25 de Julho – Dia do Escritor e os céus abriram suas portas para três dos nossos…

Escritores

Fonte: Universia Brasil (Foto)

Mês de Julho 2014 ficará marcado (se é que isso é possível), na mente e no sentimento do povo brasileiro por inúmeras razões:

1) pelo imenso aprendizado proporcionado no Mundial 2014, quando um time preparado nos deu exemplo de unidade, sincronicidade, trabalho persistente, resultado, respeito e humildade pois podiam alcançar de 10. Diminuíram o ritmo em respeito ao que foi plantado em décadas passadas por nossos então jogadores que não eram alvoroçados pela mídia,moravam em casas simples, provavelmente nem usavam cuecas Zorba (a marca!!!!), mas faziam um jogo bonito de garra e suor que desprezava ingredientes como cair, arregalar os olhos como se estivesse em outro mundo, sentar no campo e pedir faltas ou pênaltis como crianças birrentas querendo chamar atenção;

2) um avião com inúmeros especialistas em uma doença que debilita, matando pouco a pouco milhões de pessoas, em todo o mundo, magoando, inflamando mais ainda um sentimento ainda latente de confronto que pouco a pouco passa a permear mais e mais os continentes;

3) pelo nosso cenário político mais assemelhado ao Apocalipse com tantos cavaleiros amorfos, zumbis e a Besta na luta pela opressão e alienação do povo;

4) aos tantos investimentos realizados fora do Brasil quando nosso Desenvolvimento, Educação, Saúde, Segurança agonizam e a Assistência Social luta para favorecer os desfavorecidos que por um lado deixam de ser miseráveis e por outro lado fomentam o parasitismo, embora não seja evidentemente a intenção, mas junta o pessoal do “se dar bem” provocando resultados funestos…

5) Bem, por fim, o que de fato vim compartilhar sobre nossos escritores agora semeadores de esperanças em outras paragens. Podemos pensar que não eram nossos parentes, que não tinham nada a ver conosco…enfim…Quero dizer que tinham sim. Transformavam dores, angústias, medos, frustrações, buscas, alegrias, sorrisos, lágrimas, buscas, amores, desamores, encontros, desencontros, descobertas, afeições em palavras e faziam com que circulassem por todo um mundo chamado mente e sentimento. Fazia brotar das nossas bocas soluços, gargalhadas, frases poéticas que somente eles sabiam o tom, o som, a dimensão.
Tínhamos aqui pertinho e sempre o amado Jorge Amado e sua fiel escudeira, Zélia Gattai, um pouco mais longe Saramago e o trio maravilhoso “Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna” foi ao encontro deles.
Eles continuam conosco, seu legado é infinitamente extenso…Se considerarmos o que Sartre diz ao falar sobre Literatura a eternidade é certa, pois o leitor completa a obra…então muitos leitores ainda continuarão a completar a obra desses nossos inovadores anjos.

Para não esquecermos de onde viemos….17 Julho 2014

Andar de trem, metro, autocarro, bus, pés..

Furar a gema do ovo e molhar no miolo do pão…Amassar banana da terra cozida, misturar com manteiga, canela e coco ralado…molhar o pão no café com leite…

Comer pés de galinha, asa e pescoço com farinha, chupando os dedos…limpar o prato…

Tomar um copo de coca cola de uma só vez (glub glub)…Tomar mingau pelas beiradas…Deixar a parte boa para o final…

Comer tomate com vinagre e sal, Passar o dedo no sal do amendoim…Assar o milho no espeto e queijo bola no garfo, pingando no fogão…comer pipoca doce…

Aproveitar folhas do caderno, lavar o coador de papel, guardar o livro bom…cooperando para mais árvores continuarem de pé…

Caminhar na chuva, depois passar vick na planta dos pés, colocar meia para não tossir a noite…

Andar descalço (a), sentir cheiro de mato, de asfalto de alho fritando antes do arroz mergulhar na panela…

Quarar roupa, catar clip no chão, colocar naftalina nos ralos da casa…

Guardar canetas de propaganda para dar de presentes nas caminhadas de sábado – dia de feira…

Dividir a tinta do cabelo em duas partes…Emprestar o imprestável…Dar o que não mais se usa…

Ter um cofrinho…Mandar cartas e cartões postais…Pagar em três vezes no máximo…Copiar partes de livros…

Olhar nos olhos do pedinte e não sentir constrangimento, sorrir suavemente e faze-lo sentir gente…

Gargalhar até perder a respiração, economizar dinheiro, usar rabo de cavalo…

Acenar para idosos que olham pela janela perdidos no desejo de um olhar afetuoso, um afago, cumprimentar toda a gente…

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Solo Parisiense – Suíça uma grata surpresa – Lisboa/Brasil 02 a 18 de Junho 2014

Posterguei demais para escrever esse último capítulo da minha trajetória na Europa. Na tentativa de reter sons, imagens, odores, cores e sentimentos fui deixando para depois e depois e depois.

Ao chegar em Vitória ainda no aeroporto descobri que meu aparelho celular havia ficado para trás. Liguei, registrei o fato nos achados e perdidos em Guarulhos e na sexta-feira um jovem querido assim como a família dele, passando por lá, resgatou e trouxe o aparelho.  Um capítulo de suspense que graças a Deus, a pessoa que devolveu e a Vítor teve uma final muito bom para mim.

Ainda fechava os olhos, via as pessoas, os eventos, as conferências, as palestras, as paisagens e as sensações continuavam grudadas. Desfrutei da minha família na chegada de forma absoluta e plena. Não sai da toca. Via o sol adentrando as grandes janelas da cozinha e mais tarde da sala comprida no meu apartamento. Dava tchau e continuava hibernando sem ter contato com a cidade. Até sexta fiquei quietinha, o fuso confuso ainda.

