Viajar, inesperar o esperado…

por, Maria Rita Sales Régis
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As palavras borbulham no meu cérebro disputando qual vai debutar primeiro. Saio de Vitória pequena charmosa do Sudeste em direção a Sampa cidade da garoa, cosmopolita onde convive tribos e mais tribos em harmonia. Um fim de semana para desfrutar e estudar. Aconselho este combo a todos. Ainda no aeroporto contemplo uma pequerrucha de 1 ano e 09 meses lutando para empurrar com toda sua mini força o carrinho com as malas que quase carregam as casas de quem viaja. Dois dentes e muita valentia. Sigo o destino distraído na atenção de olhar as pessoas que passam apressadamente daqui acolá. Cabelos lilás, laranja, azuis, rosa pink, piercing, tatuagens, casacões para combater o frio que se instala neste dia 11 julho ( quinta) manifestação na Avenida Paulista, no Brasil dos brasileiros. Hotel lotado, acomodo a pequena mala que me acompanha já a algum tempo a vários destinos. Agora o sacrifício de almoçar no Sujinho, um restaurante aconchegante com jeito de boteco chique, saborear uma bisteca ao ponto para comemorar os 44 anos do homem que topou viajar na vida comigo, meu marido.
Na Avenida Paulista a manifestação toma corpo, olho curioso a tudo, faixas, pleitos, falas, ritmo e classes diversas, cada qual com sua indumentária, seu arsenal de cores, formas e força. Me meto no meio do povo, sinto a emoção dos meus tempos de militância, quando fazia coro contra a guerra do Afeganistão, a invasão do Vietnã, em favor das Diretas Já e o impeachemant do Collor. Um nó veio na minha garganta. Fazia tempo que não via o Brasil tão vivo, tão forte, tão gigante. A noitinha uma caminhada na Avenida Paulista, cheirando o cheiro que as várias vidas exalam de paixão, descoberta, temor, ousadia e me perco na floresta de livros da Livraria Cultura, surpreendendo-me por ver meu título, o Sentir, Sofrer e Surtar bem ali em uma das tantas prateleiras. Sorrio o sorriso de quem nadou, nadou e chegou a uma praia paradisíaca.
Do Leme ao pontal não há nada igual ao Daniel personificando Tim Maia no Procópio Ferreira entre a Rua Augusta e a out Oscar Freire. Mais de cem pessoas cantando Vale tudo, vale o que quiser e quando o inverno chegar eu quero estar junto a ti, valeu de tão sensacional que foi sair mais de uma da madruga revisitando emoções das décadas de 70 e 80. Sábado para fechar a viagem com chave de diamante, seguimos para a Estação da Luz, Museu da Língua Portuguesa com direito a rápida fuga na rua Bom Retiro.
Rubem Braga cachoeirense, escritor, poeta, diplomata, irônico, caçoador, retratava nas palavras o que a boca nem a expressão facial ousava falar. Um durão de doce coração. Igual a José Mauro de Vasconcelos queria morar no último andar e frente ao mar. Tenho este desejo também. Será que é anseio de escritor ter a natureza particular a inspirar sua escrita todo o tempo? Possivelmente! Um desejo simples de poder ver o mar acariciando a moldura do céu. Viagem é permitir-se sair sem nada levar, apenas o necessário. Roupa muita atrapalha, se faltar compra por lá. Livro pesa, mas é bom, faz companhia, ajuda a cochilar. Conhecer gente nova ajuda a ver os tesouros que temos renovar esperanças e não se lamentar. Viajar no espaço, no corpo, na mente, no que os sentidos conseguem alcançar.

Projeto dos 49 aos 50 anos…

Este site pretende editar um compilado com relatos de mulheres que completaram ou completarão 50 anos até dia 31 de dezembro de 2013.
O relato pretende demonstrar aos leitores conquistas, desafios, temores, sentimentos, descobertas, mudanças de curso (profissão, vida afetiva, religião, estado civil, país, círculos de amizade, início de processo terapêutico, início ou retorno aos estudos, esportes, namoro, compromissos, enfim…).

