VI Semana 05 a 07 de Maio de 2014 – Estágio aos 50

Segunda amanhece. Banho rápido e silencioso antes que as 09 beldades acordem. Duas já saíram bem cedo (6hs). Sigo para sala de desayuno (café da manhã). Luminárias japonesas gigantes, coloridas, mesa de madeira demolida (lembro da Andreia Dadalto), computadores, telões, som, cartas de baralho, jogos, máquinas de café, suco, tudo colorido, jovens de todos os tipos, cores, etnias, culturas e costumes pelos corredores.

Contemplo sorrindo por dentro de felicidade. Sou um ser de 50 anos no meio da garotada e eles nem me distinguem.  Sorriem, cumprimentam apesar da tinta do cabelo já ter vencido.

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Pergunto a uma colega (jovem coroa como eu) de quarto se ela vai para o mesmo congresso que eu. Me dá uma meia resposta e vejo que a minha jovialidade a incomoda. Bem, vou sozinha….rsrsrsrrs

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Chego, me apresento, credencio e assisto às palestras que se sucedem num manancial de aprendizado para mim. Como que está tudo tão entrelaçado. Incrível! O povo da USP impera aqui no Congresso. Parabéns brasileirada. Os pós doc se desdobram para fazer do encontro algo inesquecível. Mas vejam bem: não tem café, não tem mesas gigantes de lanches (ninguém reclama), são 2 intervalos de 30 minutos e um para almoço (2h e 30). As apresentações se estendem até as 20:45 e o povo fica, discute, debate. Fiquei mais uma vez maravilhada com a produtividade de capital intelectual. Tanto os apresentadores quanto o público, a assistência maioria de doutores e pós doc. Atentos, respeitando e levando a sério os trabalhos que sucediam como ondas no mar. Lembrei de Lulu Santos.

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Cansada, paro para um lanche. A garganta reclama. Fase da tosse, secreção tudo junto. Desconforto na garganta. Me aguarde vick. Chego tomo banho, muito vick e cama. Uma colega se aproxima e pergunta se preciso de algo. Digo em inglês o idioma que predomina para nos comunicarmos no espaço, que está tudo bem.

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Cansada, paro para um lanche. A garganta reclama. Fase da tosse, secreção tudo junto. Desconforto na garganta. Me aguarde vick. Chego tomo banho, muito vick e cama. Uma colega se aproxima e pergunta se preciso de algo. Digo em inglês o idioma que predomina para nos comunicarmos no espaço, que está tudo bem.

Dou uma olhada da varanda e que linda a cidade a noite. Deito e capoto de sono. Na madrugada acordo. Fico olhando a penumbra, roupas penduradas nas cabeceiras da cama, mochilas espalhadas, um ronco aqui um suspiro lá. É preciso ser completamente desapegado, tolerante e apreciar o diferente para viver uma experiência de tantos encontros ao mesmo tempo. A chilena minha vizinha de cama parece uma princesa, não se mexe. Ao lado do travesseiro um livro enorme com mais de 650 páginas. Parece um romance. Não, não vi agora na penumbra, vi antes dela apagar a luz de leitura.

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Terça, segundo dia de Congresso. Separo um horário sem prejuízo dos temas que quero ver e vou visitar o Park Guell, famoso pela história e conjunto arquitetônico. Caminho respirando cada detalhe por duas horas e meia. Penso em como minha filha amaria isso aqui, ainda mais que está estudando esse tema. E o marido, caminharia sem cansar. Lá em casa temos dois com alma de artista, plenos diante das expressões de Arte e eu que me considero uma artista pragmática, no entanto passo ao longe de Salvador Dalí, Picasso, Frida, Mestre Vitalino. Rsrsrsrsr

Passo no albuergue, faço a troca do quarto, tomo uma banho de rainha, aproveitando que as 3 colegas do novo quarto  ainda não chegaram. Saio para almoçar uma paella mixta em um restaurante chamado IDEAL de um indiano em uma rua estreita próximo à Universidade.

Quando as apresentações terminam os professores e colegas de Portugal vão a um restaurante. Eu por zelo não os acompanho. A garganta reclama e não posso correr o risco de passar mal, perder o avião, enfim…Não seria uma boa companhia com tanta tosse.

Eles seguem o rumo e eu volto pela mesma rua. Paro para comer duas empanadas argentinas na pizzeria que é de um chileno e uma paraguaia. Mas até alfajor tem, comento. Ela sorri e pergunta como faz caipirinha. Lembro do Juca, do Marcelo, especialistas e recito a receita deles. Ela diz que conhece Vitória, Guarapari, Jacaraípe. A mãe tinha uma amiga lá. Após um bom e breve papo, sigo para o albuergue, arrumo minha bolsa e banho para renovar as células da minha jovem, mas cansada pele.

Quarta 3 e meia, desperto tossindo muito. Bebo água e controlo a respiração para amenizar. Daí para 4 e 30 min não dormi mais. Assim sendo levantei, tudo preparado, desci para devolver a chave. O jovem me devolve 01 euro pela chave devolvida (uma recompensa). Tem um café da manhã a disposição (sucos, galletitas/biscoitos tudo acondicionado) para quem sai antes das 8h.

Ando os quatro quarteirões que me separam da Plaza Cataluña e alcanço o Aerobus. Em 20 minutos chego no aeroporto terminal 01.

Caminho lentamente pela extensão que me cabe. São 890 guichês de check in e contei até 61 portas de embarque. Aqui o povo está preparado para receber mesmo. O desenho do aeroporto facilita o deslocamento e a área de Duty Free é bem atrativa. Quem gosta de comprar morre de felicidade aqui dentro.

Embarco, subtraio 01 hora do relógio para acertar com Lisboa que é uma hora menos que Barcelona. E…durmo, algumas tossidas ressonantes e de novo durmo. Rememoro o que planejei e realizei inclusive financeiramente. Cumpri todo o plano. Investi exatos 150 euros e 54 cêntimos. Não deixei nada para trás. Amo quando consigo focar minha agenda e projetos. Amo de verdade. Porque coisas, eventos e pessoas para te tirar do rumo tem um punhado. Temos que cuidar mesmo. O trem é sério!

V Semana 01 a 04 de Maio de 2014 – Estágio aos 50

 

Quinta, 20 anos sem Airton, menino rico sim…mas que sempre honrou por meio do seu trabalho, empenho o nosso Brasil. Dava gosto assistir a corrida e ao final escutar o tema acompanhado do comentário vibrante do locutor: Ééééééééééé Airton Senna do Brasil. Por meio das corridas o Brasil estava presente. no dia de tanta gente que o acolhia em suas casas e corações.

 

Sentia felicidade por esse fato, da presença brasileira sem ser por outros motivos que por vezes envergonham a cada um de nós.

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Dia de sol. Desci com um lenço, bolsa para piquenique e meu inseparável livro. A cidade está tranquila. Atravesso o parque, dou uma volta completa e estendo o lenço debaixo de uma árvore onde poderei desfrutar da sombra/sol . Gradativamente sento, deito,  estico esse corpo fofo que tenho, o sol sorri e acaricia minha pele. Contemplo o pato mergulhando, os cachorros da mesma forma atrás da bola que a dona lança ora no lago (limpíssimo), ora na grama (limpíssima), duas famílias em pequenos barcos remam preguiçosamente ao redor do lago. É tudo muito lindo, muita paz. Abro meu livro  avanço algumas páginas sem deixar de me deleitar com os comentários das crianças sobre os pais remando, as pessoas patinando, caminhando, namorando. O entorno me faz lembrar de como seria bom desfrutar de tudo isto com Bene e Paula. Lugar perfeito para um piquenique da família.

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Lancho, leio, olho, cochilo, sorrio. Duas horas se passam ao sabor da brisa e o calor do sol então vejo que é hora de retornar.

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Animada ponho roupas para lavar, limpo o meu castelo, organizo material da viagem e vou fazer meu almoço. Já passam das 17hs.

Vou ao Alvaláxia desfrutar de uma fatia de pizza na loja do Juliano (SP) que está aqui há 12 anos e não pretende voltar. Um pássaro na outra mesa me faz companhia. Sou privilegiada mesmo.

Ele passeia pela bandeja, olha para mim, pia, belisca mais um pouco do que sobrou na bandeja…..

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Após a refeição retorno para residência, separo o material que produzirei na sexta. Fico até bem tarde lendo. Resolvo uma pendência de um cliente e falta apenas entrevistar para uma seleção via Skype o candidato. Sábado devo fechar esse tema.