No sábado dia  22 de junho acompanhados de amigos mais que queridos eu e minha família saímos, pegamos estrada para acompanhar uma festa de 60 anos de casamento em um canto maravilhoso do ES. Foi bom pois revisitamos o coração de pessoas que nos são importantes e o convite não se podia negar. O marido chegara pela madrugada, família completa lá fomos nós.

 

Agora é retomar a rotina acadêmica e profissional. Pouco a pouco. É bom, importante e necessário.

Aqui seguem minhas impressões sobre minhas duas últimas semanas em Paris, passando por Genebra e Lisboa. Meus dias de despedida dessa que foi uma aventura ímpar.

Período em Paris – Genebra – Paris   02 a 14 de Junho 2014

Segunda-feira, caminho pela primeira vez o percurso que farei por esses dias. O sol brilha, a brisa visita minha pele que se ambienta com o entorno.

Chego diante do prédio Art Noveau. Depois de ficar que nem barata tonta na recepção, dirijo-me aos andares superiores pela escada, tentando adivinhar onde fica a Ecole de Langues. Vi o nome Accord no tapete do segundo andar pelas escadas. Entrei no que seria parte do meu mundo nas duas semanas seguintes. Ambiente limpo, bonito, confortável e repleto de outras tantas pessoas de muitas partes do mundo aguardando. Fiz o teste em dupla com Charlie, um jovem britânico. A avaliação consiste em dramatizar situações do cotidiano, descrever celebridades enfim. Foi bem diferente do que esperava. Divertido e a profa Isabella bem expressiva.

A Isabella perguntou em qual nível deveria ficar debutante A, A1, A2. Optei pelo A1, assim recupero o que possa ter deixado para trás no Centro de Línguas da UFES e não estou com pressa, quero compreender e aprender de verdade a dinâmica do idioma.

Após as avaliações e intervalo seguimos para sala de aula. Hoje acontecerá apenas a Integração com os que já estão seguindo no programa. A turma que fiquei bem interessante: 02 australianas, 02 poloneses, 03 americanos, 02 suecas, 01 croato, 01 alemã, 01 japonesa, todos batalhando para aprender a língua francesa.

Converso com duas colegas de outras salas (chinesa que vive em Nova York) e (italiana que vive em Milão) e a tarde partilho do meu tempo com Daniela, italiana. A convido para ver o filme Le Buche, ali mesmo na escola que no final concluo ser bizarro (incompreensível). Após essa aventura (do filme), uma longa e deliciosa caminhada por Paris. (descemos a Avenida Sebastopol até a margem intelectual do Rio Sena passamos no Centro Pompideu, na Notre Dame, rodeamos toda a área da Sorbonne, passamos pelo Instituto Monde Árabe que tinha uma gigante exposição, atravessamos o Jardin du Plants aonde tinha uma árvore de 1700 – maravilhosa. Paramos para beber água e recuperar o folego no parque Tour Saint Jacques dali fomos ao Quartier Latin, fechando nosso dia no Pantheon.

É uma caminhada significativa e gigante para primeiro dia. É como se desejássemos conhecer tudo hoje, segunda, mas é impossível, óbvio. Chegando à casa da minha família encontrei-os aguardando para jantar uma comidinha deliciosa e me dei conta que cometi um dos pecados na França: atrasar para jantar. Não acontecerá novamente.

As aulas transcorreram da melhor forma possível. Cada dia um desafio, um obstáculo superado e uma descoberta maravilhosa.

Para falar desses 14 dias em Paris não queria relatar meu dias pois,  a experiência foi bem mais que um relato, foi uma poesia. Vivi uma agenda apertada, o respeito, o carinho e querer dos meus colegas, o acolhimento carinhoso e cuidadoso de um povo tido como arrogante, distante e nada foi da forma que um dia me disseram.

Visitei todos os lugares possíveis dentro da rota do turismo dentro de Paris e outros lugares que não figuram como interessantes de profunda beleza e relevância na história desse lugar que tanto significou nos meus estudos desde o ensino fundamental. Paris é nossa Recife de onde partiam os grandes movimentos e revoluções. É um povo adornado de cultura, de elegância e foco.

A atmosfera parisiense é dinâmica, colorida, alegre. Se pudesse descrever o povo parisiense em quatro palavras nesse período que aqui fiquei diria: livro, cigarro, movimento, conversas.

Todos os dias pareciam fim de semana. Saia da escola após uma belíssima aula da Isabella e caia no mundo conhecendo cada canto e recanto da cidade Luz. Museus, boulevards, rues, construções as mais interessantes, linhas do metro que são 14, linhas de trens que são 04, auto carros, bicicletas, táxis se entrecruzando no trânsito tenso e apressado da cidade. Pela manhã muitas pessoas correndo, rostos indianos, japoneses, chineses, muçulmanos, africanos, suecos, croatos, brasileiros, romenos, todos em um só boulevard, correndo para chegar…

Famílias inteiras (mãe, pai, filhos pequenos), vivendo em esquinas sempre próximos a fontes de água potável e banheiros públicos. Colchão, malas, bolsas, caixas de papelão e pensei como seria no rigoroso inverno? Alguns dias de chuva e a configuração mudava. Eles se acomodavam embaixo das grandes marquises de Instituições bancárias.

Pais, muitos pais levando suas crias, duas, três para escola caminhando e conversando. Crianças de dois anos com vocabulário riquíssimo, debatendo com os pais o sol, a água, o horário, a forma de carregar mochila.

A mulher parisiense está grávida. A quantidade de mulheres grávidas que vi promete uma geração imensa de crianças. Todos os lugares que olhava tinha uma mulher grávida com sua roupa elegante, colada ao corpo, desenhando sua formas precisas.

O corpo magro, enxuto, pernas longas, nádegas pequenas, musculosas e arrebitadas, olhos via de regra claros, cabelos esvoaçantes, cachecol ou grandes lenços coloridos enrodilhados ao pescoço compunha o visual, sempre sendo levados por uma bicicleta acelerada, cruzando sinais, ruas e becos.

