Posterguei demais para escrever esse último capítulo da minha trajetória na Europa. Na tentativa de reter sons, imagens, odores, cores e sentimentos fui deixando para depois e depois e depois.
Ao chegar em Vitória ainda no aeroporto descobri que meu aparelho celular havia ficado para trás. Liguei, registrei o fato nos achados e perdidos em Guarulhos e na sexta-feira um jovem querido assim como a família dele, passando por lá, resgatou e trouxe o aparelho. Um capítulo de suspense que graças a Deus, a pessoa que devolveu e a Vítor teve uma final muito bom para mim.
Ainda fechava os olhos, via as pessoas, os eventos, as conferências, as palestras, as paisagens e as sensações continuavam grudadas. Desfrutei da minha família na chegada de forma absoluta e plena. Não sai da toca. Via o sol adentrando as grandes janelas da cozinha e mais tarde da sala comprida no meu apartamento. Dava tchau e continuava hibernando sem ter contato com a cidade. Até sexta fiquei quietinha, o fuso confuso ainda.
No sábado dia 22 de junho acompanhados de amigos mais que queridos eu e minha família saímos, pegamos estrada para acompanhar uma festa de 60 anos de casamento em um canto maravilhoso do ES. Foi bom pois revisitamos o coração de pessoas que nos são importantes e o convite não se podia negar. O marido chegara pela madrugada, família completa lá fomos nós.
Agora é retomar a rotina acadêmica e profissional. Pouco a pouco. É bom, importante e necessário.
Aqui seguem minhas impressões sobre minhas duas últimas semanas em Paris, passando por Genebra e Lisboa. Meus dias de despedida dessa que foi uma aventura ímpar.
Período em Paris – Genebra – Paris 02 a 14 de Junho 2014
Segunda-feira, caminho pela primeira vez o percurso que farei por esses dias. O sol brilha, a brisa visita minha pele que se ambienta com o entorno.
Chego diante do prédio Art Noveau. Depois de ficar que nem barata tonta na recepção, dirijo-me aos andares superiores pela escada, tentando adivinhar onde fica a Ecole de Langues. Vi o nome Accord no tapete do segundo andar pelas escadas. Entrei no que seria parte do meu mundo nas duas semanas seguintes. Ambiente limpo, bonito, confortável e repleto de outras tantas pessoas de muitas partes do mundo aguardando. Fiz o teste em dupla com Charlie, um jovem britânico. A avaliação consiste em dramatizar situações do cotidiano, descrever celebridades enfim. Foi bem diferente do que esperava. Divertido e a profa Isabella bem expressiva.
A Isabella perguntou em qual nível deveria ficar debutante A, A1, A2. Optei pelo A1, assim recupero o que possa ter deixado para trás no Centro de Línguas da UFES e não estou com pressa, quero compreender e aprender de verdade a dinâmica do idioma.
Após as avaliações e intervalo seguimos para sala de aula. Hoje acontecerá apenas a Integração com os que já estão seguindo no programa. A turma que fiquei bem interessante: 02 australianas, 02 poloneses, 03 americanos, 02 suecas, 01 croato, 01 alemã, 01 japonesa, todos batalhando para aprender a língua francesa.
Converso com duas colegas de outras salas (chinesa que vive em Nova York) e (italiana que vive em Milão) e a tarde partilho do meu tempo com Daniela, italiana. A convido para ver o filme Le Buche, ali mesmo na escola que no final concluo ser bizarro (incompreensível). Após essa aventura (do filme), uma longa e deliciosa caminhada por Paris. (descemos a Avenida Sebastopol até a margem intelectual do Rio Sena passamos no Centro Pompideu, na Notre Dame, rodeamos toda a área da Sorbonne, passamos pelo Instituto Monde Árabe que tinha uma gigante exposição, atravessamos o Jardin du Plants aonde tinha uma árvore de 1700 – maravilhosa. Paramos para beber água e recuperar o folego no parque Tour Saint Jacques dali fomos ao Quartier Latin, fechando nosso dia no Pantheon.
É uma caminhada significativa e gigante para primeiro dia. É como se desejássemos conhecer tudo hoje, segunda, mas é impossível, óbvio. Chegando à casa da minha família encontrei-os aguardando para jantar uma comidinha deliciosa e me dei conta que cometi um dos pecados na França: atrasar para jantar. Não acontecerá novamente.