Sexta, olho pela janela as 6 da manhã. A rua ainda tranquila. Sento e dedico tempo a escrever um resumo do que li e entendi ontem.

Saio decidida a tomar um bom e reforçado café. Mas a garganta arranha, reclama. Penso que com tanta mudança de tempo (quente x gelado) ela até que aguentou bem. Uso e abuso de laranja. Passei todas as roupas, guardei. Ajudei a Jacqueline a ordenar o que estava passando. Fiz meu almoço e o de outro colega que estava passando mal.

Por volta das 17hs eu e Jacqueline paramos para almoçar. Conversamos um bom papo enquanto desfrutávamos da deliciosa comida que tanto eu quanto ela fizemos. Roberto chegou e nos acompanhou na refeição. Cada um desfrutando das delícias que o outro fizera.

Toda a tarde (18 e 20h) pus em dia meus escritos. Sai da sala de estudos 23:30. Banho, garganta doendo, arranhando…amanhã tenho que resolver isso. Durmo, acordo com o Skype chamando: o candidato que aguardava para entrevistar. Aqui 24h, no Brasil 20hs. Consegui conversar bem, esclarecer. Sábado serviço concluído com certeza.

Acordo cedo sábado com o som de vozes vindo da cozinha, televisão na sala de estudos. Escuto as juntas e ossos estralarem quando os movimento de um lado para outro, lembro dos esqueletos nos filmes quando me espreguiço e dano a rir. Ataque de bobeira. Dia começa bem, rsrsrsrs

Tomo café com Biodum que vai para universidade e em seguido sento para dedicar um tempo ao Diário – Estágio aos 50 pois atrasei um bocado com a agenda da última semana. Mas fica fácil uma vez que anoto tudo na agenda.  Atualizo e agora é esticar o corpo para voltar ao livro e antes de dormir preparar toda minha agenda de Barcelona. Além do Congresso quero conhecer a obra de Gaudi, Les Ramblas, Praça das Olímpiadas, Barceloneta….

Domingo 6 e meia, sigo para o aeroporto. Embarco pela Vueling as 9, destino Barcelona.

Quando o avião sobrevoa a cidade não passa desapercebido a arquitetura diferenciada. Uso o trem para chegar ao meu destino. Chego no Hotel onde fiz reserva, apesar de terem mandado e-mail, informando que me mudaram de filial por ausência de vagas. Com calma converso com um rapaz que não me dá atenção. Sem problemas, mantenho meu argumento que quando reservei pela internet foi aceita a vaga e confirmada naquela unidade. Disse que tinha o e-mail completo com toda a conversa. Ele deu-me um cartão para acesso a internet de forma que baixasse o e-mail. Ainda assim não deu muita atenção. Sara acompanhando todo o atendimento, entrou na conversa, mostrando maior interesse em resolver. Observei o rapaz, atendendo jovens americanas e a disposição dele mudou por completo. Deve estar no período do ápice hormonal, não deve ter pai nem mãe. Bem, após 95 minutos a Sara enfim encontrou uma solução e para ficar teria que fazer algumas concessões, tipo ficar com um quarto com um número superior ao que tinha reservado (6 para 12) e no último dia eu mudaria para um de quatro camas. Topei pois ficar ali para mim significava ficar bem próximo a tudo que eu tinha planejado ver e sem gastar com deslocamento. Perto da Universidade de Barcelona, perto das construções de Gaudi incluso a Basílica da Sagrada Família, Les Ramblas enfim.

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Ainda no domingo quase 4 da tarde embarquei em um desses ônibus de turismo. Dica da Sara (Hostell Equity Point Center no Passeig de Gràcia). Via todo a linea azul e depois a roja (vermelha). Contemplei os pontos do lado alto da cidade bem como os novos barros Barceloneta, todo reformulado e Vila Olímpica, aproveitamento dos edifícios construídos para acomodar os atletas de após as Olimpíadas. Cheguei ao Hotel quase 9 da noite após um pequeno lanche, pois não havia almoçado. Foi o tempo de tomar banho e dormir. Deitada esperando o sono cumprimentei as pessoas que lá estavam. Meninas/Mulheres 12 ao todo da Polônia, Alemanha, Argentina, Hong Kong, França. E.U.A, interior da Barcelona, México e Chile. Era o mundo em um quarto. Da porta de vidro avistava-se a Casa La Pedrera (A.Gaudi). Após uma breve interação durmo. Vivendo o que deveria ter vivido aos 18 ou 25 anos. Mas esses experimentos não tem idade, basta ter disposição de viver o diferente.

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V Semana 28 a 30 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Esta semana promete. Tem resumos para Congressos por aqui, tem atividades e a leitura que não posso sair do plano de 37 a 40 páginas dias para ler tudo que tenho que ler sem contar o que vai surgindo.

Agenda repleta de segunda a sexta. Vamos viver. Anoto atividades principais e deixo espaços para o que for surgindo. Preciso nesses casos exercitar a prática da priorização, relação custo benefício.

Bem a segunda começa acelerado. Alcanço o capítulo III do livro e comemoro, pois o entendimento é imediato. Sem retornos, sem me sentir pamonha. Esse tipo de construção textual até preserva a auto-estima.

Almoço na residência para economizar mesmo, além do que o feijão que fiz está delicioso. Faço uma paragem no gabinete rápida mas as 17hs vou para o Seminário de Historiografia do Porf. Temístocles Cezar (UFRGS). Ele chega tranquilo, escreve um texto de Machado de Assis (1902) e inicia sua explanação sentado, calmo, lendo, saboreando cada palavra compartilhada conosco. Finalizamos às 20hs pela riqueza dos debates. Nos dias 29 e 30 terei todo o tempo para beber dessa fonte, pois o Seminário  Res- pública e Historiografia promete.

Eu e minha co-orientadora articulamos entre idas e vindas um Resumo par participar de um Congresso aqui em Novembro. Trabalhando com afinco, mas procurando saber o porque das coisas em todos os passos.

Terça ensolarada, o dia promete ser quente (29º). Quanto mais quente o dia mais gelada a noite. Me dirijo a Biblioteca Nacional e a abertura do seminário ocorre 9:45 min com o Prof.Christopher Charle, da Sorbonne – Paris. Ele apresenta slides sem imagens, efeitos, tranquilo discorre sobre o tema Historiografia na França e fico contente pois consigo quando não entender literalmente as palavras, compreendo o contexto. E viva meus professores do Centro Línguas Ufes (Marcôs, Diego e Bartira). Dia 02 a prova é definitiva, Paris me aguarde.

O dia transcorre esplendidamente, com o que li do livro Escolas da História consigo me situar sobre o que vão falando cada um dos Professores e debatedores. Sensacional!

Observo sorrisos e tensões quando se fala de um ou outro autor sacralizado com suas teorias encasteladas e consigo perceber. Isso que me deixa plena.

No intervalo da tarde para almoço (15h) permaneço ao lado do auditório e venço mais dois capítulos do livro. Quero terminar antes de ir para Barcelona ao Congresso de Geocrítica.

A parte da tarde promete…começa com Prof Diego Ramada Curta que fala do Brasil, de Gilberto Freyre, expressando seu saber e convicções de forma contundente. Começa dizendo que se sente esmagado por tanta formalidade. E aí segue seu tema apaixonadamente, diria.

A tarde ocorre uma sucessão de Professores com sangue, energia e cor. O último Fernando Cartroga me deixa boquiaberta a forma como transita no tempo, falando do tempo histórico e postulado sobre o tempo presente. Uma loucura de bom.

Saio dali contente pois vi, ouvi e tive exatamente o que esperava. Prof Jorge oferece boleia (carona) e o acompanho na breve distância que separa a Biblioteca Nacional da residência.

Animada entro em casa. Desfruto de um maravilhoso banho e por fim falo com minha família. Primeiro Bene e depois Paula com quem converso até 2 da manhã (no Brasil 23hs). Desconecto o skype mas não consigo desconectar-me. Olho para o teto, vou até a janela, contemplo a rua silenciosa que ora ou outra um carro ensurdece, e nada do sono. E aí que sinto um aperto no coração, um sentimento de despedida, de ponto final…o coração dispara. Fico quieta repassando os dias, as semanas, o mês que hoje completa e vagueio no pensar. Indagações surgem na minha mente mas não quero muito dar ouvidos. Será que estou me despedindo, alma inquieta, teclo uma mensagem para Bene no zap zap. As luzes ainda tímidas rompem na alvorada, 4 e 15 da madrugada, deito e enfim consigo dormir.