O odor da comida com pouca ou nenhuma gordura se fazia convidar pelo meu estomago. Muita salada, de todos os tipos e cores. Dependendo do bairro visitado encontra-se uma variedade de comidas de inúmeros países e culturas. Quando queria comer uma deliciosa comida chinesa sempre ia a Montmartre e escolhia diante de tantos restaurantes onde queria me deleitar.

E as vitrines das Boulangeries (padarias)? Doces lindos, coloridos, de todos os formatos e convidativos. Resisti bem a tentação todos os dias. No último dia de caminhada comi um doce de avelã. Ma-ra-vi-lho-so!

Sacre Coeur, Molin Rouge, Cimetiére, Cité de Science at Industriales, Bibliotheque Nationale de France, Jardin de Luxemburgo, Grand, Petit e Mini Palais, Champs Elysees, Arc de Triomphe, Cittê de L’Architecture, Louvre, Torre Eiffel, Café du Flore no Boulevard Saint German até os pés descascarem de tanto andar e sorver de Paris.

Chegava em casa todas as noites (dia claro e sol a pino), encontrava na mesa meu jantar lindo, pronto pelo lindo casal que me acolheu e não economizavam em conversar e corrigir meus equívocos do idioma. Tomava banho, passava creme nos pés, punha meias e ficava um tempo enorme na sala, mastigando toda a rica experiência do dia, rememorando tentativas, erros e acertos ao me comunicar em francês e a gentileza e paciência dos franceses em me desvendar suas vidas e idiomas.

Sou convidada e participo de um belo jantar com minha família parisiense e seus familiares. Desfruto dos modos à mesa. Inúmeras saladas, carne assada, lasanha de espinafre, queijos de todos os tipos possíveis, vinho e da sobremesa me abstenho. É um tempo alegre de conversa, risadas. Aproveito para ouvir e diante da profusão de novas palavras me resumo a cinco expressões: (Excusez-moi, s’il vous plaît, merci, c’est quoi, comment dites-vous cela?). Essas eu não erro de jeito nenhum….rsrrsrsrs

Dias passam rápido e minha percepção é de que a autoestima do parisiense é esplêndida. Sabe de onde veio o que representam e sabem onde querem chegar todos os dias de suas vidas. Discretos, elegantes, cultos e gostam dos brasileiros que respeitam e consideram sua cultura.

Primeiro fim de semana, aproveitei para experimentar o TGV (Trem de alta velocidade – alcança mais de 300Km) para ir até Genebra (Suiça) rever um querido primo e sua família e lá conheço o mais novo integrante da família com 18 dias de mundo. Lindo meu primo mais pequenino.

Foi um doce fim de semana repleto de risadas e alegria. Conheci pessoas maravilhosas além do meu primo e três pequenos filhos. Ouvi do francês, inglês e alemão suíço. Tudo em um só lugar. Foi sensacional. Genebra é uma cidade cativante, organizada, turistas que não acaba mais e charme espalhado por toda a cidade. Cisnes no grande lago, Jato confrontando o calor do sol que mais parecia brasileiro, sorvetes, cervejas e peles douradas.

De volta a Paris, chegando quase meia noite na casa da minha família depois de chegar a Gare du Lyon, vencer as linhas 1, 4 e 3 do metro. Nada surpresa, mas muito feliz encontro como sempre meu delicioso jantar que sem timidez desfruto, pois o tempo de espera mais a viagem de três horas totalizam seis horas de muita água o que abriu meu apetite.

Mais uma semana de caminhadas sem fim, descobertas. Minha alma inadvertidamente começa a se preparar para o retorno primeiro para Lisboa e depois Brasil.

Conheço Celina uma brasileira de Brasília que vive aqui já há 16 anos. Um doce de pessoa, alegre, vivaz, coração puro. Quer voltar, mas a priori não sabe como operacionalizar Vejo no que posso cooperar. Vou pensar.

Saio para comprar alguns livros e pequeninas lembranças para os mais chegados, uso todas as palavras e expressões que aprendi na sala de aula e mesmo sem necessidade saio igual a um papagaio perguntando tudo a muitas pessoas. Alegro-me por aprender a ouvir com mais clareza as palavras que adentram meu aparelho auditivo. Já não dói, já não incha o cérebro, já não soa estranho. Isso é bom afinal aqui sou estudante.

Minhas duas últimas importantes ações em Paris é ir fazer o passeio de  bateau la Seine e encerrar minha tarde no mesmo café que Jean Paul Sartre se reunia com os intelectuais para respirar o ambiente.

No passeio conheci Sr. Patrick, simpático francês de Nice que visitava mais uma vez a Paris que tanto ama. Conversamos um bocado e para minha alegria ele disse que estava falando bem o francês. Agradeci mas destaquei que era gentileza, pois 01 ano e duas semanas de estudo não dão essa possibilidade pois o francês é um idioma complexo. Mas o passeio foi lindo, divertido, as pessoas cantavam (em vários idiomas). Quando ia pedir licença falava em inglês, francês, espanhol, português até alcançar o que poderia ser…rsrsrsrrs

Tinha um casal tirando fotos e pedi licença e nada….Eram alemães! Dessa não tive como me livrar da mímica. Rsrsrsrs

Última parada: Café du Flore, gueto de Sartre. Olhei o menu. A água custava 7 euros. Pedi uma tônica que ficou em 6 euros 50 cêntimos. O simpático garçom serviu em um copo comprido, repleto de gelo. Senti o líquido gasoso descer pela minha garganta, refrescando minha sede após a longa caminhada que havia realizado da Gare Montparnasse até a Saint Germain. Fiquei ali um tempo não longo, pensando em como seria aquele lugar a noite, absorvido pela fumaça de tantos cigarros e mentes pensantes.

