Quem Disse que Permissividade é Empatia?

Permissividade e empatia não são irmãs gêmeas. Confundi-las é um erro perigoso e, ainda assim, extremamente comum. Vivemos tempos onde dizer “sim” para tudo e todos é visto como sinônimo de bondade e compreensão. No entanto, o preço da permissividade é alto e silencioso. Ele destrói limites, corrói o respeito mútuo e perpetua comportamentos nocivos. Empatia, por outro lado, é a capacidade de compreender e respeitar os sentimentos do outro, sem abrir mão da nossa própria integridade. Permissividade pode parecer um ato de amor, mas muitas vezes é uma traição disfarçada — uma traição a nós mesmos e à verdade que o outro precisa ouvir.

Quando permitimos que os outros ultrapassem nossos limites ou evitem enfrentar suas próprias responsabilidades, não estamos sendo empáticos. Estamos sendo cúmplices de suas fraquezas e sabotagens. Empatia não significa dizer “sim” a tudo; significa dizer “não” quando necessário. Imagine um amigo que afunda em comportamentos autodestrutivos. Ser permissivo é encobrir os erros dele, fingir que está tudo bem. Empatia, porém, exige coragem para intervir, para apontar o que está errado e ajudá-lo a caminhar em direção à mudança. Quem disse que deixar passar é cuidar? Isso é abandonar, não apoiar.

A sociedade nos vende uma ideia perversa: o conflito é inimigo da harmonia. Mas a verdadeira harmonia só é possível quando há honestidade. Permissividade é o caminho da covardia, da busca por evitar desconfortos, mesmo quando o preço disso é o crescimento paralisado do outro. Empatia é, muitas vezes, desconfortável. Ela nos pede para entrar no caos do outro, mas sem perder de vista os nossos próprios valores. Ela exige que saibamos diferenciar o que é compaixão do que é conivência. E, acredite, essa diferença é colossal.

Permissividade alimenta o ego e enfraquece o caráter. Quando confundimos os dois conceitos, criamos um ciclo tóxico de relações onde ninguém se desenvolve de verdade. O permissivo é visto como um pilar confiável, mas no fundo ele é um muro prestes a ruir, porque permite que os alicerces das relações se fragilizem. A empatia, ao contrário, é firme como uma rocha. Ela é capaz de dizer: “Eu te vejo, eu me importo, mas eu não concordo.” Só com esse equilíbrio é possível construir laços sólidos e verdadeiros.

Então, pergunte-se: o que você tem sido? Alguém que abdica de si mesmo para manter uma falsa paz ou alguém que enfrenta a tempestade para cultivar crescimento mútuo? A permissividade pode parecer um atalho fácil, mas a empatia é o caminho que transforma. Não se deixe enganar. O respeito pelo outro, a consideração, o sentimento verdadeiro não diz “sim” para tudo, pelo contrário conhece o poder do “não”.