As aulas transcorreram da melhor forma possível. Cada dia um desafio, um obstáculo superado e uma descoberta maravilhosa.
Para falar desses 14 dias em Paris não queria relatar meu dias pois, a experiência foi bem mais que um relato, foi uma poesia. Vivi uma agenda apertada, o respeito, o carinho e querer dos meus colegas, o acolhimento carinhoso e cuidadoso de um povo tido como arrogante, distante e nada foi da forma que um dia me disseram.
Visitei todos os lugares possíveis dentro da rota do turismo dentro de Paris e outros lugares que não figuram como interessantes de profunda beleza e relevância na história desse lugar que tanto significou nos meus estudos desde o ensino fundamental. Paris é nossa Recife de onde partiam os grandes movimentos e revoluções. É um povo adornado de cultura, de elegância e foco.
A atmosfera parisiense é dinâmica, colorida, alegre. Se pudesse descrever o povo parisiense em quatro palavras nesse período que aqui fiquei diria: livro, cigarro, movimento, conversas.
Todos os dias pareciam fim de semana. Saia da escola após uma belíssima aula da Isabella e caia no mundo conhecendo cada canto e recanto da cidade Luz. Museus, boulevards, rues, construções as mais interessantes, linhas do metro que são 14, linhas de trens que são 04, auto carros, bicicletas, táxis se entrecruzando no trânsito tenso e apressado da cidade. Pela manhã muitas pessoas correndo, rostos indianos, japoneses, chineses, muçulmanos, africanos, suecos, croatos, brasileiros, romenos, todos em um só boulevard, correndo para chegar…
Famílias inteiras (mãe, pai, filhos pequenos), vivendo em esquinas sempre próximos a fontes de água potável e banheiros públicos. Colchão, malas, bolsas, caixas de papelão e pensei como seria no rigoroso inverno? Alguns dias de chuva e a configuração mudava. Eles se acomodavam embaixo das grandes marquises de Instituições bancárias.
Pais, muitos pais levando suas crias, duas, três para escola caminhando e conversando. Crianças de dois anos com vocabulário riquíssimo, debatendo com os pais o sol, a água, o horário, a forma de carregar mochila.
A mulher parisiense está grávida. A quantidade de mulheres grávidas que vi promete uma geração imensa de crianças. Todos os lugares que olhava tinha uma mulher grávida com sua roupa elegante, colada ao corpo, desenhando sua formas precisas.
O corpo magro, enxuto, pernas longas, nádegas pequenas, musculosas e arrebitadas, olhos via de regra claros, cabelos esvoaçantes, cachecol ou grandes lenços coloridos enrodilhados ao pescoço compunha o visual, sempre sendo levados por uma bicicleta acelerada, cruzando sinais, ruas e becos.
O odor da comida com pouca ou nenhuma gordura se fazia convidar pelo meu estomago. Muita salada, de todos os tipos e cores. Dependendo do bairro visitado encontra-se uma variedade de comidas de inúmeros países e culturas. Quando queria comer uma deliciosa comida chinesa sempre ia a Montmartre e escolhia diante de tantos restaurantes onde queria me deleitar.
E as vitrines das Boulangeries (padarias)? Doces lindos, coloridos, de todos os formatos e convidativos. Resisti bem a tentação todos os dias. No último dia de caminhada comi um doce de avelã. Ma-ra-vi-lho-so!
Sacre Coeur, Molin Rouge, Cimetiére, Cité de Science at Industriales, Bibliotheque Nationale de France, Jardin de Luxemburgo, Grand, Petit e Mini Palais, Champs Elysees, Arc de Triomphe, Cittê de L’Architecture, Louvre, Torre Eiffel, Café du Flore no Boulevard Saint German até os pés descascarem de tanto andar e sorver de Paris.
Chegava em casa todas as noites (dia claro e sol a pino), encontrava na mesa meu jantar lindo, pronto pelo lindo casal que me acolheu e não economizavam em conversar e corrigir meus equívocos do idioma. Tomava banho, passava creme nos pés, punha meias e ficava um tempo enorme na sala, mastigando toda a rica experiência do dia, rememorando tentativas, erros e acertos ao me comunicar em francês e a gentileza e paciência dos franceses em me desvendar suas vidas e idiomas.