As 9 salto da cama, tomo um banho para terminar de acordar, mas ao contrário do que penso não tenho o corpo nem a mente cansada. Penso que a adrenalina do dia impossibilitou o descanso antes das 4.

O primeiro palestrante precisou enterrar um parente e não compareceu. Ficamos com o horário folgado e assisti a três apresentações bem interessantes, sobretudo a do Prof. Sérgio.

Almoço com o pessoal do gabinete e sigo para o IGOT. Hoje teremos três seminários: Metodologia em Geografia Histórica – Cartografia com o Professor Francisco que fala mais rápido que um furacão; Sobre segregação habitacional e Habitação, Políticas e Experiências (Zonas Especiais de Interesse Social- ZEIS da Kati).

Assisti a todos, fiz anotações inúmeras e no feriado processo as informações. Hoje também encaminharei o Resumo para o congresso que já está na 9ª revisão, uma análise e uma matéria para Tribuna (Márcia e Dayane). Gosto quando há demanda no Jornal, assim treino cada vez mais minha escrita.

Foi uma semana, até aqui, corrida, mas superprodutiva. Agora deixá-los-ei para avançar mais um capítulo.

IV Semana 24 a 27 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Rotina mantida, dia parcialmente nublado. Fico toda a manhã debruçada no livro. Estagnei em uma parte do texto. Desenho outro diagrama para entender, mas a cada nova frase o autor do seu brilhantismo cerebral consegue confunde retroagir minha compreensão. Mas persisto e insisto, passo adiante somente depois que entender…

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A persistência me vale muito nessas horas. Avancei um pouco mais, sabendo o que estou digerindo.  Quando fico cansada, olho pela janela e respiro esse ar maravilhosamente puro.

Horas passam em carreira e 14h, inicio o preparo para sair, sentir a rua, a brisa fria na pele. Cheguei ao gabinete 14:50. As colegas estão lá e converso sobre o livro.

Vou ao Centro de História pedir ajuda e conheço o Tiago, super gentil que entra no site da biblioteca para procurar títulos que podem nesse momento desanuviar minhas dúvidas e bingo: Escolas Históricas e Micro-História. Passa os códigos e me dirijo a biblioteca desta vez com Marina para retirar os livros que me convida para assistir as comemorações de 25 de Abril.

Quase 20h, vai haver festa no Terreiro do Paço. Só que o frio aperta e digo a Marina que vou para casa. Agarro os dois livros e já tenho em mente o que farei nesse pré-feriado (mais um dia).

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Para variar termino meu dia debaixo do edredom, fugindo do frio, lendo…  Sexta amanhece brilhante. Os céus prepararam um dia lindo para os patriotas festejarem sua pátria. São 40 anos de livre expressão e vencendo uma forte crise que se abateu não muito diferente da que teremos em breve pelos desmandos e medidas descabidas com dinheiro PÚBLICO. Aqui sabe-se que a economia brasileira vai bem, obrigada, empregando pessoas, mas o volume de dinheiro que vem sendo desviado, uma hora vai fazer MUITA alta no caixa…saúde, habitação, educação e sobretudo segurança.

Pela manhã assisto uma maratona passar aqui em frente, estilo maratonas em Vitória que são tão lindas, com tantas pessoas. Estudo um tanto, ponho minha semana em dia e as 14h me preparo para comemorar as 12 folhas que faltam para terminar o livro e a vitória dos portugueses que também a minha, pois nesse momento estou aqui. Vou de ônibus para olhar o movimento nas ruas. Tudo lindo colorido de verde e vermelho, cravos por toda a parte. O povo saindo dos edifícios com bandeiras no corpo, cravos nas lapelas, nos cabelos. Aqui o cravo-vermelho é o símbolo da Revolução dos Cravos, que aconteceu em 25 de Abril de 1974, uma data celebrada todos os anos e conhecida como Dia da Liberdade.

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Chego na Praça do Saldanha e o motorista avisa que é a última paragem. Daquele meu jeito, sorriso aberto, agradeço e saio a caminhar em direção a concentração. Minha garganta aperta, soluça, lembro das inúmeras passeatas e movimentos que participei na minha juventude na Presidente Vargas/RJ e sobretudo das Diretas JÁ, um movimento grandioso, lembro da caminhada em Vitória/ES em 2013 que mesmo com inflamação na musculatura da perna direita impossibilitada de caminhar, fiz questão de ir até a UFES e caminhar até próximo a ponte.

Quando o povo de forma equilibrada se reúne para reivindicar o que lhe é de direito a expressão do conjunto é divina. Que outra forma seríamos ouvidos senão em conjunto.

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Sento e contemplo toda a movimentação, aguço meus ouvidos para alcançar os comentários, os sorrisos, as perguntas das crianças, as respostas que os pais se preocupam em dar com riqueza de detalhes. Duas miúdas vem na minha direção e colam no meu casaco o sêlo oficial da comemoração. Agradeço e peço mais um para colocar na minha agenda. Elas sorriem felizes e entregam o selo.

Três horas em ponto o povo começa a se organizar. Vários sindicatos. Eles se organizam sem barulho, sem confusão. As alas vão se posicionando para a caminhada de 3.5 km.

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Ala somente de jovens comunistas gritando abaixo o facismo (soa faxismo); outra somente de miúdos (crianças); a seguir a de maduros, provavelmente os jovens de 40 anos atrás, muito dignos, em silêncio, altivos e firmes nos passos, outra ala de intelectuais, atores, atrizes, media (mídia). Fui transitando no meio deles por toda a caminhada. Emocionada vi ao longe um lindo cão que me lembrou Rintimtim, um pastor alemão que tive aos 5 anos de idade junto com meu tio Barretinho (exemplo de homem, marido e pai). Sem titubear me aproximei e admirei o cão. Ele olhou para mim. Sorri e pedi ao dono se poderia tirar uma foto com Emanuel (nome do cão). Aí está o resultado.

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Depois dessa alegria, continuei caminhando ao lado do tanque de guerra que parava entoava o Hino da Liberdade, cuja letra é de Zeca Afonso: (Grândola é uma vila de Setúbal no Alentejo).  Link: https://www.youtube.com/watch?v=gaLWqy4e7ls&feature=kp

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

E eu lá firme. Fui até o terreiro do passo e aproximando-se das 7 ou 8 da noite (ainda sol brilhando) o helicóptero começa a sobrevoar o Prédio do Carmo, palco do evento original e lança uma chuva de cravos (https://www.youtube.com/watch?v=XUPM4EGY51Q). Lindo de se ver ao vivo.

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Retornei para casa lembrando do casal de maduros que assistiam com fervor, bradando as bengalas ao som do Hino. A chegada grandiosa ao Terreiro do Paço  pela Praça da Figueira, Rua do Ouro e da Prata. O sol já se preparava para recolher-se, mas os raios fulguravam no céu contrastando no Rio Tejo.

A volta foi demorada…muita gente nas ruas e os autocarros tinham mudado seus itinerários. Mas enfim cheguei. Encontrei o pessoal na cozinha., desfrutei da companhia deles, lanchei, quarto, banho (nessa ordem) e para descansar as poucas folhas que faltam do bendito livro.

Sábado ensolarado, bem cedo acabou meu sofrimento. Li as quatro últimas páginas, mais referências e tudo mais. Respirei fundo e gritei bem alto: hu…hu… terminei, terminei. Livre para começar o outro Sobre escolas Históricas  (G.Bourdé; H.Martin) que peguei na biblioteca. Tenho até dia 9 de maio para devolver. Tenho que correr.

Manhã estudos começo o outro livro e noto que esse é bem objetivo, claro…delicio-me. As 15hs tenho compromisso. Sigo para a estação do metro e encontro a colega que me acompanhará. Chegando na estação das barcas, conversando sem parar, distraio e com toda elegância que sou capaz caio de joelhos no ressalto que separa a rampa do barco. Queda linda, linda, linda. Joelho ardeu, calça jeans agora em um estilo mais casual pelo leve rasgo do joelho, enfim, 50 ao chão. Notei que o tempo entre a queda e a recomposição do esqueleto, demorou mais e pedi a melissa para me dar a mão. Será que esse fenômeno quer dizer algo? Bem…o fato é que continuei conversando, sorrindo apesar da dor e da rótula  reclamar.