O relato deverá ter no máximo 5.000 caracteres com espaçamento.

Maiores detalhes entrar em contato por meio do e-mail: escritoramariarita@gmail.com

Mulheres uni-vos para mais uma realização.

Brasil onde está a Seleção?

Brasil onde está a Seleção?

 

Ano de muitas conquistas, ano de campo, jogos, futebol da seleção. Este artigo não se trata da nossa Seleção brasileira! Trata-se da Seleção daqueles que se propõem defender nossos direitos, anseios e interesses. A narrativa versa sobre os nossos servidores, os políticos deste nosso “Brasil, que é um sonho tão intenso o qual nos atinge como um raio vivido de amor, cravando em nossos corações uma esperança extrema que nos deixa sem ar, sem água e literalmente sem terra!!!”

Tanta boniteza em um só gigante pedaço de chão, onde toda semente floresce, onde o sol pode brilhar até 12 meses, inaugurando nestes tempos amostras do que conhecemos serem regulares em outros continentes (cataclismos, vendavais, enchentes); uma terra onde os empreendedores e os vários segmentos de negócios se expandem, pipocam, onde as iniciativas se transformam em resultados tangíveis e sem tanto planos e ensaios, o que deveria ser uma prática!!!

Mas, por outro lado o que aprendi no ensino fundamental, prevalece até os dias atuais nas escolas. O nosso Brasil ainda é apresentado, como um país em desenvolvimento…

Porque não desenvolvido? O que é que está faltando à nossa gente, em cada um de nós para mudarmos este status que insiste em aparecer nas folhas dos livros, apostilas, palavras e atitudes de forma tão recorrente?

Transitando no mercado de trabalho, nos classificados da mídia escrita, constatamos as inúmeras e árduas exigências para um cidadão brasileiro, alfabetizado, eleitor, em dia com suas obrigações poder exercer um “papel” dentro de qualquer empresa.

Há que se ter muitas competências, habilidades, atitudes (CHA), títulos, idiomas e de vez em quando uma forte indicação. É desejável também ser voluntário em algum Projeto de responsabilidade social, ter família, mas não ser muito família. Mas isto é tema para outro artigo!!!

As empresas reforçam cada vez mais seu aparato de escolha dos seus profissionais.

Na contra mão, observamos a relevante responsabilidade de escolha recair sobre uma comunidade de pessoas por vezes não tão informadas, desabilitadas, despreparadas e dispersas do verdadeiro sentido que é ARTICULAR EM FAVOR DA PÁTRIA (patrimônio e coletividade) e do seu CIDADÃO.

Também na contra mão nos deparamos com os reféns da máquina política pelos favores recebidos, sendo comumente esta lealdade garantida pela gratidão, pelas regalias decorrentes, pelo desânimo ou falta de opções concretas.

O que é ser político, servidor então? Servir quer dizer (etimologia)… – disponibilizar-se, cuidar! E sinceramente, tanto no comércio, na prestação de serviços e demais segmentos, constatamos a reduzida disponibilidade de SERVIR.

Mas voltemos ao tema Seleção. Para decidir em quem votaremos, temos 30 segundos de propostas, alguns poucos debates / confrontos que mais se assemelham a lavação de roupa suja, alguns comícios com bandas e muito barulho, passeatas, carreatas e muitas, muitas promessas, pouco planejadas e menos ainda customizadas, que se transformam em lixeiras de R$ 1.000,00 (mil reais).

Não se observa nos Concursos em geral o uso ou a prerrogativa de aplicar ferramentas de seleção aplicados na iniciativa privada que pode antever competências, predisposição, tendências, possibilidades de comportamento seja por meio de uma entrevista de seleção robusta, seja por meio de dinâmicas grupais ou uma avaliação mais acurada do perfil do candidato ao serviço público demandado. Desconhece-se a história de vida, a predisposição moral, o caráter e como estes se comportam quando submetido ao poder, os valores e anseios, a estrutura da personalidade, a formação, a capacidade de análise, como executa e obtém resultados?

