IV Semana 24 a 27 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Rotina mantida, dia parcialmente nublado. Fico toda a manhã debruçada no livro. Estagnei em uma parte do texto. Desenho outro diagrama para entender, mas a cada nova frase o autor do seu brilhantismo cerebral consegue confunde retroagir minha compreensão. Mas persisto e insisto, passo adiante somente depois que entender…

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A persistência me vale muito nessas horas. Avancei um pouco mais, sabendo o que estou digerindo.  Quando fico cansada, olho pela janela e respiro esse ar maravilhosamente puro.

Horas passam em carreira e 14h, inicio o preparo para sair, sentir a rua, a brisa fria na pele. Cheguei ao gabinete 14:50. As colegas estão lá e converso sobre o livro.

Vou ao Centro de História pedir ajuda e conheço o Tiago, super gentil que entra no site da biblioteca para procurar títulos que podem nesse momento desanuviar minhas dúvidas e bingo: Escolas Históricas e Micro-História. Passa os códigos e me dirijo a biblioteca desta vez com Marina para retirar os livros que me convida para assistir as comemorações de 25 de Abril.

Quase 20h, vai haver festa no Terreiro do Paço. Só que o frio aperta e digo a Marina que vou para casa. Agarro os dois livros e já tenho em mente o que farei nesse pré-feriado (mais um dia).

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Para variar termino meu dia debaixo do edredom, fugindo do frio, lendo…  Sexta amanhece brilhante. Os céus prepararam um dia lindo para os patriotas festejarem sua pátria. São 40 anos de livre expressão e vencendo uma forte crise que se abateu não muito diferente da que teremos em breve pelos desmandos e medidas descabidas com dinheiro PÚBLICO. Aqui sabe-se que a economia brasileira vai bem, obrigada, empregando pessoas, mas o volume de dinheiro que vem sendo desviado, uma hora vai fazer MUITA alta no caixa…saúde, habitação, educação e sobretudo segurança.

Pela manhã assisto uma maratona passar aqui em frente, estilo maratonas em Vitória que são tão lindas, com tantas pessoas. Estudo um tanto, ponho minha semana em dia e as 14h me preparo para comemorar as 12 folhas que faltam para terminar o livro e a vitória dos portugueses que também a minha, pois nesse momento estou aqui. Vou de ônibus para olhar o movimento nas ruas. Tudo lindo colorido de verde e vermelho, cravos por toda a parte. O povo saindo dos edifícios com bandeiras no corpo, cravos nas lapelas, nos cabelos. Aqui o cravo-vermelho é o símbolo da Revolução dos Cravos, que aconteceu em 25 de Abril de 1974, uma data celebrada todos os anos e conhecida como Dia da Liberdade.

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Chego na Praça do Saldanha e o motorista avisa que é a última paragem. Daquele meu jeito, sorriso aberto, agradeço e saio a caminhar em direção a concentração. Minha garganta aperta, soluça, lembro das inúmeras passeatas e movimentos que participei na minha juventude na Presidente Vargas/RJ e sobretudo das Diretas JÁ, um movimento grandioso, lembro da caminhada em Vitória/ES em 2013 que mesmo com inflamação na musculatura da perna direita impossibilitada de caminhar, fiz questão de ir até a UFES e caminhar até próximo a ponte.

Quando o povo de forma equilibrada se reúne para reivindicar o que lhe é de direito a expressão do conjunto é divina. Que outra forma seríamos ouvidos senão em conjunto.

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Sento e contemplo toda a movimentação, aguço meus ouvidos para alcançar os comentários, os sorrisos, as perguntas das crianças, as respostas que os pais se preocupam em dar com riqueza de detalhes. Duas miúdas vem na minha direção e colam no meu casaco o sêlo oficial da comemoração. Agradeço e peço mais um para colocar na minha agenda. Elas sorriem felizes e entregam o selo.

Três horas em ponto o povo começa a se organizar. Vários sindicatos. Eles se organizam sem barulho, sem confusão. As alas vão se posicionando para a caminhada de 3.5 km.

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Ala somente de jovens comunistas gritando abaixo o facismo (soa faxismo); outra somente de miúdos (crianças); a seguir a de maduros, provavelmente os jovens de 40 anos atrás, muito dignos, em silêncio, altivos e firmes nos passos, outra ala de intelectuais, atores, atrizes, media (mídia). Fui transitando no meio deles por toda a caminhada. Emocionada vi ao longe um lindo cão que me lembrou Rintimtim, um pastor alemão que tive aos 5 anos de idade junto com meu tio Barretinho (exemplo de homem, marido e pai). Sem titubear me aproximei e admirei o cão. Ele olhou para mim. Sorri e pedi ao dono se poderia tirar uma foto com Emanuel (nome do cão). Aí está o resultado.