Sou convidada e participo de um belo jantar com minha família parisiense e seus familiares. Desfruto dos modos à mesa. Inúmeras saladas, carne assada, lasanha de espinafre, queijos de todos os tipos possíveis, vinho e da sobremesa me abstenho. É um tempo alegre de conversa, risadas. Aproveito para ouvir e diante da profusão de novas palavras me resumo a cinco expressões: (Excusez-moi, s’il vous plaît, merci, c’est quoi, comment dites-vous cela?). Essas eu não erro de jeito nenhum….rsrrsrsrs
Dias passam rápido e minha percepção é de que a autoestima do parisiense é esplêndida. Sabe de onde veio o que representam e sabem onde querem chegar todos os dias de suas vidas. Discretos, elegantes, cultos e gostam dos brasileiros que respeitam e consideram sua cultura.
Primeiro fim de semana, aproveitei para experimentar o TGV (Trem de alta velocidade – alcança mais de 300Km) para ir até Genebra (Suiça) rever um querido primo e sua família e lá conheço o mais novo integrante da família com 18 dias de mundo. Lindo meu primo mais pequenino.
Foi um doce fim de semana repleto de risadas e alegria. Conheci pessoas maravilhosas além do meu primo e três pequenos filhos. Ouvi do francês, inglês e alemão suíço. Tudo em um só lugar. Foi sensacional. Genebra é uma cidade cativante, organizada, turistas que não acaba mais e charme espalhado por toda a cidade. Cisnes no grande lago, Jato confrontando o calor do sol que mais parecia brasileiro, sorvetes, cervejas e peles douradas.
De volta a Paris, chegando quase meia noite na casa da minha família depois de chegar a Gare du Lyon, vencer as linhas 1, 4 e 3 do metro. Nada surpresa, mas muito feliz encontro como sempre meu delicioso jantar que sem timidez desfruto, pois o tempo de espera mais a viagem de três horas totalizam seis horas de muita água o que abriu meu apetite.
Mais uma semana de caminhadas sem fim, descobertas. Minha alma inadvertidamente começa a se preparar para o retorno primeiro para Lisboa e depois Brasil.
Conheço Celina uma brasileira de Brasília que vive aqui já há 16 anos. Um doce de pessoa, alegre, vivaz, coração puro. Quer voltar, mas a priori não sabe como operacionalizar Vejo no que posso cooperar. Vou pensar.
Saio para comprar alguns livros e pequeninas lembranças para os mais chegados, uso todas as palavras e expressões que aprendi na sala de aula e mesmo sem necessidade saio igual a um papagaio perguntando tudo a muitas pessoas. Alegro-me por aprender a ouvir com mais clareza as palavras que adentram meu aparelho auditivo. Já não dói, já não incha o cérebro, já não soa estranho. Isso é bom afinal aqui sou estudante.
Minhas duas últimas importantes ações em Paris é ir fazer o passeio de bateau la Seine e encerrar minha tarde no mesmo café que Jean Paul Sartre se reunia com os intelectuais para respirar o ambiente.
No passeio conheci Sr. Patrick, simpático francês de Nice que visitava mais uma vez a Paris que tanto ama. Conversamos um bocado e para minha alegria ele disse que estava falando bem o francês. Agradeci mas destaquei que era gentileza, pois 01 ano e duas semanas de estudo não dão essa possibilidade pois o francês é um idioma complexo. Mas o passeio foi lindo, divertido, as pessoas cantavam (em vários idiomas). Quando ia pedir licença falava em inglês, francês, espanhol, português até alcançar o que poderia ser…rsrsrsrrs
Tinha um casal tirando fotos e pedi licença e nada….Eram alemães! Dessa não tive como me livrar da mímica. Rsrsrsrs
Última parada: Café du Flore, gueto de Sartre. Olhei o menu. A água custava 7 euros. Pedi uma tônica que ficou em 6 euros 50 cêntimos. O simpático garçom serviu em um copo comprido, repleto de gelo. Senti o líquido gasoso descer pela minha garganta, refrescando minha sede após a longa caminhada que havia realizado da Gare Montparnasse até a Saint Germain. Fiquei ali um tempo não longo, pensando em como seria aquele lugar a noite, absorvido pela fumaça de tantos cigarros e mentes pensantes.