Mesmo assim escolhemos (votamos) estas pessoas para conduzir nossos interesses frente aos poderes e à nação, de forma que apliquem adequadamente sua energia e expertise ao patrimônio público, fazendo uma distribuição equilibrada e justa.

Pessoas estas que se revelam medíocres, rasas e sedentas de poder, que à medida que vão exercendo seu titulo funcional no serviço para o publico chamado cidadão quem de fato contrata e remunera toda a máquina política assim como sua extensão.

Nós brasileiros, abençoados por natureza não só podemos como devemos confrontar o desconforto de incomodar o próximo, de cobrar os resultados que merecemos por sermos parte desta nação.

Nós que, privilegiados, estudamos, observamos e monitoramos resultados, a partir de uma visão sistêmica (ampliada), devemos literalmente alcançar todos que estão em nosso entorno, investindo um tempo para esclarecer, demonstrar o real e concreto para cada uma destas pessoas tenha a chance de construir uma visão mais bem  delineada deste universos de toma lá da cá.

Este é o convite. Vamos contribuir para este processo tão importante que é escolher nossos representantes. Façamos a nossa parte urgente!

Publicado no ITAG – Junho 2013

Bom Humor. Armadilha ou Diferencial Competitivo?

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Bom  do latim bônus, bôna, adjetivo. Que tem as qualidades adequadas à sua natureza! E Humor, do latim humore, pode designar tanto os quatro principais fluidos do corpo quanto a disposição do espírito que por sua vez nos remete ao uso livre de algo, ser dono e senhor…das nossas atitudes!

Bem, com isto aterrissamos no interessante e conturbado tema da matéria: Bom Humor no ambiente organizacional. Uma armadilha ou diferencial competitivo?

Compreendo como de suma importância para toda e qualquer pessoa dominar este “fluído” que externamos no embate diário das nossas vidas. Temos duas opções claras: estar bem ou mal; receptivos ou ensimesmados, encerrados em nós mesmos. É como se estivéssemos dentro dos nossos carros, dirigindo velozmente e jogando cadernos, livros, caixas janela a fora. Fatalmente acabaria atingindo outras pessoas.

Assim é o humor! Você contamina facilmente o ambiente aonde chega e, para quem nunca presenciou um confronto entre o bom e o mau humor, saibam que o bom humor amplia, ilumina, sobrepõe o mau humor que se recolhe no seu próprio pesar.

Dentro de uma organização / empresa, é de suma importância adotar atitudes equilibradas que contribuam para a cola da confiança grudar em todos os relacionamentos, proporcionando liga que gera melhores resultados. O bom humor contribui para que a confiança ocorra, a credibilidade se consolide e as relações aconteçam de forma leve e natural. Imaginem-se de seis a doze horas por dia em um ambiente onde todos estão circunspectos, rostos crispados em sua agonia, desconfiados, defensivos e pouco disponíveis. Complicado suportar por muito tempo…um ambiente adverso, pesado.

Nosso cérebro funciona melhor quando não se sente ameaçado, acuado. As sinapses/ conexões ocorrem com maior velocidade e qualidade, garantindo uma disposição para a cooperação, para o encontro e por conseguinte, predispõe as pessoas a atuarem com o que há de melhor nelas..

O sorriso no rosto é o passaporte do bom humor. Carimba aí, diz o sujeito bem humorado e parte para aquele dia munido de um documento que fará diferença em qualquer fronteira de qualquer país. O sorriso abre portas sim, transforma, amacia, nos enleva.

Veja bem, disse sorriso e não gargalhada, excesso de ruído, piadas fora de horabrincadeiras de gosto duvidosas. A palavra humor fala de comicidade, mas não de excessos que as pessoas cometem para serem forçosamente engraçadas e destroçam toda a estrutura do ambiente.