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Depois dessa alegria, continuei caminhando ao lado do tanque de guerra que parava entoava o Hino da Liberdade, cuja letra é de Zeca Afonso: (Grândola é uma vila de Setúbal no Alentejo).  Link: https://www.youtube.com/watch?v=gaLWqy4e7ls&feature=kp

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

E eu lá firme. Fui até o terreiro do passo e aproximando-se das 7 ou 8 da noite (ainda sol brilhando) o helicóptero começa a sobrevoar o Prédio do Carmo, palco do evento original e lança uma chuva de cravos (https://www.youtube.com/watch?v=XUPM4EGY51Q). Lindo de se ver ao vivo.

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Retornei para casa lembrando do casal de maduros que assistiam com fervor, bradando as bengalas ao som do Hino. A chegada grandiosa ao Terreiro do Paço  pela Praça da Figueira, Rua do Ouro e da Prata. O sol já se preparava para recolher-se, mas os raios fulguravam no céu contrastando no Rio Tejo.

A volta foi demorada…muita gente nas ruas e os autocarros tinham mudado seus itinerários. Mas enfim cheguei. Encontrei o pessoal na cozinha., desfrutei da companhia deles, lanchei, quarto, banho (nessa ordem) e para descansar as poucas folhas que faltam do bendito livro.

Sábado ensolarado, bem cedo acabou meu sofrimento. Li as quatro últimas páginas, mais referências e tudo mais. Respirei fundo e gritei bem alto: hu…hu… terminei, terminei. Livre para começar o outro Sobre escolas Históricas  (G.Bourdé; H.Martin) que peguei na biblioteca. Tenho até dia 9 de maio para devolver. Tenho que correr.

Manhã estudos começo o outro livro e noto que esse é bem objetivo, claro…delicio-me. As 15hs tenho compromisso. Sigo para a estação do metro e encontro a colega que me acompanhará. Chegando na estação das barcas, conversando sem parar, distraio e com toda elegância que sou capaz caio de joelhos no ressalto que separa a rampa do barco. Queda linda, linda, linda. Joelho ardeu, calça jeans agora em um estilo mais casual pelo leve rasgo do joelho, enfim, 50 ao chão. Notei que o tempo entre a queda e a recomposição do esqueleto, demorou mais e pedi a melissa para me dar a mão. Será que esse fenômeno quer dizer algo? Bem…o fato é que continuei conversando, sorrindo apesar da dor e da rótula  reclamar.

Destino Almada, atravessamos o Rio Tejo para desfrutar do chá de bebe da Dani, uma brasileira linda que conheci aos 14 anos e agora testemunho sua família florescer.

Encontros, reencontros com pessoas muito queridas, conversa boa, alegria no ar. A comemoração foi linda. O Rafael e a Dani formam um casal bem bonito e Joaquim (estabelecido por Deus) chega para constituir essa família. A Dani é a proprietária do Restaurante brasileiro onde almocei uma deliciosa comida na Estação de Picoas.

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Voltei de boleia (carona) com pessoas que estavam na comemoração. O trajeto a conversa fluía alegre e foi tudo muito lindo e bom.

Passava das 23h, Melissa (historiadora vai de metro) e eu prefiro aguardar o autocarro (ônibus), apesar de ter passado um no minuto que me despedia do pessoal.  Avenida da Liberdade, gigante, sigo caminhando lentamente  e encontro a Globo de Portugal. Passados os 20 minutos indicados no placar da paragem (ponto) e pontualmente lá vem ele vem poderoso para me levar para casa (rsrsrsr) o  736.

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Banho e cama. O que posso querer mais depois de um dia como esse.? Animada com o livro.

Domingo ensolaradíssimo…leio sem parar, avanço capítulos como quem bebe água. Assim leio em menos de 2 semanas. As 10hs uma parada para ir até a igreja com Biodun. Lá vamos nós conversando animadamente. Finalizando o culto pergunto a Biodun se ele não gostaria de caminhar até o Campo Pequeno (estação de metro) onde tem um Shopping bem legal e um Supermercado pois ambos queremos comprar frutas. Ele topa e seguimos. Biodun quase não sai do ritmo universidade, residência, igreja e o inverso. Ele pouco conhece aqui, pouco caminha. Falei que ele precisava conhecer pois quando retornasse com Laide a futura esposa, saberá aonde levá-la. Ele pediu que tirasse algumas fotos bem legais. Compramos as frutas. Voltamos de autocarro (Biodun só usa o metro quando vai para Igreja, para Universidade vai caminhando). Ficou encantado com o passeio.

Após o almoço um bom filme no canal 55 e leitura para que te quero.

 

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