Rememorei a formação clínica que fiz com profa Tereza Cristina Erthal (PUC RJ) que descrevia e falava muito bem da França. Foi ela quem me apresentou o existencialismo, o pensamento sartreano, que hoje percebo também  simpático ao pensamento marxista, a firmeza de Simone Beauvoir, os filósofos alemães, a fenomenologia, esse mundo que agora respirava mais de perto. Saí dai feliz de volta para casa, começar a operação despedida, arrumando malas.  Cheguei Kty me esperava com duas enormes bolsas abertas. Disse que olhasse e o que gostasse podia ficar. Coisas lindas, lindas mas que não pude desfrutar pois tinha tão somente uma mala, sendo que uma segunda já me aguardava em Lisboa.

Minha despedida de Paris não foi triste, nem alegre, foi tão somente uma despedida de alguém que desfrutou, respeitou, considerou a cultura, aprendeu, constatou, se surpreendeu, enfim… Óbvio que ficou o gosto de quero muito mais.

Fui dormir já passava das duas e acordei as sete da manhã para meu petit déjeuner com Kty e Jo meus queridos familiares aqui. Eles já tinham preparado lanche para minha viagem, iogurtes e barrinhas de cereal. Celina chegou para cuidar da casa. Eles seguiam de carro para Itália e eu de autocarro para Lisboa.

Após abraços e beijos desci rumo a Gare Gallieni aonde embarcaria. Após certo atraso por conta de uma Sra. Cabo verdiana que tinha 06 malas gigantes, sendo que o limite eram 02 volumes, a partida aconteceu. Sentada abri o livro que comecei a reler e ao invés de ler, escrevi minha despedida formal de Paris como segue:

14 de junho, aniversário da minha mãe. Dia claro, tímido e um suave chuvisco acaricia, beija minha pele despedindo e já sentindo saudade da minha presença nas ruas de Paris, enquanto puxo minha pequena mala ainda mais pesada do que quando chegou.

Dia de feira para o parisiense, assim como para nós brasileiros. Inúmeras pessoas seguem para a mesma estação que eu, linha 3 destino Gallieni. Desço com valentia três lances de escada, carregando a protuberante mala e aproveito para dar asas a minha imaginação. Faço analogia mental da mala com nossas vidas: quanto menos desapegamos mais peso carregamos. E penso na fatalidade dela ficar sem rodinha e sem alça. Como carregaria esse peso? É preciso pensar na fatalidade, senão seremos eternos desavisados na vida. Sempre chorando, lamentando, reclamando o que não predizemos ou prevenimos. É importante carregar apenas o que você dá conta inclusive diante das fatalidades, eventos que precisam sim, serem esperados. Se não acontecer é lucro.

Deixar pra trás, passar adiante sempre foi e será uma estratégia maravilhosa de e do viver.

Carrinhos de feira se confundem com minha mala, o metro aperta, mas o curso da vida e do metro segue adiante.

Passando pela última vez nas ruas, estações e lugares onde vivi essas duas semanas dá uma sensação de plano concretizado, sonho realizado, projeto efetivado. Paz e não saudade.

O trânsito sempre pesado para não perder o hábito por isso a sempre opção de caminhar ou de usar metrô. Olho atentamente como que para decorar cada nuance da cidade, cada particularidade dos telhados, das construções antigas, dos quatro andares que insistem em se repetir a cada esquina com raras exceções.

Nos carros velozes, muçulmanos, africanos, indianos vestidos a caráter, lutando contra a aculturação, preservando suas identidades, modos e costumes.

Quase três horas depois a autoestrada imponente, ultra sinalizada, um tapete. Seguimos em direção primeiro a Espanha. Cochilo, acordo e o indiano ao meu lado ensaia uma conversa que começou ainda no embarque. Ele não fala francês e o inglês é resumido, mas repito com apoio de gestos até que entenda minhas respostas.

Jovem, está a 18 meses em Paris, trabalha em Montparnasse em um comércio. Vai para Lisboa em férias e animado pergunta minha idade. Quando respondo 50, vejo que seu olhar obscurece triste. Sorrio mentalmente e me pergunto: Será que ele acreditava que eu carregava quantos anos de vida?

O ritmo da conversa diminui. Ele pergunta se tenho filhas. Respondo que sim e marido também. (rsrsrssr).

Pela madrugada fronteira com Espanha, os policiais entram pedindo passaporte. Quatro pessoas não possuem o documento. Estão apenas com declaração de residência de Paris. Dois indianos, um deles meu vizinho de poltrona, 01 nigeriano e a cabo verdiana que chora, faz barulho, diz ter problema com a embaixada e o policial pergunta: “se em problema com a embaixada para que sai do seu país?” Ela silencia e o ambiente fica tenso. Todos os passageiros ficam incomodados e comovidos com a cena de retirada das pessoas do autocarro. De fato é triste, mas a lei é clara: para entrar em outro país qualquer o documento passaporte é imprescindível.

Depois do ocorrido a viagem segue e os comentários também agora já não tão comovidos, pelo contrário, críticos e irônicos.

Fico sozinha na poltrona, deito e durmo um bom tempo até a próxima parada na garagem da empresa para o abastecimento de gasóleo. Saio do autocarro, vou á máquina de café e vejo que tem uma opção nova: “caldo”. Mesmo sem saber, escolho essa opção e não me arrependo. É um caldo bem temperado, delicioso que desce quente pela minha garganta, aquecendo meu estômago e vida.

Amanhecemos ainda na Espanha e chegamos a Lisboa na Estação Oriente atrasados em 01 hora e 30 minutos. Ando pela Estação também me despedindo e quando avisto o autocarro 750 corro deixando casaco para trás. Um gentil americano vem ao meu encontro com o casaco na mão. Agradeço e sigo meu rumo.

Chego na residência e a festa do reencontro com os meninos, Jacqueline e companheiras de quarto Celina e Filomena é maravilhosa. Um grande almoço é servido para todos pela turma querida de Guiné Bissau. Sai da festa antes da hora para cumprimento de agenda com Katielle que reuniu pessoas queridas para mais uma despedida. Lá conheci a Clélia, Didi, Cesar, Hassana, Paulo, maravilhosos. Papo bom, cheio de energia e enfim uma noite maravilhosa que termina a meia noite e meia.

