Bom Humor. Armadilha ou Diferencial Competitivo?

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Bom  do latim bônus, bôna, adjetivo. Que tem as qualidades adequadas à sua natureza! E Humor, do latim humore, pode designar tanto os quatro principais fluidos do corpo quanto a disposição do espírito que por sua vez nos remete ao uso livre de algo, ser dono e senhor…das nossas atitudes!

Bem, com isto aterrissamos no interessante e conturbado tema da matéria: Bom Humor no ambiente organizacional. Uma armadilha ou diferencial competitivo?

Compreendo como de suma importância para toda e qualquer pessoa dominar este “fluído” que externamos no embate diário das nossas vidas. Temos duas opções claras: estar bem ou mal; receptivos ou ensimesmados, encerrados em nós mesmos. É como se estivéssemos dentro dos nossos carros, dirigindo velozmente e jogando cadernos, livros, caixas janela a fora. Fatalmente acabaria atingindo outras pessoas.

Assim é o humor! Você contamina facilmente o ambiente aonde chega e, para quem nunca presenciou um confronto entre o bom e o mau humor, saibam que o bom humor amplia, ilumina, sobrepõe o mau humor que se recolhe no seu próprio pesar.

Dentro de uma organização / empresa, é de suma importância adotar atitudes equilibradas que contribuam para a cola da confiança grudar em todos os relacionamentos, proporcionando liga que gera melhores resultados. O bom humor contribui para que a confiança ocorra, a credibilidade se consolide e as relações aconteçam de forma leve e natural. Imaginem-se de seis a doze horas por dia em um ambiente onde todos estão circunspectos, rostos crispados em sua agonia, desconfiados, defensivos e pouco disponíveis. Complicado suportar por muito tempo…um ambiente adverso, pesado.

Nosso cérebro funciona melhor quando não se sente ameaçado, acuado. As sinapses/ conexões ocorrem com maior velocidade e qualidade, garantindo uma disposição para a cooperação, para o encontro e por conseguinte, predispõe as pessoas a atuarem com o que há de melhor nelas..

O sorriso no rosto é o passaporte do bom humor. Carimba aí, diz o sujeito bem humorado e parte para aquele dia munido de um documento que fará diferença em qualquer fronteira de qualquer país. O sorriso abre portas sim, transforma, amacia, nos enleva.

Veja bem, disse sorriso e não gargalhada, excesso de ruído, piadas fora de horabrincadeiras de gosto duvidosas. A palavra humor fala de comicidade, mas não de excessos que as pessoas cometem para serem forçosamente engraçadas e destroçam toda a estrutura do ambiente.

Durante uma seleção o candidato, quem é de fato, deve sim revelar seu bom humor, sem, entretanto migrar para a caricatura do mesmo, tendo atitudes que extrapolam o aceitável em um ambiente de trabalho. Penso até que o profissional de seleção perceberá sem dificuldade a “disposição individual” de cada um ali presente e a pessoa de mais bom humor decerto permitirá maior acesso às competências outras que traz na sua essência e prática de vida.
As empresas hoje têm três importantes preocupações: a de contratar pessoas que agreguem valor, que sejam comprometidas com os objetivos da empresa e que consigam estabelecer relações de qualidade, sem rusgas e nós.

Como podem ver as três estão entrelaçadas pela cola que mencionei acima que é a confiança o que redunda no importante tema que é Clima Organizacional, ou seja, a tendência, a predisposição do ambiente organizacional. Portanto, se tenho colaboradores bem humorados e com boa disposição, fatalmente meus processos produtivos serão melhores bem como os atendimentos, contatos com clientes internos e externos e fornecedores.

Há profissionais que aprenderam a associar o sorriso, o entusiasmo a felicidade a uma coisa inadequada, equivocada, infantil até, atributo dos irresponsáveis e imaturos. Mas observem que surpreendentemente a história nos mostra que as pessoas mais bem humoradas são as que possuem no seu entorno um conjunto de variáveis que conciliadas, criam um anel de força, atraindo pessoas e situações favoráveis, enquanto que o mal humorado desloca sua nuvem de relâmpagos aonde quer que vá, atraindo ao contrário situações desfavoráveis.

Historicamente aprendemos que o bom está associado ao sério e ao que é caro. Portanto qualificamos o sorriso, a alegria a condição de ser feliz a pessoas que utilizam óculos com lentes cor de rosa, supérfluas, ou seja, que vivem na superfície da vida, boiando. Com isto geramos padrões de comportamento que reforçam a crença que este modelo da seriedade, da circunspecção é o que “causa” como se referem os adolescentes ao que chama atenção, encanta.  Por esta razão o modelo “sério” de ser com seus acessórios (aparência, agenda, patrimônio, títulos) elevam os sujeitos a um status diferenciado de importância e valor. A importância é regida pelo volume de compromissos, mas isto é conversa para outra matéria.

Frente a situações adversas, guarde seu bom humor para um ambiente e pessoas mais receptivas. Sejamos suaves e discretos com aqueles que não conseguem abrir os olhos quando confrontados à luminosidade do bom humor, que preferem murmurar incansavelmente de tudo e de todos.

Na trajetória profissional conheci poucas pessoas bem humoradas. O modelo circunspecto prevalece até para garantir que o nível, o estado e condição do sujeito é diferente. Destes poucos, recordo que na vida deles prevalecia a marca do bem: bem sucedido, bem amado, bem vindo, bem promissor.

Os benefícios do bom humor no trabalho são inúmeros e mensuráveis. Quando, em qualquer empresa, o atendem com bom humor, respeito e precisão a propaganda é certa. O empresário terá um retorno fabuloso por conta das inúmeras indicações por meio dos sites de relacionamento e  quem sabe até ter um vídeo postado no youtube mostrando seu diferencial.

Ser bem humorado não significa ser uma pessoa disposta a colocar uma inofensiva rã dentro do sapato do/a colega que tem fobia de anfíbios. Ao contrário, é mostrar-se disposto, superar obstáculos, agir com sabedoria e, sobretudo elegância, pois se trata de etiqueta, de educação do conviver. É uma questão de respeito aos limites, às fronteiras indevassáveis do outro que está ali ao seu lado em inúmeros projetos na empresa.

A felicidade pode e deve ser demonstrada em qualquer lugar com parcimônia e equilíbrio. Os resultados? Exercita-se mais os músculos do rosto, a pele fica mais bonita, o cérebro mais ativo, o sistema imunológico fortalecido, a energia circula mais e melhor; as pessoas o/a recebem, acolhem com uma disposição diferenciada, enfim a qualidade de vida que se tem e que é proporcionada a  quem está no seu entorno é indiscutivelmente mais valiosa que qualquer soma em espécie.

Do que adianta completar 60 anos com um patrimônio invejável se não temos condição emocional favorável, disposição de espírito para viver e usufruir deste patrimônio?

Do que adianta ter tanto e se encerrar atrás das grades da sua alma? Fica esta pergunta para você refletir neste dia que será decerto muito agradável para todos nós.

Maria Rita Sales

Mulher, mãe, esposa, dona de gatos e psicóloga com alma mergulhada em histórias humanas.

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