Destino Almada, atravessamos o Rio Tejo para desfrutar do chá de bebe da Dani, uma brasileira linda que conheci aos 14 anos e agora testemunho sua família florescer.

Encontros, reencontros com pessoas muito queridas, conversa boa, alegria no ar. A comemoração foi linda. O Rafael e a Dani formam um casal bem bonito e Joaquim (estabelecido por Deus) chega para constituir essa família. A Dani é a proprietária do Restaurante brasileiro onde almocei uma deliciosa comida na Estação de Picoas.

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Voltei de boleia (carona) com pessoas que estavam na comemoração. O trajeto a conversa fluía alegre e foi tudo muito lindo e bom.

Passava das 23h, Melissa (historiadora vai de metro) e eu prefiro aguardar o autocarro (ônibus), apesar de ter passado um no minuto que me despedia do pessoal.  Avenida da Liberdade, gigante, sigo caminhando lentamente  e encontro a Globo de Portugal. Passados os 20 minutos indicados no placar da paragem (ponto) e pontualmente lá vem ele vem poderoso para me levar para casa (rsrsrsr) o  736.

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Banho e cama. O que posso querer mais depois de um dia como esse.? Animada com o livro.

Domingo ensolaradíssimo…leio sem parar, avanço capítulos como quem bebe água. Assim leio em menos de 2 semanas. As 10hs uma parada para ir até a igreja com Biodun. Lá vamos nós conversando animadamente. Finalizando o culto pergunto a Biodun se ele não gostaria de caminhar até o Campo Pequeno (estação de metro) onde tem um Shopping bem legal e um Supermercado pois ambos queremos comprar frutas. Ele topa e seguimos. Biodun quase não sai do ritmo universidade, residência, igreja e o inverso. Ele pouco conhece aqui, pouco caminha. Falei que ele precisava conhecer pois quando retornasse com Laide a futura esposa, saberá aonde levá-la. Ele pediu que tirasse algumas fotos bem legais. Compramos as frutas. Voltamos de autocarro (Biodun só usa o metro quando vai para Igreja, para Universidade vai caminhando). Ficou encantado com o passeio.

Após o almoço um bom filme no canal 55 e leitura para que te quero.

 

IV Semana 21 a 23 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Segunda nublada regada a muita chuvosa, e as férias continuam…Aproveito a parte da amanhã para organizar o quarto. Depois preparo um café caprichado para aguentar até a tarde sem intervalo.

Retorno para o quarto e me debruço no livro até finalizar o segundo capítulo. O livro vai e vem tornando-se confuso as vezes. Quando penso que aprendi, desfaço o raciocínio diante de uma informação confusa…

Amo e odeio o autor, pois me faz retornar inúmeras vezes a alguns parágrafos. Sinto-me limitada, enfim. Continuo a batalha, sigo adiante como Joana D’arc.

Não percebo o avançar da hora. Paro as 16hs. Faço meu almoço e as 20hs finalizo o enigmático Capítulo II. Às 21:40 vou um dos rapazes, colega da residência ver Caçadores de Tesouro. Na volta comento que valeu a pena parar e espairecer.

Terça ainda nublada, mas sem chuva. Mal desperto me acomodo à escrivaninha e inicio o Capítulo III. Quero finalizar esse livro. Leio, escrevo resumos, faço diagramas, respondo e-mails, arquivo fotos, alternadamente para não pirar.

Paro…pesquiso sobre Óbidos e de novo retomo aos estudos. Almoço com Jacqueline e Gilberto. Conversamos, sorrimos e decidi que ia conhecer Óbidos, uma cidade medieval há uma hora de Lisboa. Vou até a rodoviária, muito perto de casa e sigo admirando a estrada, a sinalização, o serviço pontual e preciso da polícia rodoviária. Lisboa vai ficando para trás dando lugar ao campo, as plantações, a infra estrutura das pequenas cidades que giram em torno de Lisboa, as construções, enfim. Pagar impostos, ver e usufruir dos benefícios é bom, é digno.

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Ao longe vejo uma muralha contornando uma pequena e bonita cidade. É Óbidos. Contemplo a belíssima construção e saio a caminhar sem pressa, desfrutando da cidade, caminho pela muralha, paro para um café, um crepe de chocolate lembro dos meus sobrinhos Raphael, Luiz Felipe. Eles gostariam muito de caminhar por aqui certamente. Paula e Bene nem se fala. É tudo muito bonito e estão preparando a cidade para a festa do Chocolate. A cidade e os residentes caracterizam-se de Idade Média e revivem os rituais. Quase 19 , sol brilhando, caminho para a paragem (ponto de ônibus).

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Banho, pijama e para embalar meu sono assisto algumas entrevistas de Jung (you tube). Quase 22h permito-me dormir.

Quarta, cedo desperto. O sol sorri de fora da minha janela…devolvo o sorriso para ele. Hoje tenho uma agenda na Universidade. Antes passo nos Correios verificar um documento e de lá sigo para o gabinete onde os investigadores de todos os projetos se encontram e trocam informações e saberes informalmente. Almoço no refeitório da faculdade com Lu pois a colega do mestrado desmarcou. Nos encontraremos mais tarde.

Trabalhamos até as 19h com afinco e as 16h sigo para assistir dois seminários: da arquiteta Marina Carreiras e Bárbara, ambos muito bons e bem apresentados. Admiro a competência e desenvoltura das duas. Os temas ampliam mais ainda minha visão sobre outras possibilidades.

19:45 sigo para a paragem esperar a Rita. Vamos a um cidade chamada Alhandra . Ela vai ensaiar  grupo de teatro e vou acompanhá-la. Fala sobre o fim da Ditadura em Portugal dia 25 de Abril. Esse ano completa 40 anos. Uma história repleta de perdas e ganhos suados de direitos inclusive de expressão.

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Gente não tem como descrever o grupo ultra lindo que conheci. Eles compõem a Associação de Artes de Alhandra e todos maiores de idade, maduros, lindos, alegres, dinâmicos, acolhedores.

O ensaio foi maravilhoso. Fiquei comovida com a energia do grupo. O passeio foi maravilhoso, me diverti muito com a Rita que competente conduziu o ensaio alegremente. Fechamos a noite na Associação comendo bolo e tomando uma bebida típica de Alhandra. Como dizem aqui foi giro (legal).

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Rita deixou-me próximo ao Campo Grande e fui caminhando. Já passava das 23:45. Venci tranquilamente as oito quadras que me separavam da residência. Tudo calmo. Sem medo ou maus pensamentos, apenas o frio passeava nos ossos apesar do agasalho. Cheguei à residência feliz por ter conhecidos pessoas tão lindas e plenas.

 

III Semana 17 a 20 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Quinta-feira de Sol. Uma forte expectativa de receber algum telefonema para confraternizar com alguém conhecido ou não tão conhecido..rsrsrsrs. Pode esperar sentada e lendo para não perder tempo. Aqui não tenho vovó Ely, Nice, Lenita, Paulinho, Margareth e Adauto, Eustáquio e Nelita, Duda e Geralda, Zezé, Marcelo e Lena, para surgir um encontro assim, casual tipo um almoço, uma simples e deliciosa confraternização, portanto, foco estudante, foco.

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As férias seguem com gosto de torpor, mas estabeleci metas para essa semana.

Finalizo a leitura do Capítulo I das Teorias da História depois de muito voltar as páginas, parar e pesquisar no google esse ou aquele termo e palavra que desconheço, compreender a diferença de filosofias da história e teorias da história, meu Deus, foi mais difícil que compreender Psicologia. (rsrsrsrsrs, também né). Em Psicologia sou avó e ainda não sei muito hein do que quero saber. Claro que para descansar minha mente fiquei ouvindo sobre Jung (no YouTube tem centenas de vídeos). Escolhi os que demonstraram sensibilidade e profundidade ao falar de uma paixão antiga que retomo na minha maturidade. Já gostava dele e do trabalho dele (na minha mocidade) mesmo sem saber de quem se tratava. Agora então vou mergulhar nessas águas profundas.

Gilberto bate a porta da minha fortaleza (quarto), rsrsrsr e pergunta se já almocei. Respondo que não e decidimos ir fazer compras para fazer um almoço diferente. Seguimos para o Shoppinh Vasco da Gama, onde fica o Oceanário de Lisboa, aonde estive quando vim em 1998 visitar Lisboa e a EXPÔ 98 sobre as águas. Lembro que o stand do Brasil estava maravilhoso.

