja. Dois dentes e muita valentia. Sigo o destino distraído na atenção de olhar as pessoas que passam apressadamente daqui acolá. Cabelos lilás, laranja, azuis, rosa pink, piercing, tatuagens, casacões para combater o frio que se instala neste dia 11 julho ( quinta) manifestação na Avenida Paulista, no Brasil dos brasileiros. Hotel lotado, acomodo a pequena mala que me acompanha já a algum tempo a vários destinos. Agora o sacrifício de almoçar no Sujinho, um restaurante aconchegante com jeito de boteco chique, saborear uma bisteca ao ponto para comemorar os 44 anos do homem que topou viajar na vida comigo, meu marido.
Na Avenida Paulista a manifestação toma corpo, olho curioso a tudo, faixas, pleitos, falas, ritmo e classes diversas, cada qual com sua indumentária, seu arsenal de cores, formas e força. Me meto no meio do povo, sinto a emoção dos meus tempos de militância, quando fazia coro contra a guerra do Afeganistão, a invasão do Vietnã, em favor das Diretas Já e o impeachemant do Collor. Um nó veio na minha garganta. Fazia tempo que não via o Brasil tão vivo, tão forte, tão gigante. A noitinha uma caminhada na Avenida Paulista, cheirando o cheiro que as várias vidas exalam de paixão, descoberta, temor, ousadia e me perco na floresta de livros da Livraria Cultura, surpreendendo-me por ver meu título, o Sentir, Sofrer e Surtar bem ali em uma das tantas prateleiras. Sorrio o sorriso de quem nadou, nadou e chegou a uma praia paradisíaca.
Do Leme ao pontal não há nada igual ao Daniel personificando Tim Maia no Procópio Ferreira entre a Rua Augusta e a out Oscar Freire. Mais de cem pessoas cantando Vale tudo, vale o que quiser e quando o inverno chegar eu quero estar junto a ti, valeu de tão sensacional que foi sair mais de uma da madruga revisitando emoções das décadas de 70 e 80. Sábado para fechar a viagem com chave de diamante, seguimos para a Estação da Luz, Museu da Língua Portuguesa com direito a rápida fuga na rua Bom Retiro.
Rubem Braga cachoeirense, escritor, poeta, diplomata, irônico, caçoador, retratava nas palavras o que a boca nem a expressão facial ousava falar. Um durão de doce coração. Igual a José Mauro de Vasconcelos queria morar no último andar e frente ao mar. Tenho este desejo também. Será que é anseio de escritor ter a natureza particular a inspirar sua escrita todo o tempo? Possivelmente! Um desejo simples de poder ver o mar acariciando a moldura do céu. Viagem é permitir-se sair sem nada levar, apenas o necessário. Roupa muita atrapalha, se faltar compra por lá. Livro pesa, mas é bom, faz companhia, ajuda a cochilar. Conhecer gente nova ajuda a ver os tesouros que temos renovar esperanças e não se lamentar. Viajar no espaço, no corpo, na mente, no que os sentidos conseguem alcançar.
Lindo texto, adorei!
Muito obrigada.