Dia seguinte, hora de ir ao correio, percorrer Lisboa e suas ruas encantadoras. Baixa, Restauradores, Marques do Pombal, Picoas, República, São Sebastião, acenando com o coração para a terra que me guardou por quase três meses de forma tão carinhosa.

Na minha despedida as 6 da manhã (hora que decidi ir para o aeroporto para chorar menos), o forte abraço e Abiodun meu querido amigo nigeriano, Gilberto angolano, um filho do coração, ambos descendo uma mala de 32 kilos, repleta de livros e outra menor inaugurada na Suiça. Abraços, lágrimas furtivas, o táxi com um simpático motorista que entende a gravidade do momento, sorri e nos afastamos dali suavemente, olhando os dois em pé na frente da residência, como que para não romper o vínculo criado com essas duas criaturas tão queridas para mim, amigos e parceiros de sorrisos, compras no Continente, limpeza de cozinha, refeições e longas conversas.

Aqui na Universidade de Lisboa deixo uma família de colegas e professores (as) especialíssimos. Na residência deixo meus amados angolanos, nigeriano, guineenses, portugueses e a valorosa equipa de Dna Manoela e Dna Elisabete, pessoas lindas que me receberam com carinho enorme na Fundação Cidade Lisboa a qual recomendo para quem for estudar em Lisboa e quer ficar em um lugar Central com acesso imediato a todos os transportes.

Mereço muito menos, mas Deus sempre me dá muito mais que preciso.

Obrigada a você que participou dessa linda trajetória que considerei um dos melhores presentes recebidos na minha vida, às pessoas que entrevistei para a pesquisa, às Secretarias da Universidade de Lisboa tanto de História quanto do CEG, às professoras Angela, Elisa e Margarida por me terem concedido o privilégio de participar da pesquisa no Riskan e enfim conhecer pessoas valorosas.

Obrigada às minhas Orientadora e co-orientadora da UFES, as Instituições brasileiras que viabilizam e parcerizam custos dessas importantes iniciativas.

Obrigada às minhas famílias de Lisboa, Genebra e Paris. Obrigada aos meus colegas de distintas nacionalidades do curso em Paris, vocês são maravilhosos.

Obrigada a você que lê sobre essa experiência e compartilha com outras pessoas, fazendo chegar ao coração de quem não crê que para viver, realizar sonhos não há faixa etária. Basta estar vivo, querer e procurar meios de realizar.

 

 

X Semana 29 a 31 Maio de 2014

Quinta, penúltimo dia em Lisboa antes de Paris. Programação: Biblioteca, biblioteca, entrega final de inventários, leitura, entregar cartão de estudante do IGOT, pegar os certificados no Centro de História e almoçar com os Investigadores e meu Supervisor de estágio e Lisboa (UL) Prof Jorge Malheiros.

Sexta amanhece chovendo. Preciso colocar agasalho. Sigo ainda cedo para a Fundação Gulbenkian. Hoje  um autor que estudei sobremaneira quando da prova do mestrado em 2012, protagoniza meu último seminário. Chama-se Roger Chartier.

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O dia transcorre lindo, a palestra de uma hora é excelente sobre Escrita e Cultura. As comunicações se sucedem de igual forma e converso com o prof. Chartier sobre sua fala e sugiro que tiremos uma foto. Digo que ele vai para o Brasil que já conhece, pois trabalhou junto a algumas Universidades da boa terra.

Almoço uma boa feijoada de Trás dos Montes e me farto. Por hoje creio ser pouco provavel fazer outra refeição (rsrsrsrsrs).

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Dormir é até difícil diante de tanta expectativa. Mais um sonho planejado a realizar. Do metro passo no Alvalaxia pois certamente uma mala menor será necessária para a viagem. Aproveito e compro tudo que vou precisar e mais a mala uma vez que encontro algo adequado para o que preciso.

Chego na residência, cumprimento os bons colegas, faço meu lanche e sigo para meus afazeres. Organizo todo o quarto. Ponho roupas de cama para lavar, as malas sobre a cama e separo atentamente o que levarei. Primeiro arrumo a mala que ficará pronta para o embarque de retorno. Depois passo as roupas que levarei e arrumo lentamente. Uma coisa e outra me fazem dormir às 3 da manhã, com tudo devidamente encaminhado.

Sábado, acordo bem, disposta. Repasso mentalmente o que posso ter esquecido, mas tudo está ok. Cuido do cabelo, das unhas, pele, releio metade do capítulo do livro de Hart. Faço um lanche e as 12h sigo meu rumo.

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Chego bem adiantada na Estação Oriente. Sim, decidi ir de autocarro. De avião e trem a passagem para estudante que sou tornou-se inviável. Além disso estou certa de que a experiência será útil face a proposta dessa nossa conversa.

No embarque pessoas de tudo que é tipo e lugar. Fico pensando na bagunça que será o percurso. Ai…ai…suspiro.

A atendente da Estação pede que leve uma mala para ela e gentilmente me recuso. Deus que me livre. Já não sou mais criança tampouco inocente.

Observo toda a dinâmica do embarque. O motorista fala sem medo e objetivamente. O de comer no outro lado Sra. Fala para uma passageira com 02 bolsas de vasilhames de comida que viaja com a família. Quando entro pergunta se carrego o de comer. Mostro a garrafa de água, suco e o biscoito de sal. Ele permite que entre. Não tem lugar marcado. Chego, escolho ao lado do motorista a poltrona 9, como sempre.

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Aguardo a finalização do embarque a partida e a mensagem introdutória. Avisa ao passageiro que deverá usar o cinto de segurança sob pena de pagar 90 euros, bem como usar sacolinhas brancas que tem em todas as cadeiras sob pena de sendo encontrado lixo sob a cadeira o pagamento é de 180 euros. Pergunto a um vizinho se funciona. Ele acena positivamente com convicção.