Andamos bastante por todo o parque e ficamos de voltar para andar de teleférico, o que claro experimentei em 1998. Vai ser bom repetir. É um passeio bonito. Alcançamos grande extensão da Ponte Vasco da Gama e do Rio Tejo.

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Depois de entrar e sair de lojas (amo ao contrário), Gilberto comprou na C&A enquanto eu já conversava com um jovem de uma franquia (doces e balas) bem interessante e engraçada aqui de Lisboa.

Enfim supermercado, Continente pois tenho cartão de desconto. Compramos e retornamos à casa. Na cozinha preparei churrasquinhos de carne de peru (já vêm montados, fiz apenas o molho). Evito frituras. Para completar feijão, arroz e uma bela salada com alface, tomate, cebola, cenoura. Manjar dos deuses. Como que me regalo e vejo um belo filme (canal pago).

Após o filme retomo minhas atividades. Agora meu olhar e empenho está voltado para um Manual que devo mandar até dia 20/04 para um cliente da Consultoria.

Limpei a cozinha (adiantei meu dia) e cansada fui como diz Bene, me recolher.

Ao chegar ao quarto, o sono sai pela janela. Aproveito e invisto no projeto de Consultoria. Fico lendo, revisando, melhorando as quase 40 páginas do manual de tema específico em RH e as 2 da madrugada, respiro fundo e salvo em PDF. Já posso mandar. Vou encantar meu cliente, mandando antes da data prometida.

Sexta ensolarada. Vontade de ir para rua. Revejo o plano de leitura e estabeleço que fim de feriado finalizo a leitura sobre Teorias.

Passo o dia santa, repaginando, embelezando o Projeto e clico no enter para encaminhar. É ótimo, libertador cumprir prazos. Hoje foi um dia atípico. Pouco movimento, o pessoal viajou e me entreguei completamente a leitura de Artigos para consubstanciar trabalhos que preciso fazer.

Todo o dia na base do cefalium, a enxaqueca se apresentou de forma ardorosa e me agarrava na nuca, fazia meus olhos piscarem diante das latejadas que mais pareciam tijoladas e fiquei quietinha. Fome dá, mas disposição de comer não. Luminosidade e vozes fazem doer. Então…..vamos curtir o momento mulher (hormônios degladiando). Fico no quarto tomando muito líquido (água, leite) com uma vontade de cair matando um chocolate. E o medo dessa dor aumentar…Quieta pondero e bebo água.

Sábado nublado mesmo. Chuva fina. Acordei uma, duas, três, quatro da madrugada. Mais CEFALIUM e quando vejo os primeiros raios de luminosidade nas nuvens, adormeço.

As 8 hs grogue (corpo parecendo que fiz musculação por 4 hs) desamasso o rosto para não assustar alguém pelos corredores e sigo para cozinha. Meu colega Biodun (observem que agora escrevo o nome dele certo hein) acompanhou-me no café da manhã. Foi ótimo. Ele tem um tom de voz baixo e é uma pessoa bem gentil. Conversamos inclusive sobre a enxaqueca. Ele é farmacêutico e está fazendo especialização. Fica aqui até setembro e em novembro casa-se com Laide, disse ele.

Publico no blog www.escritoramariarita.com.br mais um texto do diário e overdose de Jung para descansar a mente. Copio um texto sobre as Teorias para fixar o aprendizado e passo o resto do dia lendo.

Almoço já quase as 18hs e quem faz a felicidade é meu marido e minha filha trocando torpedo regularmente por toda a tarde e noite.

Saio para tomar uma sopa já pelas 22hs e retorno para um sono que espero seja restaurador.

Domingo chuvoso. Encontro de novo com Biodun na cozinha e falo nunca ter visto um feriado da Páscoa sem chuva. Ele concorda. Ele diz que vai até a igreja e pergunto qual e aonde. Na Batista do Saldanha responde. De um estalo pergunto se posso acompanhá-lo. Sure (Claro!), responde. Peço um tempo e rápido vou ajeitar a juba da leoa.

Foi um culto bem legal, organizado, muita gente e alegria portuguesa, quieta, comedida. Interessante que a predominância na igreja era de negros (aqui em Portugal não existe condenação frente a essa palavra) que inclusive apreciam ser chamados de negros. Quando falei que no meu país a palavra é condenada por ser preconceituosa e que usamos afro descendente, os angolanos se riram de mim e disseram: “mas somos negros”… Não gostamos de ser tratados sem respeito, isso sim, é grave para nós.

Um coral interpretou vários hinos. Foi uma comemoração bonita.

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Por volta das 13hs saímos e nos dirigimos ao Continente (supermercado). Eu comprei laranjas e bananas e Biodun comprou muitas coisas. O ajudei no metro e no supermercado que o pessoal não compreendia inglês. Lembrei com carinho dos meus últimos professores (Gustavo, Rovena, Junior, Sandlei- CLUFES) que ficariam orgulhosos em ver que consigo minimamente me comunicar e ajudar pessoas a alcançarem um objetivo ainda que simples.

Chuva, frio, almoço e tarde de adivinha o que???? Rsrsrsrsrsrsrsrs, isso mesmo, leitura das Teorias. E vamos firme no propósito.

Converso com minha família a noite (coisa maravilhosa) poder fazer caretas, palhaçadas, sorrir, sentir falta mas se realizar no que se está fazendo.

Cefalium partiu como dizem os jovens. Beijos grandes. Ninguém que conheço ou que desconheço ligou para comer uma torta capixada, coelho ou pato que seja, um frango. Mas estou inteira, íntegra, refeita e pronta para a Páscoa de 2015.

As veze pensamos que não teremos vida se muitas pessoas não nos buscarem. Digo para vocês, é possível sim. Como diriam meus professores de Psicologia Analítica (Angelita e Luiz Fernando). Seu EU em harmonia com seu EM SI tudo é possível superar.

III Semana 14 a 16 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

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Nesse período as Escolas e Universidades entram em período de férias da Páscoa. São 08 dias para produzir muita coisa mesmo. Para ficar só comigo e repensar mais uma vez muitas coisas.

Tenho lá no fundo a expectativa de que alguém me convide para algo, mas é somente expectativa. Vamos ver como discorre a semana.

Segunda, Sol brilhante. Acordo disposta e me posiciono na mesa de estudos para continuar a batalha: retomo a leitura do livro de Teoria da História que me pego voltando páginas para melhor reter a informação e fico na dúvida se é isso mesmo ou se meus neurônios estão pedindo arrego, cansados, míopes e com falta de ar. Imagino a cena e dano a rir das minhas esquisitices mentais. Rsrsrsrs

Reviso mais uma vez o I capítulo e chego à conclusão que está uma porcaria. Vou repassar, melhorando quase tudo e depois novo momento de crucificar texto impiedosamente. Não, não se escandalizem, apenas me inspiro no tema da semana.

Saí do quarto para cozinha. Hora de preparar o almoço. Lá chegando encontro Jack uma jovem angolana muito bonita e grandona que aniversaria hoje. Completa 21 anos. Ela tem uma história de vida bem interessante e lembro-me da Paula, minha filha também grandona, (a partir do meu 1.53). Assim, me disponho a  fazer um almoço especial para ela. Conversamos animadamente até às 16hs quando finalizei a arrumação do que havia usado, beijos, abraços, despedida.

Às 18hs terá a comemoração da Fundação (25 anos) e fomos convidados para assistir o evento com coquetel. As 18hs e 30 me dirijo ao auditório. Muitas pessoas bonitas, assim como eu, representantes da Câmara Municipal de Lisboa e alunos contemplados pela Fundação que identifica empresários para investirem em bolsas de estudo favorecendo o povo africano. É bem interessante como funciona. A parte que enoja é que por ser uma residência de uma Fundação com essa penalidade sofre preconceito por parte do povo europeu (assim me disseram) por ser “casa de negros”.

É um dado que me disseram, não confirmo pois não tenho dados que sustentem o que aponta o senso comum. No entanto, estranho, pois é uma residência, como já disse com instalações impecáveis, próxima a estação de metro e autocarros (ônibus), em frente a Universidade de Lisboa, além do valor ser bem atrativo 275 euros por mês. No entanto, cá temos somente 11 pessoas no total. Somos 3 brasileiras, 01 japonesa, 01 nigeriano, 06 angolanos. Imagina que a capacidade é para até 44 pessoas.

