I DIA
Bem pessoal, agora é mais que oficial, é real. Cheguei há 6 horas atrás em terras lusitanas. Ainda ontem em Viracopos-SP a viagem se configurava tranquila.
Ainda não conhecia serviços da TAP. Atendimento impecável, gentil e preciso.
Amanhecemos em Lisboa, 12 graus, vento gélido. Aeroporto pronto para a Copa (opss esqueci que a Copa será no Brasil).
Aeroporto de Lisboa super melhorado de quando estive aqui em 1998 (EXPÔ – água no mundo), grande sem ser faraônico, confortável, desembaraço de malas, pessoas, passaportes, tudo muito fluído, associado com o Metro que hoje tem 04 linhas, cortando toda a cidade. Ticket 1,25 euro.
Com 20 Euros fiz a festa no supermercado. Aqui na Residência universitária tenho por colegas: uma goiana Régia fazendo doutorado em Geografia, o Bill Do, nigeriano simpático por demais com quem vou colocar meu inglês em uso, gente da Angola, Zambia e outros que ainda não conheci.
Chegando do Continente Supermercado já fiz comprinhas que cooperou na feitura de um lanche para lá de especial com o maravilhoso pão de Mafra (farinha escura).
A localização é ótima. Atravessando o parque estou no Laboratório aonde desenvolverei os estudos (IGOT) Instituto de Geografia e Território.
À frente um parque lindo ladeado por árvores antigas e onipotente. Bancos, Estátuas, obras de arte sem pichação e valorizadas.
Por hora é isso…
Dormindo na frente do note.
Até mais tarde…
II Dia
Uiiii…bom dia! Dez da manhã. Cara absolutamente amassada, cabelo completamente enrodilhado, corpo dolorido em processo de adaptação ao colchão de molas. Levantei sabendo onde estava, fui até a janela espreguicei meu corpo que reclamou do esticão. Chamei minha família no Skype, no Brasil 6 da manhã. Papo em dia, banho e arrumar para sair. A chuva cai torrencialmente. Pego a sombrinha que a Profa lembrou e a filha insistiu que trouxesse. Fui salva!…
Atravessei o parque que separa a residência da universidade. Lindo com árvores frondosas e bem cuidadas. Parei em um café, claro para aquecer minha alma com esse saboroso líquido, café com leite, acompanhado de um pastel de Belém enormeeee.
Degustei olhando para o entorno. Jovens espalhados em todas as mesas, conversando, sorrindo e fumando (ninguém merece) dentro do Café. Vi-me ali sentada com os pés encharcados, a sapatilha gelada e as meias, bem as meias lâminas de gelo envolvendo meus pés.
Pedi informações sobre onde queria chegar e me disseram: Vá de metro pois com essa chuva é impossível. Rsrsrsrs, sorri internamente. Mal sabiam eles que impossível é o combustível para eu ter vontade de fazer. Lá fui eu aquecida pelo café com leite enfrentar chuva, vento e frio para chegar a um lugar que ainda não tinha discernimento de onde era. Parei, fotografei, filmei, perguntei, enfim….
A dica era: fica entre os prédios de Direito e Farmácia e é um pré fabricado. Procurei confirmar com a funcionária da guarita do estacionamento e ela ocupada ao telefone disse não saber.
Mais uma parada para proteger-me da chuva…Vi o prédio da medicina dentária e o vigilante além de saber saiu para me mostrar. Imagina que o prédio ficava em frente a guarita da Sra ao telefone que não sabia. Adivinhem….Claro! Passei por ela ainda ao telefone e apontei o prédio, é lá, é lá, repeti sorrindo.
Na porta meu coração disparou, sorriu ao ver aonde assistiria as aulas. Adentrei o prédio, perguntei pelo meu Supervisor Prof. Jorge Malheiros. Já sabendo do paradeiro dirigi-me a sala 7 aonde aconteceria a aula de Geografia Social e Cultural levando o tema: Pobreza. Deliciei-me com a aula. Os estudantes alguns compenetrados e quatro dispersos com seus telefones móveis (celulares).
Ao término conversei com meu Supervisor que agendou minha chegada amanhã as 11hs para conhecer os outros pesquisadores brasileiros nos temas: Geografia urbana e Imigração (minha área aqui).
Ao final me antecipei e fui conhecer o prédio da Faculdade de Letras e a sala aonde poderei levantar dados e organizar agenda para entrevistas com brasileiros em Portugal.
Segui em busca de uma loja para comprar uma bota pois a chuva está forte e eu com os pés gelados. Caminhando na Avenida Brasil que fica em frente ao portão principal da Universidade de Lisboa e sorrindo como sempre, passa uma Senhora e agradece pelo meu sorriso, respondi ainda sorrindo mais, de nada…No que ela para e diz: ah esse obrigada é brasileiro e me abraça, beija a testa, chora lamentando que estão destruindo os índios e a Amazônia. Me abraça fortemente fala do nosso coração brasileiro alegre, bondoso, abençoado. Suspende as mãos no alto e grita Vitória no que respondo: do Espírito Santo. Rimos, gargalhamos em plena Avenida Brasil e nos despedimos. Foi o máximo.
Em seguida atravessando a rua me deparo com um casal de ciganos. A mulher me aborda e diz que preciso de sorte, pede para mostrar pulseiras, relógios, pergunta se tenho medo de ciganos. Digo que não e a olho nos olhos dizendo: não tenho dinheiro, repito e ela começa a regatear, dizendo: quanto tens, quanto tens? Eu firme disse: para comprar essas coisas, NADA. Ela desiste de mim e segue.
Entrei na loja dos chinos e procurei uma bota. Achei uma de 10 euros confortáveis, cano curto, uma gracinha. Já inaugurei. São duas pessoas apenas na loja enorme, o que me chama atenção como eles conseguem atender a todos. A mulher fica no caixa e o marido vai ao estoque. Os administradores desejariam entrevistar esse casal que otimiza recursos e maximiza resultados.
Volto para casa para me fartar com um caldo verde e pão Mafra.
Agora e ir a casa de banho, botar pijama e estudar. Ciao pessoal!