Durante uma seleção o candidato, quem é de fato, deve sim revelar seu bom humor, sem, entretanto migrar para a caricatura do mesmo, tendo atitudes que extrapolam o aceitável em um ambiente de trabalho. Penso até que o profissional de seleção perceberá sem dificuldade a “disposição individual” de cada um ali presente e a pessoa de mais bom humor decerto permitirá maior acesso às competências outras que traz na sua essência e prática de vida.
As empresas hoje têm três importantes preocupações: a de contratar pessoas que agreguem valor, que sejam comprometidas com os objetivos da empresa e que consigam estabelecer relações de qualidade, sem rusgas e nós.

Como podem ver as três estão entrelaçadas pela cola que mencionei acima que é a confiança o que redunda no importante tema que é Clima Organizacional, ou seja, a tendência, a predisposição do ambiente organizacional. Portanto, se tenho colaboradores bem humorados e com boa disposição, fatalmente meus processos produtivos serão melhores bem como os atendimentos, contatos com clientes internos e externos e fornecedores.

Há profissionais que aprenderam a associar o sorriso, o entusiasmo a felicidade a uma coisa inadequada, equivocada, infantil até, atributo dos irresponsáveis e imaturos. Mas observem que surpreendentemente a história nos mostra que as pessoas mais bem humoradas são as que possuem no seu entorno um conjunto de variáveis que conciliadas, criam um anel de força, atraindo pessoas e situações favoráveis, enquanto que o mal humorado desloca sua nuvem de relâmpagos aonde quer que vá, atraindo ao contrário situações desfavoráveis.

Historicamente aprendemos que o bom está associado ao sério e ao que é caro. Portanto qualificamos o sorriso, a alegria a condição de ser feliz a pessoas que utilizam óculos com lentes cor de rosa, supérfluas, ou seja, que vivem na superfície da vida, boiando. Com isto geramos padrões de comportamento que reforçam a crença que este modelo da seriedade, da circunspecção é o que “causa” como se referem os adolescentes ao que chama atenção, encanta.  Por esta razão o modelo “sério” de ser com seus acessórios (aparência, agenda, patrimônio, títulos) elevam os sujeitos a um status diferenciado de importância e valor. A importância é regida pelo volume de compromissos, mas isto é conversa para outra matéria.

Frente a situações adversas, guarde seu bom humor para um ambiente e pessoas mais receptivas. Sejamos suaves e discretos com aqueles que não conseguem abrir os olhos quando confrontados à luminosidade do bom humor, que preferem murmurar incansavelmente de tudo e de todos.

Na trajetória profissional conheci poucas pessoas bem humoradas. O modelo circunspecto prevalece até para garantir que o nível, o estado e condição do sujeito é diferente. Destes poucos, recordo que na vida deles prevalecia a marca do bem: bem sucedido, bem amado, bem vindo, bem promissor.

Os benefícios do bom humor no trabalho são inúmeros e mensuráveis. Quando, em qualquer empresa, o atendem com bom humor, respeito e precisão a propaganda é certa. O empresário terá um retorno fabuloso por conta das inúmeras indicações por meio dos sites de relacionamento e  quem sabe até ter um vídeo postado no youtube mostrando seu diferencial.

Ser bem humorado não significa ser uma pessoa disposta a colocar uma inofensiva rã dentro do sapato do/a colega que tem fobia de anfíbios. Ao contrário, é mostrar-se disposto, superar obstáculos, agir com sabedoria e, sobretudo elegância, pois se trata de etiqueta, de educação do conviver. É uma questão de respeito aos limites, às fronteiras indevassáveis do outro que está ali ao seu lado em inúmeros projetos na empresa.

A felicidade pode e deve ser demonstrada em qualquer lugar com parcimônia e equilíbrio. Os resultados? Exercita-se mais os músculos do rosto, a pele fica mais bonita, o cérebro mais ativo, o sistema imunológico fortalecido, a energia circula mais e melhor; as pessoas o/a recebem, acolhem com uma disposição diferenciada, enfim a qualidade de vida que se tem e que é proporcionada a  quem está no seu entorno é indiscutivelmente mais valiosa que qualquer soma em espécie.