Esse “vazio” é um sintoma, concordam?

A festa transcorre bem. Converso com algumas pessoas e me despeço. Quando estou prestes a adentrar no meu canto, Jack chama meu nome e me convida para ir comer do bolo de aniversário que amigos trouxeram. Imagina eu esta magreza absoluta me negar? Óbvio que não. Fui cantei parabéns em português luso, em inglês e na forma angolana cantar.

Doce e dentes não combinam. Lembro de Dr. Josué e Dra. Pollyana periodontistas que visitam meus dentes de quando em quando e vou para o meu quarto pronta para a batalha com o fio dental e escova de dentes. E lá me distraio até a hora do sono.

Terça, Sol quente. Saio cedo. As 7 hs para poder me despedir do pessoal de Vitória. Eles partem as 9:30. Chego as 8, já se forma. Ainda fico esperando até as 9hs. Na volta para o metro, escuto duas brasileiras sorrindo e conversando no Café ao lado da venda de passes. Me aproximo e conheço a Carla e a Cris, 11 e 6 anos respectivamente no Brasil. Pergunto se querem voltar. Ambas sorriem e respondem, não voltar não. Aqui se tem segurança e vivemos com dignidade. Anoto o telefone delas. Cris me pede uma informação sobre médicos e me comprometo a pesquisar e e responder. Quero entrevista-las para a pesquisa de brasileiros em Portugal.

Próxima parada encontrar Melissa graduanda em História para irmos até o Restaurante de duas brasileiras que conheço desde 2000 em Vitoria em estão aqui.

Chegamos a Picoas, bairro perto do Saldanha e do Centro de Lisboa. Linha amarela do metro. Chego e faz-se a festa. Saudades repassadas, felicidade e paz. Almoço (hummm) carne seca com abóbora, arroz, feijão, picadinho de couve repolho. Para completar um pavê de bolo com creme de framboesa. Preciso caminhar e é o que faço. Pago o almoço, me despeço do povo pergunto a Melissa se apreciaria uma caminhada. Ela concorda e vamos andando até a Estação de Entrecampos. Seria como sair de Jardim da penha e ir até Bento Ferreira ao lado do CRA. Despeço-me da Melissa (os pais dela também trabalharam na AMIL/RJ) e retorno para o Centro de Lisboa. Vou até a elegante Estação Santa Apolônia saber quanto custa a passagem de trem para Madrid 97 euros ida e volta. Fica mais caro que de avião. Decido voltar caminhando e aí faço o retorno que dá o dobro da caminhada pois vou até a Praça da Figueira no Rossio. É longe mas depois de tantos doces não tenho outra opção.

Comprei uma roupinha de bebê para o chá que me convidaram, cartão postal e imãs para levar.

Cheguei em casa, limpei meu quarto, roupas na máquina e duas horas depois que estava estudando o Skype sinaliza uma mensagem. Pensei que fosse da minha família, mas nada era da Mônica me chamando para ver uma animação na Praça do Comércio. (tinha acabado de passar lá). Quando o relógio marcou 8:30 e num salto levantei. Decidi ir.

Estava bem frio. Fui de ônibus para ver a cidade. Cheguei as 9 e 5. Já tinha começado a projeção na parede do prédio onde está o Museu da Cerveja. Lindo mesmo! O filme com muitas crianças muito colorido marcava o início das comemorações pascualinas.

Dali a turma se animou (eu, Ana, Venceslau e Monica) e seguimos para Belém. A lua cheia iluminava as praças e monumentos. Uma coisa linda de se ver. Parei frente a uma rua que era um beco e fiquei olhando a linda foto que daria.

Voltamos já passava das 23hs. Eu e Ana seguimos juntas até Campo Grande aonde fiquei.

Quarta, Sol brilhante. Meu desjejum foi na companhia do Gilberto. Conversamos e voltei para meu palácio. Computador aberto, dedinhos saltam para cá e para lá programando pagamentos de boletos que não havia recebido. Baixei-os na internet e pronto.

Fiz muita anotações de Artigos que lia para preparar dois resumos para Congressos em Sevilha e em Lisboa para o segundo semestre. Acho que vou precisar estender minha licença sem remuneração na faculdade. Não dou conta de tantas coisas e mais a dissertação. Hoje vou aprender sobre paradigmas, correntes e autores. Leio, leio, leio…..

Uma pausa para bater papo com minha filha. Gargalhadas sem fim. Uma falta suprida pelas tecnologias Skype e Zap, Zap.

Construo o resumo e encaminho para minha co-orientadora. Ela e minha orientadora são um doce de pessoas. Atentas e presentes.

Parei para o almoço que preparei com carinho e desfrutei de um bom filme chamado Alta frequência. (www.terra.com.br/cinema/suspense/frequency.htm‎).

Vale a pena o tempo investido. O final é…..rsrsrsrrs….sem chance de contar. Vale  apena ver a história.

Vou estudar e quando o sono chegar dormir e muito. A enxaqueca, velha conhecida desse período chamado tempo de mulheres, começa a se avizinhar. Preparo o Cefalium e o deixo a vista. Muita água e leitura