A viagem começa as 14:10. Autocarro da Eurolines, 02 andares, ar condicionado e casa de banho. Assento feito para na próxima irmos de avião. A coluna fica bem ajustada.

Penso…é…mais uma etapa da viagem se concretizando. Um dia por vez, uma tarefa por vez, várias metas sendo concluídas. Mas sempre uma por vez como tem que ser.

A ambiciosa agenda que trouxe a Lisboa, ficando para trás com 01 ou 02 ítens sem alcançar mas por que priorizei fazeres que surgiu aqui e seria importante a experiência. Dos livros que trouxe apenas dois não foram concluídos, mas em substituição li os que peguei na biblioteca, na internet e enfim todo material que fui angariando aqui.

Nesse curto espaço de tempo conheci boas pessoas, cujo acolhimento foi excepcional.

A paisagem começa a passar e começa minha aventura de 25 horas (Lisboa-Paris).

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15:40 parada em Fátima para embarque. Um casal maduro fica separado, pois, não tem mais dois lugares. Troco com eles.  Um gentil senhor (Antônio Pereira) aponta onde tem lugares desocupados para onde sigo (últimas poltronas do autocarro). Ele aproveita e trança uma boa conversa comigo. Explica que vive em França e hoje reformado regularmente visita parentes em Fátima. Estava levando o aparelho de apneia para calibrar, pois recebe do governo o valor que pagaria.

Próxima parada, Leiria aonde mora o amigo da minha amiga irmã querida Margarete. A cidade está em festa e é bonita. Foge ao padrão de modernidade entremeada pela antiguidade, o que produz um cenário bem interessante.

17hs novo embarque em Pombal. Senta na poltrona atrás uma Sra. baixinha que repete a mesma frase pelo menos três vezes com sotaque português bem acentuado para o marido que arrisco ter algum problema auditivo: O quê? Ouvisteeee?

Ao lado do casal, dois gajos conversando sobre remuneração e trabalho em Paris e a cada palavra um deles (falando muito rápido) repete carai, carai, carai…

Pergunto ao Sr. Antônio o que significa essa repetição de palavras e ele meio sem jeito responde que é uma forma torpe de falar. Mas me orienta a não repetir.

17h 30m embarque em Coimbra. Continuo sozinha na minha poltrona…O cenário no interior de Portugal é lindo, colorido. Muito verde, plantações sem fim e bem cuidadas.

19h sol alto. Muitas pedras surgem, pré anunciando a fronteira da Espanha, imagino. Erro profundamente. Está longe.

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Valverde Nandute, N.S.Conceição…ao longe vejo o trilho por onde segue o Comboio. Converso com o casal sentado atrás Dna Albertina e o marido (fico sem saber o nome dele. Ela fala pelos dois), narra que ele anda muito doente e que vivem em Paris. Mudou ainda recém casada e seu casal de filhos nasceu francês. Foi visitar a família e trabalha muito em casa, inclusive ajudando o marido com controles financeiro da sua atividade na empresa. Me pergunta o que faço aqui. Quando respondo que estudo, os olhos dela brilham e me parabeniza. Cuidadosa e discretamente narra que tinha péssima impressão da mulher brasileira que somente vinha tomar marido dos outros, mas vê que muitas agora vêm para estudar. E isso é bom.

Energia solar e eólica está presentes em toda extensão da autoestrada. Vê-se que há forte investimento nessas duas fontes.

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Placa de peaje (pedágio) 0,50 cêntimos de Euros (R$ 1,50) em uma autoestrada impecável fronteira com Espanha.

20h parada para o jantar por 30 min já em terras espanholas, na Ciudade Rodrigo fronteira com Fuentes de Oñoro – Portugal. Curiosa fico observando aonde o povo vai se acomodar para comer. E me surpreendo. As pessoas pegam suas bolsas no lado refrigerado do ônibus que funciona como uma grande nevera (geladeira) e partem para o restaurante. Lá o funcionário já habituado esquenta os vasilhames um a um e pouco a pouco as mesas são preenchidas com as pessoas que viajam e tranquilamente todos se alimentam. Peço licença ao Sr. Antônio, sento e me farto da deliciosa sande com jamón serrano e queso, bebericando o suco e trocando ideias finalizamos o jantar.

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Todos tranquilamente retornam aos seus assentos. O autocarro segue singrando a Espanha.

A paisagem muda. Plantações e plantações de azinheira – árvore parecida com o Carvalho (Lenda sobre Franco (Espanha) e Salazar (Portugal) – vale a pena dar uma olhadinha no tio google.

01:30 parada na garagem para colocar gasola (combustível). Caminho um pouco junto ao frio cavalheiro da Espanha. Vou a casa de banho. No retorno seu Antônio oferece um café. Aceito de bom grado já retornando ao autocarro.

Dna Albertina e o marido e os rapazes que xingam a cada palavra descansam a garganta.

Varandas de muitas flores, uma forte batida policial passeiam diante do meu olhar na madrugada espanhola.

Ao deitar (ainda sozinha), lembrei então de quando viajava com minha então pequenina filha de ônibus e ela chorava insistentemente, empurrando-me com os pezinhos. Sai das duas cadeiras que comprara e ela esticou-se, dormindo com os anjos. Eu joguei uma colcha entre as cadeiras e encostei por ali para que ela seguisse bem…

Naquele dia jurei que jamais viajaria de ônibus novamente. Olha eu aqui…deitada, dessa vez nas cadeiras.

Dormi, acordei, passou um filme e quando enfim abri os olhos as 3:15 da madrugada li uma placa (Reservé Telepeage), pronto estávamos em solo francês.

3:50 madrugada, acaba meu luxo. Outro ônibus está quebrado na estrada e acolhe algumas pessoas. Ganho uma vizinha, portuguesa esbaforida que repete sem parar estou mal disposta, se mexe e exclama: Ah pá, ah pá, ah pá. Não me incomoda em nada. Lembro quantas horas pude descansar estirada, claro que em função do meu tamanho enorme.