Rememorei a formação clínica que fiz com profa Tereza Cristina Erthal (PUC RJ) que descrevia e falava muito bem da França. Foi ela quem me apresentou o existencialismo, o pensamento sartreano, que hoje percebo também simpático ao pensamento marxista, a firmeza de Simone Beauvoir, os filósofos alemães, a fenomenologia, esse mundo que agora respirava mais de perto. Saí dai feliz de volta para casa, começar a operação despedida, arrumando malas. Cheguei Kty me esperava com duas enormes bolsas abertas. Disse que olhasse e o que gostasse podia ficar. Coisas lindas, lindas mas que não pude desfrutar pois tinha tão somente uma mala, sendo que uma segunda já me aguardava em Lisboa.
Minha despedida de Paris não foi triste, nem alegre, foi tão somente uma despedida de alguém que desfrutou, respeitou, considerou a cultura, aprendeu, constatou, se surpreendeu, enfim… Óbvio que ficou o gosto de quero muito mais.
Fui dormir já passava das duas e acordei as sete da manhã para meu petit déjeuner com Kty e Jo meus queridos familiares aqui. Eles já tinham preparado lanche para minha viagem, iogurtes e barrinhas de cereal. Celina chegou para cuidar da casa. Eles seguiam de carro para Itália e eu de autocarro para Lisboa.
Após abraços e beijos desci rumo a Gare Gallieni aonde embarcaria. Após certo atraso por conta de uma Sra. Cabo verdiana que tinha 06 malas gigantes, sendo que o limite eram 02 volumes, a partida aconteceu. Sentada abri o livro que comecei a reler e ao invés de ler, escrevi minha despedida formal de Paris como segue:
14 de junho, aniversário da minha mãe. Dia claro, tímido e um suave chuvisco acaricia, beija minha pele despedindo e já sentindo saudade da minha presença nas ruas de Paris, enquanto puxo minha pequena mala ainda mais pesada do que quando chegou.
Dia de feira para o parisiense, assim como para nós brasileiros. Inúmeras pessoas seguem para a mesma estação que eu, linha 3 destino Gallieni. Desço com valentia três lances de escada, carregando a protuberante mala e aproveito para dar asas a minha imaginação. Faço analogia mental da mala com nossas vidas: quanto menos desapegamos mais peso carregamos. E penso na fatalidade dela ficar sem rodinha e sem alça. Como carregaria esse peso? É preciso pensar na fatalidade, senão seremos eternos desavisados na vida. Sempre chorando, lamentando, reclamando o que não predizemos ou prevenimos. É importante carregar apenas o que você dá conta inclusive diante das fatalidades, eventos que precisam sim, serem esperados. Se não acontecer é lucro.
Deixar pra trás, passar adiante sempre foi e será uma estratégia maravilhosa de e do viver.
Carrinhos de feira se confundem com minha mala, o metro aperta, mas o curso da vida e do metro segue adiante.
Passando pela última vez nas ruas, estações e lugares onde vivi essas duas semanas dá uma sensação de plano concretizado, sonho realizado, projeto efetivado. Paz e não saudade.
O trânsito sempre pesado para não perder o hábito por isso a sempre opção de caminhar ou de usar metrô. Olho atentamente como que para decorar cada nuance da cidade, cada particularidade dos telhados, das construções antigas, dos quatro andares que insistem em se repetir a cada esquina com raras exceções.
Nos carros velozes, muçulmanos, africanos, indianos vestidos a caráter, lutando contra a aculturação, preservando suas identidades, modos e costumes.
Quase três horas depois a autoestrada imponente, ultra sinalizada, um tapete. Seguimos em direção primeiro a Espanha. Cochilo, acordo e o indiano ao meu lado ensaia uma conversa que começou ainda no embarque. Ele não fala francês e o inglês é resumido, mas repito com apoio de gestos até que entenda minhas respostas.
Jovem, está a 18 meses em Paris, trabalha em Montparnasse em um comércio. Vai para Lisboa em férias e animado pergunta minha idade. Quando respondo 50, vejo que seu olhar obscurece triste. Sorrio mentalmente e me pergunto: Será que ele acreditava que eu carregava quantos anos de vida?
O ritmo da conversa diminui. Ele pergunta se tenho filhas. Respondo que sim e marido também. (rsrsrssr).
