São dias e dias vivendo. Olhando o que está fora e dentro de mim. Sinto o pulsar do coração, o frio na barriga como se a adolescência voltasse a morar no meu ser. Mas já não sou adolescente. Sou grisalha, tenho décadas de acertos, e erros, sucessos e fracassos, sorrisos e lágrimas, avanços e retrocessos. É bom esse negócio chamado vida, por isso talvez tenhamos um frenético temor de passar a outra condição que nem sabemos qual será…
Recebi essa foto da lua e ela me remeteu a uma reflexão: Vista assim do alto, ela testemunha, assim como o sol, nossos passos, compassos e descompassos nessa estrada onde tantos passam por nós, permanecem por um tempo e seguem ao lado ou distante de nossas vidas.
Me vejo dentro de um trem que me leva ao monte chamado decisão, mudança de rumo, retomada do sonho acalentado desde a juventude e hoje a diferença é a responsabilidade, o cuidado, a atenção dispensada ao sentimento alheio, o carinho e respeito.
A vida é um jardim de girassóis, lindo, lindo…e daqui sinto a suave brisa acariciar meu rosto que por um mero acaso contrasta com o grisalho do meu cabelo por ainda não revelar claramente e tacitamente a idade que trago na alma.
Fé, saúde, o eterno namoro com a profissão, os desafios, os convites, as propostas, o silêncio, as oportunidades, a vontade, a preguiça, os filmes e livros, faces de uma vida enriquecida com outras vidas que passam, alegram, irritam, fadigam e nos provocam a sair do lugar.
Viver…poder olhar a lua, o sol, nadar, sonhar, planejar e concretizar. É possível em qualquer tempo, idade e condição. Por vezes rápido, outras mais lentificado por precisarmos aguardar o tempo que não é seu, a vida que não é sua, a vontade que não lhe cabe.
Integridade…meu maior desafio, minha melhor condição. Inteira, comigo mesma. A isso chamo viver, olhar a lua sem vergonha ou constrangimento de não ser aquilo que não se quer ser.