Procuro saber o nome da vizinha e para onde vai. Isabel e segue Bordeaux. Chegando ela se despede gentilmente e se desculpa por ter incomodado tanto. Devolvo um sorriso e me despeço respondendo que não foi incomodo nenhum.

O grupo é renovado. Muitas pessoas partem outras tomam seus assentos e partimos. Agora o grupo francês predomina e a musica do idioma acalenta meus ouvidos. Sondo meu corpo e os 50 anos de bom uso se faz presente. As pernas ligeiramente dormentes (circulação), a coluna reclama. Posso novamente estirar esse corpo de 1.53.

8:40 parada para o pequeno almoço (petit dejuné). O motorista avisa que dali em diante a parada é na Gallieni em Paris.

Observo a quantidade de pessoas maduras viajando. Cabeças brancas, andar mais lento, olhos brilhando.

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Após essa parada dormi profundamente por quase duas horas. Retomei a leitura dos meus estudos. As paisagens francesas roubavam-me do livro a todo momento.

Dna Albertina animadérrima conversava com o marido. Repentinamente levantou-se com uma sacola branca, passando a recolher a gorjeta do chofer (são dois). Consegue 30 Euros e divide 15 para cada. Pergunto se é habitual. Ela responde que sim, continuando a conversa animada comigo.

Todas as placas anunciam a chegada a Paris. Após fugir da autoestrada por ter ocorrido um acidente, as 15h adentramos Paris.

Encantada evitei perder todo e qualquer detalhe (importante segundo Roberto Carlos no que concordo com ele).

Agora estudante de intercâmbio em Paris. Desafio: encontrar minha casa (ma Maison) e ma famille (família).

Saio da Gare (garagem) Galienni, corpo já refeito e disposto. Sigo as placas. Adentro o metro e sigo as instruções do Gabriel (Accord SP).

As 16:30 de domingo estou diante do apartamento. Toco a campainha. Uma mulher ruiva, delgada, sorridente e elegante abre a porta e fala como uma cantiga: BIENVENU Retribuo o sorriso e ela me apresenta o marido Giuseppe (José), italiano.

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X Semana 27 a 28 de Maio de 2014

Terça, dia de Biblioteca pesquisar um pouco mais e depois  Gabinete com os colegas. Vou ao CEG Centro de Estudos Geográficos entregar os inquéritos preenchidos. da pesquisa Riskan (risco e segurança). Em seguida Luciana chega e conversamos encaminhando nossas atividades. O almoço é agradável e passamos toda tarde absolutamente mergulhadas em nossos projetos de estudo e de vida. Quase 19 e 30 mim, nos despedimos com um abraço. Já em casa depois da ameaça de chuva coloquei as roupas da viagem para lavar e preparei minha agenda de quarta.

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Dia agradabilíssimo que produzo bastante e finalizo assistindo praticamente a minha última aula no IGOT com a apresentação da Anna uma colega italiana e sua pesquisa em Guine Bissau. Ela vibra ao falar da pesquisa e está muito a vontade de apresentar particularidades da sua experiência com absoluta autoridade.

Começo no Portal de Educação uma reciclagem sobre Psicoterapia. Faz muito não me atualizo nesse tema. Faço 01 hora de aula. O curso é de 60 horas.

Chego cumprimento Jacqueline e em seguida os meninos (Edson e Roberto abatido pela garganta inflamada) que comemoram ao me enxergarem. Conversamos, ajudo um a preparar o caldo, Gilberto sobre tem um dedo de prosa comigo e voltamos todos aos nossos cantos estudar.

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Janto, pois praticamente hoje não almocei e no meu canto atualizo o Diário.

IX Semana 22 a 26 de Maio de 2014

A chuva continua presente. Hoje ocorre a VI Conferência do IGOT que comemora 40 anos com o Tema provocativo Liberdade, Democracia e Coesão Sócio Territorial. Como é de praxe aqui na Universidade veio personalidades de todas as partes. Um em particular chamou minha atenção PhD Dr. Antoaine Bailly de Genebra. Uma sumidade!

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As atividades encerraram após as 18h e saindo ouvi um canto e som de violino. Desloquei-me no extenso edifício buscando de onde vinha o som. Chegando bem perto vi duas chinesas e cadernos de programa falando de Expressão de Artes da Escola Técnica de Macau. Ganhei um pen drive de porcelana delicadíssimo e adentrei ao imenso anfiteatro. O som me acolheu de todas as formas e passei uma hora da minha vida inebriada com a beleza, delicadeza e talento. Silenciosos, disciplinados, dóceis e absurdamente competentes: canto, música, pintura, declamação, luta Kung Fu, enfim. Foi um fim de noite mais que merecida. Como diz minha tia Luiza, nasci para isso!!! Consegui apenas gravar um pequeno trecho do violino….

Toda a manhã de sexta passei mal de dores no estomago. Intervi com medicamento e preparei minha saída para no máximo 12h. Fui até a Faculdade de Psicologia participar de um experimento no Laboratório da organizacional saindo de lá direto para o BB (aqui temos uma agência na Marques de Abrantes).Conclui a operação e retornei à Faculdade para participar como ouvinte do Workshop Doutoral – um espaço para doutorandos apresentarem suas pesquisas e encaminhamentos junto aos colegas. Um grupo significativo de professores e comentadores contribuem sobremaneira para a melhoria dos trabalhos apresentados. No fim do encontro eu  mestranda e Luciana doutoranda comemoramos os trabalhos, o avanço dos colegas e a missão mais que cumprida desse dia, afinal eu  fui privilegiada por beber do conhecimento dos colegas que estão em uma caminhada mais complexa nesse momento.

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Sábado compro passagem para Porto e vejo o que falta, organizo agenda para a última semana arranjos enfim. A tarde aproveito que estou no Shopping Vasco da Gama e assisto Grace de Mônaco, Nicole Kidman impecável. Retorno para casa. Tomo um banho para poder descansar. Adormeço lendo Doze lições sobre a História.

