Às vezes, tudo parece em ordem: a rotina funcionando, as pessoas por perto, os planos nos trilhos. E, de repente, uma mudança. Uma notícia. Um silêncio. Um adeus. Algo escapa do controle e nos lembra — com força — que nada permanece igual por muito tempo.
A impermanência não é um castigo. Ela é o fluxo natural da vida. Está no cabelo que embranquece devagar, no filho que muda de escola, na amiga que muda de cidade, no trabalho que já não faz mais sentido. Está no celular que quebra, no ônibus que atrasa, no pão que não deu certo. As pequenas e grandes mudanças nos visitam todos os dias — algumas discretas, outras escancaradas.
E mesmo assim, resistimos. Queremos estabilidade, garantias, previsões. Mas viver é transitar entre fases, entre inícios e finais. É aprender a recomeçar mesmo sem saber exatamente como. A impermanência nos ensina que o valor das coisas não está na sua duração, mas na forma como as vivemos.
Quando aceitamos que tudo pode mudar, e que não podemos controlar todos os aspectos nas várias dimensões que a vida nos apresenta nos tornamos mais leves, mais flexíveis, mais gentis. Deixamos de exigir tanto dos outros — e de nós mesmos. Passamos a valorizar o agora com mais presença e verdade.
A pergunta que fica é: o que você tem feito com o que ainda está ao seu alcance?
Porque o tempo passa. E tudo passa com ele. Mas a forma como vivemos pode deixar marcas que permanecem.