Do que adianta completar 60 anos com um patrimônio invejável se não temos condição emocional favorável, disposição de espírito para viver e usufruir deste patrimônio?

Do que adianta ter tanto e se encerrar atrás das grades da sua alma? Fica esta pergunta para você refletir neste dia que será decerto muito agradável para todos nós.

EDUCAÇÃO, moldando o caráter da nação, aguardando publicação….

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EDUCAÇÃO, moldando o caráter da nação.

De Artífices a Profissionais – Formação e Geração de Mão de Obra no estado do ES

Bene Régis Figueiredo[1] e Maria Rita de Cássia Sales Régis[2] e José Candid[3]o Rifan Sueth

 

“Aprendizagem é mais que acumulação de fatos, provoca modificação quer no comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura ou nas atitudes e personalidade. É aprendizagem que penetra em todas as parcelas de sua existência, ou seja, inteligência emocional”

Carl Rogers

 

RESUMO.

ESTE ARTIGO pretende trazer reflexões sobre o momento político econômico da implantação e evolução das Escolas de Aprendizes em Institutos Federais no Espírito Santo; comentar razões citadas na história para a estrutura então adotada e forma de sobrevivência a priori. Em um momento posterior comentaremos a herança e orgulho da marca que influenciou e influencia gerações. Na conclusão serão feitas considerações sobre a força versus a vulnerabilidade da marca e do ideal na atualidade.

 

Palavras Chaves: Educação, Aprendizagem, Profissionalização

 

ABSTRACT

THIS ARTICLE intends to bring reflections on the current political and economic developments in the implementation of Learning in Schools Federal Institutes in the Espírito Santo commenting reasons cited in the story to the structure and then adopted a priori way to survive. At a later time comment on the brand heritage and pride that has influenced generations and influences. At the conclusion will have some considerations about the strength versus the vulnerability of the brand and the ideal today.

 

Keywords: Education, Learning, Professional

 

Reflexões Momento Político Econômico e Implantação de Escola de Artífices

 

A fim de ingressar na então trajetória da implantação das Escolas de Artífices faz-se necessário retomar a um momento do Brasil onde a prática da escravidão tinha um fim histórico, o aumento da população nas cidades, sobretudo a pobre, dita então raças inferiores pelas teorias racistas advindas da Europa (escravos libertos, mestiços, indígenas), a solução nacional encontrada visando o embranquecimento da raça, melhorando assim nossas possibilidades como nação, a criação de postos de trabalho e o quantitativo relevante de crianças em condição de risco (desvalidos, renegados, abandonados), a rejeição do trabalho manual por ser considerado específico da cultura escrava se instalava de tal forma, carecendo de uma intervenção pontual para modificação deste cenário.

(apud.SUETH, 2009 pp 36) Rui Barbosa de Oliveira, um dos principais idealizadores do ensino industrial no Brasil dizia que “a instrução do povo, ao mesmo tempo em que o civiliza e melhora, tem especialmente em mira habilitá-lo a se governar a si mesmo”.

Todos estes, foram aspectos determinantes para a implantação das Escolas de Aprendizes Artífices em todos os estados pelo então Presidente do Rio de Janeiro Nilo Peçanha remontando o modelo do Colégio de Fábricas de 1809 criado para acolher os órfãos da Casa Pia de Lisboa que proporcionava o ensino de um ofício dentre os tantos demandados e a posteriori inseria o ensino das letras, alocando de forma digna esta população.

O foco do Presidente Nilo Peçanha foi sobretudo o favorecimento da classe proletária, oportunizando sua escolarização, profissionalização e condições mínimas de vida digna.

O principal critério de seleção para o ingresso nas Escolas de Aprendizes Artífices (EAAs) era ser destituído de recursos – “desfavorecido de fortuna”.

O Espírito Santo em 1909, figurava em plano secundário na política e economia brasileiras mesmo se destacando na produção de café. Neste período já se fazia sentir a necessidade de identificação de jovens e qualificação do proletariado em atividades que viriam a ser demandadas pela crescente população e implantação das indústrias que já sentiam carência de mão de obra. A violência atribuída à ociosidade foi uma variável que requereu dos governantes um posicionamento assertivo.