II Semana 07 a 13 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

07:30 Segunda luminosa espreguiço esse corpo que me acompanha tão fielmente nesses 50 anos e fico ali contemplando o céu a partir das grandes janelas do meu quarto. Agora somente eu habito por aqui. Minha colega mudou-se para o segundo andar. Mentalmente repasso agenda e prazos. O tempo pode passar mais rápido a partir de agora.
Separei a parte da manhã para estudar alguns apontamentos feitos ainda em 2012 no curso sobre Sonhos em Carl Gustav Jung. Desde que cheguei separo 01 a 02 horas para passar todos os apontamentos organizadamente para um caderno, assim estudo e retenho melhor as informações.
10:00 adiantei bastante minha produção e fico feliz em poder colorir as palavras, desenhar, rever um tema que tanto aprecio no olha do interessante Jung (para mim). Salto da cadeira rapidamente quando vejo o horário. Vou a casa de banho para meu momento rainha e saio de lá linda para ir até a faculdade. Como vocês podem ver ainda não fui a Biblioteca Nacional, mas dessa semana não passa. Espero não já ter dito isso!
11:30 chego ao Gabinete na Universidade e permaneço toda a tarde revisando meu I Capítulo, encontrando inconsistências e sanando o que percebo não estar bem, condizendo com minha proposta de pesquisa. Depois que iniciei a leitura de um livro indicado pela minha Orientadora (Teoria da História) de José D’Assunção Barros o véu começa a se rasgar na minha frente. É como se tivesse nesse primeiro ano sendo alfabetizada em História (paradigmas, correntes, teorias, conceitos, métodos). É uma experiência diria renovadora e importante, ao menos na minha condição mental e emocional de agora. Digo isto pois as vezes fazemos trezentas coisas em tão pouco tempo, como já ocorreu comigo (entre 21 a 29 anos) que mais pareceu sorver um líquido sem saboreá-lo e me sequestro de mim, como diria Padre Fábio, lembrando que esse processo é o que produz tantas pessoas com tanta história de vida sem se dar conta do que já amealhou por não ter saboreado, tampouco assimilado o saber, a experiência, os efeitos. De fato, a pressa é sim, inimiga da perfeita (bem feita) ação.
Retornei para casa as 20hs bem lerdamente como boa baiana que sou, namorando cada folha que apareceu nessa última semana.
Banho, comidinha, um pouco mais de leitura e o sono briga comigo uma luta livre após ter falado com minha família. Ele vence e me aconchego nos dois pesados cobertores.
Terça preguiçosa…Olho o horário, acreditando que extrapolei o horário e vejo que me enganei. Meu organismo já bem adaptado me desperta as 07. Repito o ritual: dedico duas horas a Jung, a emissão de notas fiscais e sigo para meu momento rainha. Capricho no batom, no casaco (hoje nublado) e vou até o correio que aqui foi privatizado. Lindo! Parece uma boutique. Funciona de forma extremamente precisa e os atendentes simpáticos, interessados em bem atender aos clientes. Encaminho o um documento para o Brasil por conta do prazo que é curto.
Sigo para realizar a entrevista com uma brasileira que está aqui há a mais de 11 anos, trabalha desde que chegou aqui em Lisboa em um salão como manicure. Casou-se com um português. Ambos têm um bebê de 08 meses. Chego mais cedo, ela me oferece um café e conversamos por 30 minutos. Gentil colabora bastante nas questões que apresento. Quando encerro nosso tempo, perguntando se retornaria ao Brasil, ela sorri e docemente responde que não.
Agora é transcrever e guardar o material para análise oportuna.
Volto de metro a fim de evitar atrasos na aula que começa as 14hs. Passo no gabinete e fico sabendo que não haverá aula. Vou tomar um café com as colegas e voltamos a trabalhar cada uma no seu Projeto. Quando Lu anuncia que vai para casa, impulsivamente pergunto se posso acompanha-la até Sintra.
A auto estrada nos animava a conversar de tão boa e bem sinalizada. Eu atenta, reparava como os policiais surgiam do nada e com precisão paravam os autos. Lu esclareceu que eles andam munidos de suas máquinas de cobrança. Multa e pagamento imediato. As leis de trânsito funcionam de forma efetiva sem discussão e as pessoas respeitam sobremaneira a ação policial. Fico encantada e sem palavras!
Filmo, fotografo e aproveito bem o passeio. Meu retorno será de comboio (trem).
A cidade (uma vila) embora pequena é bem aparelhada e emocionante de visitar por ter sido importante e presente na História em todos os períodos. No medievo chamava-se Sintrua, Sobreviveu ao terremoto de 1755 e desde então foi moradia da nobreza, acolheu e acalentou o romantismo e hoje é considerada pela UNESCO como paisagem cultural. Inspiração de artistas de todas as formas de expressão, ainda hoje é refúgio de sentimentos e emoções. Guarda ruas estreitas e sinuosas. O Castelo dos Mouros, Convento da Pena, Quintas da nobreza e de artistas inúmeros que brindam nossos olhos tamanha magnitude dos detalhes em cada construção. É o único lugar aonde a melancolia é feliz segundo um poeta local.
Começo minha viagem de retorno a partir das 20:30 min com uma leve falta de ar e a bexiga daquele jeito…Ai meu Deus….o suspense…uma dezena de estações, dois câmbios de linhas (azul e amarela) mais seis estações. Preciso segurar a onda! Rsrsrs
As 22hs, caminhando como Gisele Bündchen (catwalk), para manter minha bexiga comportada e suportar subir os dois andares que me separam do meu quarto. É de morrer de rir a forma como gerencio a situação, mas vou segurar o riso, pois ainda não quero antecipar a fase da incontinência.
Consigo vencer! Agora um banho renovador, um lanche leve e um filme para espairecer e acomodar a adrenalina. Soninho se achega, recolho-me ao meu quarto.
Quarta, 7hs desperto e programo organizar meus pertences pela manhã. Minha aula hoje será às 16hs. Dois seminários sobre Habitação (expansão desordenada). Prof. Jorge Malheiros, meu Supervisor de Estágio.
Dias passando rápido! Faço meu desjejum, ponho roupas para lavar, separo as que precisam ver o ferro de passar, limpo e organizo meu quarto e sigo para a cozinha. Aqui procuro ajudar a moçada. Todo jovens, graduandos, mestrandos e doutorandos ainda na fase bem individualista e animosa de ser. Uma residência confortável com fronteiras bem delineadas e reforçadas com o velho disse me disse de uns poucos sobre os muitos. Me alijo dessa atmosfera por saber aonde vai dar e o que custa para a vida. Aos 50 não posso me dar ao luxo de permitir o ingresso de questões mesquinhas na minha vida. Meu papel aqui não é de mediar, mas de vencer cada dia mantendo meus propósitos e quando possível silenciosamente cooperar.
Sigo para os Seminários e bebo do conhecimento do meu Supervisor, um ser humano generoso, atento e extremamente empreendedor de saberes. Leciona, escreve, coordena pesquisas, fomenta investigações. Fora do comum!
Após as apresentações fico com as colegas 20:30 no gabinete.
Vou dormir pensando em todos os eventos do dia, mas o desconforto que causo retém minha atenção!!!
A questão é que gosto de pensar no coletivo e tratar individualmente com excelência, mas nem sempre alcanço sucesso.
3:40 de Quinta-feira, acordo sobressaltada e fico na janela que deixei aberta por conta de ter sido vencida pelo sono. Olho para as luzes da lateral do edifício, as folhas balançando ao sabor do vento e a falta de sono se pronuncia. Bem, já que não consigo dormir, ligo o note e vou trabalhar. Sigo concentrada na minha produção até 5:50 quando meus olhos poderosamente se fecham. Sem chance de continuar, deito e despenco no sono.
Desperto com calor e ao olhar as horas vejo que avancei muito. 9:40, caramba. Banho, café, gabinete e enfim, aguardando a colega para irmos até a Biblioteca Nacional (disse que dessa semana não passaria).
Seguimos caminhando. Está próxima ao prédio onde estou. Já pela calçada noto as riquíssimas construções do ponto de vista histórico. Estilos que me fazem lembrar o Museu de Petrópolis, da Quinta da Boa Vista, o Liceu Dom Pedro II, o Teatro Municipal no Rio de Janeiro, Algumas construções que sobrevivem à modernidade da Avenida Paulista, Olinda em Pernambuco e outras tantas das Minas Gerais. A gigantesca se revela diante dos meus olhos, imponente, majestosa. Um lugar onde passaria um largo período a ler se pudesse varar noites.
Lu se dirige ao balcão, renova seu cartão para um ano no valor de 12 euros. A semana vale 3 euros. Funciona de 9 as 21hs. Atendimento impecável, interessado, gentil como nos correios.
Prefiro não fazer o cartão agora. Me dirijo a uma ampla e moderna sala com livros e livros a disposição para quem apenas quer desfrutar do wifi ou simplesmente ler. A senhora adiante de mim por exemplo está checando seu facebook.
Após a anuência do atendente, pego um livro da História Cultural de Portugal, expoentes que constam na BN, depois um outro apenas de biografias e me perco no tempo. Pesquiso sobre Gilberto Freyre, o que dispõe a BN para um colega que está doutorando e sua pesquisa trata desse incomparável autor.
Olho as horas, 2h em uma piscada de olhos. Vamos ao refeitório, valido meu cartão de estudante investigadora e desfruto de uma prato típico do Porto chamado Francesinha. Bom, sem mais delongas.
Saio correndo para os Seminários de hoje as 14hs: Economia do conhecimento e Criatividade em Madrid e Criatividade urbana em Lisboa. Dois Drs. Expoentes no tema. Avançamos até as 17h. Acompanho um colega que está fazendo pós doc aqui. Passo no gabinete me despeço, desejo Feliz Páscoa. A universidade faz um recesso de uma semana por conta das férias da Páscoa. Uma semana para trabalhar e atualizar tudo o que preciso. Não posso perder o passo tampouco o compasso. Converso com minha amada família. Recebo um convite de uma colega para ir visitar as ruínas mas tenho que chegar as 6 hs da manhã no Rossio. Fica a 20-30 minutos de metro. Mas o metro começa as 6:30. Motivo? Visitar as ruínas romanas (galerias) na Rua do Prata. Centro antigo de Lisboa. Fiquei a pensar e decidi. Durmo cedo e vejo….
