Após o Carnaval o ano inicia de forma vigorosa, com todos os seus tributos e desafios. Aulas iniciando, agendas assoberbadas de compromissos sem fim que muitas vezes não levam seus donos ou donas a nenhum lugar. A necessidade de fazer mais e mais dinheiro, mais e mais patrimônio, mais e mais entulho guardado nos tantos metros quadrados ocupados de um espaço chamado: LAR que talvez não seja tão doce como os humanos apreciariam, visto que muitos não conseguem desfrutar, ter paz ou mesmo produzir.
Ano após ano, trabalha-se por necessidade ou por escolha. Não são poucas as vezes que se torna a maratona incansável, criando e sustentando um personagem que ao sair de cena, embebeda-se, se mutila, desgasta-se, se destrói nas ilusórias exigências a que se submete dia a dia.
Objetivo, meta, propósito, sentido de vida? Sim, sim, sim. Cada um desenha o seu próprio, usando estratégias, ferramentas, instrumentos que apreendeu ao longo da sua vida ou dispõe desde que entrou em contato com o ambiente e consigo mesmo.
Descolar, desapegar, desonerar-se do que a sociedade nos impõe ou que nos impomos (in) voluntariamente?
Nossa imaginação cria obrigações ilusórias, além das que concretamente possuímos, a de ter que ter para compensar o ser que gostaríamos de apresentar no palco da vida. Como? Simples: Podemos viver em um espaço confortável para duas pessoas de talvez setenta metros quadrados, mas ansiamos por ter duzentos metros, decorados e caprichados de forma que quem chegar fique deslumbrado, desejando ter situação semelhante.
No âmago, o desejo é de ser aceito, pertencer, destacar-se. Qual o preço se dispões a pagar?