Foram muitas e distintas as variáveis as quais requeriam uma estratégia exitosa que assegurasse tanto a nação e o estado do Espírito Santo.

Estabelecido em uma zona considerada “das elites”, foi iniciado no Parque Moscoso o projeto de acolhimento de menores para a escola primária e a de desenho assim como as oficinas de Carpintaria, Marcenaria, Sapataria, Alfaiataria, Ferraria e Fundição e Eletricidade.

 

A herança e orgulho da Marca – Escola Técnica do Espírito Santo

 

O Estado Novo foi ao mesmo tempo autoritário e modernizador (Fausto, 2007: 91). Neste aspecto da modernidade diferia de regimes do tipo de Salazar, em Portugal, de um paralisante conservadorismo, ou do regime de Vichy, com seus apelos bucólicos a um idílico mundo pastoril[4].

Getúlio Vargas não poderia endossar tais pontos de vista, pois a postura nacionalista não poderia admitir que a raça brasileira fosse ameaçada pelos que constituíam a maioria do povo. A política oficial do governo assumiu a ideologia da unidade das três raças e encarou a raça como um conceito mais cultural que biológico.

O Brasil assim assumia sua condição de democracia racial trazida por Gilberto Freyre em Casa Grande e Senzala, adornando sua nação do orgulho suficiente ao confronto com os que se diziam superiores. O importante era que existia uma identidade nacional que fazia comungar costumes africanos, indígenas e brancos, fazendo com que o país se tornasse referência da convivência harmoniosa inter racial. Sabe-se que a história foi mais bem complexa e difícil do que se apresenta aqui, no entanto não cabe aprofundar esta questão.

Traz-se o orgulho, a identidade nacional para introduzir quão prestigioso era estudar na Escola de Aprendizes e Artífices de Vitória. O Jornal Diário da Manhã publicava em sua tiragem antes mesmo da inauguração da escola, os alunos matriculados. Assim principiava a trajetória dos “jovens titãs” que marca o estado do Espírito Santo até os dias atuais.

Décadas adiante o estado já contava com indústrias nos segmentos de tecelagem, metalurgia e siderurgia. A Escola continuava avançando em seu propósito, acolhendo jovens de menor recurso, hospedando-os, alimentando-os, escolarizando-os, profissionalizando-os dando condições enfim para a formação de um caráter diferenciado, erradicando a condição de miséria muitas vezes instalada nas suas vidas.

Durante a Ditadura Militar, a Escola de Aprendizes passa a ser chamada de Escola Técnica Federal do Espírito Santo, justo pela natureza de formação técnica dos cursos ofertados

Estudar na Escola Técnica era sinônimo de pessoas que tinham aptidão diferenciada, rara inteligência, com musculatura para suportar pressão, disciplina e respeito à hierarquia estavam presentes advindas da cultura militar. Uma variável que precisa ser citada aqui e que sobrepujava os demais núcleos de educação da época era a notável excelência dos professores que tinham um perfil que os distinguia da média geral.

Apesar da denominação modificada por duas vezes consecutivas para CEFETES – Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo e por último para IFES – Instituto Federal do Espírito Santo, tendo permanecido na memória popular capixaba de forma contundente a denominação “Escola Técnica” que prevalece até os dias de hoje. Pode-se refletir de duas formas:

1) Que o período (1965 a 1999) marcou notadamente tanto os que ali estudaram quanto a população capixaba, o mercado de trabalho e o segmento industrial.

2) Que a identidade atual carece de um pronunciado e robusto trabalho de imagem exógena de forma que a força e ideal do atual “IFES” seja preservado da segregação e fragmentação pela inserção de Escolas de menor porte, tanto histórico quanto em competência técnica, as quais ganham espaço e sequestram das salas, laboratórios e oficinas do IFES, alunos, inclusive os de menor condição sócio econômica, desviando a Instituição do seu ideal primário e essencial.