2hs, 3:20, 4:40, 5:30…opsss, depois de picotar todo o sono, decido. Vou encarar. As 6 em ponto que era para estar lá, me agasalho e sigo o rumo que desconheço. Tudo escuro, muitas pessoas da África saindo para trabalhar. Pergunto, pergunto até que uma Senhora me diz: pá vai de 736, passa com som de (pacha) no Rossio. E lá vou eu. O trajeto é bonito, as luzes, lampiões do século XVIII, árvores frondosas dividindo a imensa pista que acolhe elétrico, comboio, autocarros e carros de passeio harmonicamente. Pergunto sobre a Rua do Prata e pelas indicações, errando, acerto e não vejo nada de movimento. Avanço timidamente (imaginem eu tímida) caminhando pelas ruas do Centro de Lisboa as 6:30 da manhã. Algo impensável não é? Rsrsrsrs
Duas jovens passam por mim com cara de quem procuram algo também. Sigo meu rumo..Paro mais uma vez, confirmo e agora sim. Sei que vou virar a direita após a segunda quadra. Chegando sou recebida com carinho e surpresa. A Monica e uma amiga alegre repetem: Viestes, viestes pá. Abracei-as e passamos a conversar animadamente quando as duas jovens se acercaram também timidamente (elas, de verdade). Depois ficamos amigas de fila Joana a colega, Fernanda, Monica, Ana e eu. Todas animadas por conhecer as ruínas subterrâneas que são visitadas apenas duas a três vezes a cada ano. Inicia a visitação as 10hs da manhã. Ingressam na galeria grupos de 25 pessoas de cada vez. Para vencer o frio, café quente e aproveitamos uma por vez para usar a casa de banho do pequeno café aberto àquela hora. A fila cresce, se agiganta, ultrapassa dois, quatro, seis quarteirões e hoje não é o dia mais procurado Sábado e domingo é pior….diz quem conhece do sapateado. Pessoas aguardam muitas horas com sol na moleira.
Informo as minhas colegas de fila que vou caminhar, mas voltarei. Rápido, atravesso ruas e praças no entorno, da Rua da Conceição. O frio esmaece. Venço três quarteirões e retorno. As lamparinas se apagam e o dia se apresenta claro com uma brisa elegantemente fresca. Nem fria, nem gélida, fresca.
Após quase 4 horas de espera, o movimento de abertura da escada se inicia, bombeiros, servidores da Câmara de Lisboa, antropólogos, uma imensidão de gente. Fixo meu olhar em uma figura de homem ruiva, nada convencional de blusas e botas de cano alto (galochas) com um par de brincos, caminhando rápido e decidido. Senti cheiro de gente que sabe o que está fazendo e comentei com as colegas: Esse é o cara, sabe demais! A Fernanda disse que ele era estranho. Concordei, mas se ele for guiar grupos que seja ele, pois ele sabe e muito, afirmei sorrindo, seguindo minha intuição. Somos as primeiras a descer as escadas no meio da rua. Não sabíamos se fotografávamos ou se descíamos. Adrenalina pura. Ao desde cuidadosamente nos vimos abaixo do solo a galeria perfeita, ainda com resto da água bombeada pelos bombeiros que ali atuavam. Quem está a nos aguardar para iniciar a História? O homem ruivo de brincos e jeito de quem sabia. O antropólogo Carlos (esse era seu nome) aguardou as 25 pessoas se achegarem, pediu desculpas e começou a falar. Sabe quando a pessoa sabe o que está falando e se emociona? Pois é! Ele começou a recitar a época romana Imperial desde a metade do Século I d. C. Lembrei outra pessoa que da mesma forma se emociona e nos emociona quando fala da Antiguidade, o professor Gilvan da UFES, outra autoridade na sua área. Transportei-me para o que Carlos falava e não me dei conta dos quase 40 minutos que ficamos ali abaixo do solo no meio da rua da Conceição – Centro de Lisboa. Valeu a pena conhecer as Galerias Romanas, agora sei o nome certo que está disponível ao público 01 vez por ano e por apenas três dias das 10hs as 17hs.
Eu e as duas jovens após a visitação fomos as Elevador Santa Justina, outro lugar impossível de não se visitar. Ao invés de pagar o ticket (1,50 euros) fomos como todo bom estudante. Subimos a ladeira na lateral do elevador e vagarosamente vencemos a inclinação. Lá do alto, toda a Lisboa, os telhados de Lisboa (como disse Mônica e Ana) aos nossos pés. Rimos, tiramos as fotos e contemplamos aquela enormidade de beleza. Ao lado as construções de restauração do Museu da Antropologia. Profissionais com pás pequenas, escovas, recolhendo resquícios ainda do período do terremoto (1755).
Despedi-me do pessoal e fui matar minha curiosidade em experimentar os elétricos (trens modernos – espécie metro de superfície) com imensas janelas. Fui até Algés, a última estação. Viagem que dá para desfrutar de tudo que a cidade pode ofertar visualmente. No retorno preferi vi caminhando. Parei em um café bem charmoso. Desfrutei de um pequeno lanche com um pão doce chamado travesseiro. Para a digestão caminhei bastante. Passei pela Torre de Belem, Centro Cultural e monumento e Padrão dos Descobrimentos até a Doca de Belém e daí desfrutei da Praça do Império e na caminhada de retorno deliciei-me com um Pastel oficial de Belém na loja que existe desde 1837. Impossível não desejar desfrutar isso com minha filha e marido. Lembro dos dois com carinho, sentindo falta do olhar e sorriso de ambos.
Caminhei mais um tanto e descansei em um belo jardim chamado Ultramar. Ocultei completamente de mim mesma que havia marcado de ir com um colega a Biblioteca, até porque já havia ido, mas foi uma brutal indelicadeza da minha parte. Precisarei desculpar-me.
Na volta, satisfeita com minhas andanças, deliciei-me com o cansaço físico. Subi as escadas animadas e alguns colegas assistiam a um belo filme que relata o encontro de um filho com o pai sob o pano de fundo da aurora boreal com distância temporal de 30 anos entre um e outro. Ali fiquei!
Após o filme, cumpri meu compromisso de limpar a cozinha segundo a escala estabelecida e aí sim, adentrei o meu quarto, usufrui de um delicioso banho e com alma enlevada, sentei-me a ler até que o sono chegou. Já vencia as 24h, 20h na minha pátria.
Sábado, 8:40…de olhos fechados passei minha mão para alcançar o livro que me toma a atenção, Teoria da História para reler e avançar na leitura. Fico ali por mais 02h e meia, até que dedico meu tempo posterior ao caderno com Jung. Assim minha manhã é vencida. Saio do quarto já passam das 13hs para almoçar. Natural aqui que as pessoas almoçam a partir das 14hs.
À tarde pesquiso sobre material para os trabalhos de Madri e Sevilha que se avizinham e preciso ler Artigos para respaldar o que construirei atenta às orientações da minha orientadora e co-orientadora. Preciso me preparar para o domingo, pois terei a disposição ou quase todo o material a ser coletado, cujo tema preciso concretizar em informações para serem analisadas.
Já a tardinha descanso e arrumo a cozinha, meu último dia na escala. Durmo cedo para domingo seguir na minha aventura de encontrar a família missionária e entrevista-los, desfrutar de um tempo que certamente será bom.
Domingo inicialmente nublado que se revelou ensolaradíssimo no decorrer do período. Fui até a estação Entrecampos, gigante, organizada de comboios (trens) de dois andares. Hoje passo pela ponte 25 de Abril que lembra a ponte de San Francisco. Maravilhosa e agrega a passagem de autocarros, carris e comboios (carros, ônibus e trens) em duas dimensões. Espetacular. Chego em Almada na Estação de Pragal e de lá sigo para Ramalha. Passo uma estação, pois para abrir as portas preciso pressionar um botão e como não o fiz, parei na Cova da Piedade para então retornar.
Fui ultra bem recebida pelo casal que já conhecia de Vitória, tendo acompanhado o processo da viagem deles aqui para Portugal e compreendi que o período de 06 anos alcançaria o objetivo a alcançar na pesquisa empreendida. Movimentação, alimento, reencontros agradáveis, culto, louvor, afeto e missão marcaram o dia de hoje. Consegui conversar com o casal e os filhos. Minha missão se cumprira. Retornava no barco de 21:30 para Lisboa. Lua cheia linda. Muitos turistas na travessia, a maioria de alemães.
Chegando foi difícil dormir por tantas conquistas em um só dia. Determinar um ponto e chegar, manter o foco é sensacional. Consegui ainda pré agendar mais duas famílias. Ainda tentarei alguém de Torres Vedras. Talvez para a próxima semana.
Ah….depois de muito pesquisar consegui tickets para Barcelona. Tudo certo. Albergue na Plaza Cataluña. Dia 3 viajo para assistir aos trabalhos do Colóquio Internacional de Geocrítica onde meu Supervisor apresentará sua mais recente investigação e a doutoranda Luciana falará do trabalho que apresentou no Mestrado sobre Turismo, Território e Prostituição. Vai ser muito bom!
Vamos à terceira semana. Pelo fato do texto ter ficado gigante na próxima semana dividirei em duas publicações. Segunda a quarta e depois de quinta a domingo. Fica melhor para todos nós, creio. Obrigada pela torcida por conseguir ir a Barcelona e por acompanharem os relatos. Sinto falta da energia de vocês e lamento ter decidido publicar toda a semana de um a única vez. Pronto, mudarei a estratégia.

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20140411_095421     II Semana - Estagiária aos 50

Descobertas da Semana

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e por acompanharem os relatos. Sento falta da energia de vocês nessa semana que decidi publicar por inteiro.