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Domingo, seis da manhã sigo para a Estação Oriente onde saem os comboios. As 7 e 9 pontualmente o comboio Alfa pendular parte para Porto. Lá eu e Marcela Camporez certamente além de conhecermos a cidade nos divertiremos.

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Chego em Porto e sigo direto para o aeroporto surpreender a Marcela. Temo chegar depois que ela sair, mas ao chegar após o percurso de 30 minutos no metro de imediato vejo a Marcela. Passamos no OportoCity Hostel (uma gracinha), deixamos as bolsas e no mapa planejamos o que precisávamos fazer imediatamente. Saímos a caminhar pelas pontos que marcamos.

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O encantamento acontecia a cada visita. A história, os fatos escondidos e demonstrados em cada cerâmica, construção, placa nos envolvia mais e mais. Subimos, descemos, passamos por ruelas, apreciamos varandas, almoçamos e as 3 h nos dirigimos ao ponto de encontro de visita guiada (walked guide). Cristian luso da cidade onde se produz o vinho Casal Garcia no seu inglês fluente nos guiou por 3 horas de muito entusiasmo. Contava histórias, dramatizava, mudava a entonação da voz, alegre todo o tempo e atencioso para com os seus seguidores (Lituânia, Inglaterra, Canadá, Polônia, Brasil (ES, BH), EUA 15 a 17 pessoas presentes.

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Depois eu e Marcela caminhamos mais duas horas para ver o por do sol do farol frente ao encontro do rio com o mar. Nosso jantar foi em um restaurante beira rio devidamente aquecidas por mantas. Retornamos ao Hostel passava das 22hs. Banho, cama e desmaio.

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Na segunda super animadas fomos duas vezes à Livraria Lello, que inspirou a autora do Hary Porter nos cenários do filme, Mercado Bolhão e de tudo que vi enlouqueci com os livros. Se pudesse comprava muitos. Atravessamos caminhando os dois níveis da ponte onde circula o metro, fomos ao teleférico, na degustação de vinhos, em todo o litoral, passamos pelo palácio dos queijos, até o ponto final do autocarro 500 e voltamos. Fechamos nossas incursões com um delicioso lanche na Majestic, confeitaria de 1921, similar a nossa Colombo no Rio de Janeiro.

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A companhia da Marcela é perfeita: alegre, organizada e muito disposta. Despedimos-nos na Estação Trindade. Ela para o aeroporto rumo a Madrid e eu Estação de Comboios Campanha retornando Lisboa. Consigo antecipar meu horário, chego mais cedo e repito o ritual: banho seguido de um inenarrável desmaio na cama.

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IX Semana 18 a 21 de Maio de 2014

Preparo minha segunda. Faço a pesquisa nas primeiras duas horas e 9:30 sigo para a sala 5.2 para o Seminário de Estado, Sociedade e Políticas de Saúde.

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Confirmei com Mayara do LID a entrevista no Alvagalaxy. A noite chegando fiz uma entrevista de seleção via Skype para um cliente em Vila Velha.

 

Terça dedico um bom tempo para cumprir uma Seleção cuja vaga é para o RJ. Vou ao correio colocar postais (meu pai, sobrinhos, filha e marido).

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Pensa que o dia acabou? Não! Fui a uma palestra na Fundação Calouste Gulbenkian sobre Direito a Alimentação e a soberania alimentar.

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Muita chuva e frio. A quarta foi dedicada a leitura e às pesquisas com famílias de Torres Vedras, mais especificamente Casalinhos de Alfaiata aonde carinhosamente me receberam as famílias de Rogério e Maria;  Elis, Roseli e os jovens e crianças da casa. Retornei para Lisboa no último autocarro 23:30.

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VIII Semana 15 a 18 de Maio de 2014

Reunião com a Investigadora da pesquisa, PhD Dra. Ângela. Saindo dedico a tarde à aplicação dos Inventários. Finalizei! Parti para conhecer mais de onde estava. Desci toda a Avenida Forças Armadas, Visitei o Jardim Zoológico, passei pela Rodoviária Sete Rios. Mais uma boa caminhada enfim sai na Estação Entrecampos.

Cheguei em casa com os pés esfolados (rsrsrsr). A aula de campo marcada para Tomar foi suspensa. Agendei os casais de Torres Vedras e encontrei com Rita para irmos ver as obras que sua irmã estava expondo chamada Land Art na Quinta do Pizão entre Cascais e Sintra. Lugar de incontrolável beleza. Passamos (eu, Rita, Lucas e as sobrinhas) frente ao Hotel de 10 estrelas que nossa Presidente ficou hospedada.

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No jantar da exposição foi servida sopa de beterraba, favas, nêspera, pão, vinho branco e tinto, geleias, tudo muito lindo e delicioso.  Cheguei em casa 1 e 30 da manhã.

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Dormi muito pouco, pois teria que acordar as 4 e 30 para ir até a rodoviária Sete Rios pois dali embarcaria para Porto no autocarro das 6 h. A viagem era por um nobre motivo: rever a Sílvia Vidal, amiga desde quando cheguei em Vitória – ES. Passamos parte da manhã e tarde conversando, atualizando as prosas eu, ela e Juca o mais novo simpático integrante do lar (um maltês mini de pelo branco).

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Após o almoço que se deu às 5 da tarde os procedimentos para retornar a rodoviária deu lugar às nossas gargalhadas.

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Foi um dia muito bom mesmo. Cheguei em casa após as 24h. Foi o tempo de tomar um banho e dormir profundamente.

Domingo depois de um sono reparador de dois dias seguidos de muita movimentação, cuidei do meu canto, atualizei roupas, saúde, beleza (pele, unhas, cabelo), deliciei-me com o almoço (frango grelhado, salada, arroz e feijão). Descansei toda a tarde lendo. As 18h fui de autocarro até Odivelas (um bairro) para apenas conhecer. Foi giro (legal)!