 

Conclusões – Tudo junto e misturado

 

Pode-se considerar que foi indiscutivelmente um ganho real o IFES extrapolar dos seus objetivos iniciais formando artífices, técnicos para a formação do ensino superior. Cabe uma importante reflexão: O foco, a excelência e a competência dos docentes nesta condição estão sendo preservados? Acompanham a evolução?

Na teoria da espontaneidade de Jacob Levi Moreno que estudou dinâmica e grupos, quando uma imagem e uma prática estão consolidadas diz-se que tornou-se “conserva cultural”. Para alterar, modificar a permanência há que se fazer uma intervenção mantendo, no entanto a essência. Muda-se a forma preservando o conteúdo.

Há que se ter por parte de todo aquele que ocupa um lugar no universo IFES trabalhar as crenças, os motivos que o fazem permanecer na Instituição, o conhecer mais profundamente este “lugar” para que o repasse destes elementos se dêem de forma exitosa no público de hoje que difere sobremaneira dos jovens oriundos do interior do estado, sem perspectivas, sem direção mas que se desdobraram e fizeram da Instituição o que hoje ela se faz apresentar.

A prática deve persistir, a essência deve capturar cada vez todo aquele envolvido no processo do dar e receber conhecimento, técnicas e norte de vida.

 

Referências

 

SUETH, José C. R – MELLO, José Carlos – DEORCE, Mariluza Sartori – NUNES, Reginaldo Flexa. “A Trajetória de 100 anos dos Eternos Titãs – Da Escola de Aprendizes Artífices ao Instituto Federal”, 2009

CUNHA, Luiz Antônio. “O Ensino Industrial Manufatureiro do Brasil SP, Brasil Revista Brasileira de Educação, mai-ago, número 014 pp.89-107

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

Site http//www.mte.gov.br – Lei e termos Projeto Jovem Aprendiz

 



[1] Professor do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Serra.

[2] Mestranda – Mestrado de História PPGHIS/UFES

[3] Professor do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Vitória / Orientador do Artigo

[4] Igualmente o discurso racial, do Estado Novo, segundo Boris Fausto (Fausto, 2007: 130), afastava-se do fascismo, ao menos em sua versão alemã. A ideologia nacionalista do regime procurava enfatizar as qualidades do homem brasileiro, ressaltando suas características sociais e seus atributos políticos. Ainda aí, verificam-se dissonâncias nos discursos de importantes ideólogos do regime: Oliveira Viana e Azevedo Amaral. Oliveira Viana insistia na pureza da raça ariana, que vinha resistindo à contaminação pelo sangue bárbaro de negro e índios. Azevedo Amaral acentuava o parasitismo dos mulatos e defendia a abertura das portas do Brasil à imigração branca.

Mulher de ontem, hoje e toda uma vida…

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Mulheres, todas elas, de invisíveis a presentes em todos os cantos, espaços e pensamentos quiçá nas preocupações de tantas mentes que não sabem como percebê-las. Na alma o anseio de apenas ser, conhecer, descobrir, surpreender, frutificar e marcar. Ser identidade, ser única ser alguém de ninguém. Mulher do suor da tua labuta frutificam sorrisos, olhares, suspiros, inveja e alucinações.

Muitas vezes lutamos até sozinha por algo que acreditamos. O que é nosso, faz parte da nossas vida não precisa revirar nosso intestino. O que faz parte da nossa vida vem com suavidade e de forma completa. Se estás lutando muito, PARE, ouça, olhe atentamente e ESPERE. Os nós serão desfeitos, as oportunidades surgirão e as portas se abrirão, mas é preciso não lutar contra sua própria alma.

Seu coração e sua alma sabem aonde é o seu lugar, qual a sua profissão,  o que te faz bem, mas a SUA VONTADE as vezes imperiosa luta para modificar o que já está pronto.

PARE e deixe o que te pertence se achegar.

Você suscita, reclama, intimida, ilumina o ser de quem norteia sua vida, caminhada e percurso. Congratulo a todas neste dia que disseram nosso. Esqueceram dos outros 364.