Perfeccionismo

Conhecido popularmente como régua acima da média e que norteia a vida de um importante quantitativo de pessoas. É sobre esse tema que vamos prosear daqui em diante. Me acompanhem!

Quando escuto pessoas afirmarem serem e agirem de forma perfeita, uma pergunta invade minha mente. E o que é perfeição? Confesso que, dada a diversidade de parâmetros existentes, das várias culturas ao redor do mundo, penso na árdua tarefa que é definir de forma concreta ou mesmo impositiva o que vem a ser “perfeito”.

Conheço mapeamento de processos, que partindo de um padrão determinado, podemos determinar métricas e acompanhar, garantindo assim a conquista (monitorada) do estabelecido.

A isso, certamente podemos chamar de perfeito (sem defeito). Porém, lembrem-se, o perfeito, precisa ter um padrão prévio. Outra forma de enxergar nossa compreensão do que seja perfeito, é pensar nas práticas culturais.

Na perspectiva da abordagem comportamental, práticas culturais são conteúdos comportamentais e ambientais transmitidos através de gerações mantidas pelas suas consequências (Skinner, 1991, p. 75; Glenn, 2004, p. 140). E como tais práticas são instituídas? Via de regra partem de uma demanda observada ou mesmo interesse de grupos com poder legitimado.

Sendo assim, o “perfeito” pode ser o que vêm sendo estabelecido no percurso da história da humanidade, a partir do interesse de uma minoria? Para ampliar essa questão, podemos conjecturar sobre as leis, normativas, regras, manuais e políticas ou mesmo o simples hábito de nós sujeitos humanos, uma obra incompleta que vai se fazendo dia a dia, pretender “ser perfeito”.

Perfeito para quem, para o quê, de que modo? Na década de 1960, o profissional perfeito era representado por um sujeito que ingressava na empresa aos 14 anos, avançava gra-da-ti-va-men-te, casava tinha filhos, uma esposa modelo (estabelecido à época) e 30 anos depois, aposentava-se pela empresa onde havia debutado.

Já a partir da chamada Reengenharia (1980), instituiu-se que perfeito seria o profissional que saia da sua zona de conforto e não permanecia na empresa mais que 05 anos. Hoje século XXI, ano 2021, perfeito são os jovens que aos entre 20 e 25 anos atuam como diretores das suas startups, mentoreados por babyboomers, cuja sabedoria (algumas vezes), cooperam para o melhor gerenciamento de impulsos e emoções.

E aqui me ocorre outra questão delicada. E qual a mulher perfeita? Qual olhar devemos dispensar a esse tema? Bonitas, inteligentes, autossuficientes ou disponível, interessada e maternal?

Jamais saberemos, pois cada sujeito humano tem a sua demanda, aprecia um aspecto, a outros rejeitam, rechaçam sem pudor. Por esse motivo, gosto da ideia de compreender e ter claro, a quem tal prática interessa, atende, satisfaz.

Da próxima vez que você verbalizar que realizou algo perfeito, ou mesmo olhar-se no espelho e perceber-se perfeito/a, busque a base, a origem de onde você buscou elementos que lhe asseguraram o não defeito.

Tudo o que somos, como agimos e as práticas podem ser aperfeiçoados/as, mais bem gerenciados e ou adaptados. Vamos conviver com o NOSSO MELHOR, por ser nosso e por referir instrumentos, recursos e limitações. Assim vivemos de forma realista, talvez sentindo mais paz que nos comparando todo o tempo a padrões estabelecidos por aqueles que não entendem de fato o que é viver.

Glenn, S. S. (2004). Individual behavior, culture, and social change. The Behavior Analyst27, 133-151.

Skinner, B. F. (1991). Questões recentes em análise do comportamento. Campinas: Papirus.

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