Pela madrugada fronteira com Espanha, os policiais entram pedindo passaporte. Quatro pessoas não possuem o documento. Estão apenas com declaração de residência de Paris. Dois indianos, um deles meu vizinho de poltrona, 01 nigeriano e a cabo verdiana que chora, faz barulho, diz ter problema com a embaixada e o policial pergunta: “se em problema com a embaixada para que sai do seu país?” Ela silencia e o ambiente fica tenso. Todos os passageiros ficam incomodados e comovidos com a cena de retirada das pessoas do autocarro. De fato é triste, mas a lei é clara: para entrar em outro país qualquer o documento passaporte é imprescindível.
Depois do ocorrido a viagem segue e os comentários também agora já não tão comovidos, pelo contrário, críticos e irônicos.
Fico sozinha na poltrona, deito e durmo um bom tempo até a próxima parada na garagem da empresa para o abastecimento de gasóleo. Saio do autocarro, vou á máquina de café e vejo que tem uma opção nova: “caldo”. Mesmo sem saber, escolho essa opção e não me arrependo. É um caldo bem temperado, delicioso que desce quente pela minha garganta, aquecendo meu estômago e vida.
Amanhecemos ainda na Espanha e chegamos a Lisboa na Estação Oriente atrasados em 01 hora e 30 minutos. Ando pela Estação também me despedindo e quando avisto o autocarro 750 corro deixando casaco para trás. Um gentil americano vem ao meu encontro com o casaco na mão. Agradeço e sigo meu rumo.
Chego na residência e a festa do reencontro com os meninos, Jacqueline e companheiras de quarto Celina e Filomena é maravilhosa. Um grande almoço é servido para todos pela turma querida de Guiné Bissau. Sai da festa antes da hora para cumprimento de agenda com Katielle que reuniu pessoas queridas para mais uma despedida. Lá conheci a Clélia, Didi, Cesar, Hassana, Paulo, maravilhosos. Papo bom, cheio de energia e enfim uma noite maravilhosa que termina a meia noite e meia.
Dia seguinte, hora de ir ao correio, percorrer Lisboa e suas ruas encantadoras. Baixa, Restauradores, Marques do Pombal, Picoas, República, São Sebastião, acenando com o coração para a terra que me guardou por quase três meses de forma tão carinhosa.
Na minha despedida as 6 da manhã (hora que decidi ir para o aeroporto para chorar menos), o forte abraço e Abiodun meu querido amigo nigeriano, Gilberto angolano, um filho do coração, ambos descendo uma mala de 32 kilos, repleta de livros e outra menor inaugurada na Suiça. Abraços, lágrimas furtivas, o táxi com um simpático motorista que entende a gravidade do momento, sorri e nos afastamos dali suavemente, olhando os dois em pé na frente da residência, como que para não romper o vínculo criado com essas duas criaturas tão queridas para mim, amigos e parceiros de sorrisos, compras no Continente, limpeza de cozinha, refeições e longas conversas.
Aqui na Universidade de Lisboa deixo uma família de colegas e professores (as) especialíssimos. Na residência deixo meus amados angolanos, nigeriano, guineenses, portugueses e a valorosa equipa de Dna Manoela e Dna Elisabete, pessoas lindas que me receberam com carinho enorme na Fundação Cidade Lisboa a qual recomendo para quem for estudar em Lisboa e quer ficar em um lugar Central com acesso imediato a todos os transportes.
Mereço muito menos, mas Deus sempre me dá muito mais que preciso.
Obrigada a você que participou dessa linda trajetória que considerei um dos melhores presentes recebidos na minha vida, às pessoas que entrevistei para a pesquisa, às Secretarias da Universidade de Lisboa tanto de História quanto do CEG, às professoras Angela, Elisa e Margarida por me terem concedido o privilégio de participar da pesquisa no Riskan e enfim conhecer pessoas valorosas.
Obrigada às minhas Orientadora e co-orientadora da UFES, as Instituições brasileiras que viabilizam e parcerizam custos dessas importantes iniciativas.
Obrigada às minhas famílias de Lisboa, Genebra e Paris. Obrigada aos meus colegas de distintas nacionalidades do curso em Paris, vocês são maravilhosos.
Obrigada a você que lê sobre essa experiência e compartilha com outras pessoas, fazendo chegar ao coração de quem não crê que para viver, realizar sonhos não há faixa etária. Basta estar vivo, querer e procurar meios de realizar.