III Semana 17 a 20 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

Quinta-feira de Sol. Uma forte expectativa de receber algum telefonema para confraternizar com alguém conhecido ou não tão conhecido..rsrsrsrs. Pode esperar sentada e lendo para não perder tempo. Aqui não tenho vovó Ely, Nice, Lenita, Paulinho, Margareth e Adauto, Eustáquio e Nelita, Duda e Geralda, Zezé, Marcelo e Lena, para surgir um encontro assim, casual tipo um almoço, uma simples e deliciosa confraternização, portanto, foco estudante, foco.

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As férias seguem com gosto de torpor, mas estabeleci metas para essa semana.

Finalizo a leitura do Capítulo I das Teorias da História depois de muito voltar as páginas, parar e pesquisar no google esse ou aquele termo e palavra que desconheço, compreender a diferença de filosofias da história e teorias da história, meu Deus, foi mais difícil que compreender Psicologia. (rsrsrsrsrs, também né). Em Psicologia sou avó e ainda não sei muito hein do que quero saber. Claro que para descansar minha mente fiquei ouvindo sobre Jung (no YouTube tem centenas de vídeos). Escolhi os que demonstraram sensibilidade e profundidade ao falar de uma paixão antiga que retomo na minha maturidade. Já gostava dele e do trabalho dele (na minha mocidade) mesmo sem saber de quem se tratava. Agora então vou mergulhar nessas águas profundas.

Gilberto bate a porta da minha fortaleza (quarto), rsrsrsr e pergunta se já almocei. Respondo que não e decidimos ir fazer compras para fazer um almoço diferente. Seguimos para o Shoppinh Vasco da Gama, onde fica o Oceanário de Lisboa, aonde estive quando vim em 1998 visitar Lisboa e a EXPÔ 98 sobre as águas. Lembro que o stand do Brasil estava maravilhoso.

Andamos bastante por todo o parque e ficamos de voltar para andar de teleférico, o que claro experimentei em 1998. Vai ser bom repetir. É um passeio bonito. Alcançamos grande extensão da Ponte Vasco da Gama e do Rio Tejo.

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Depois de entrar e sair de lojas (amo ao contrário), Gilberto comprou na C&A enquanto eu já conversava com um jovem de uma franquia (doces e balas) bem interessante e engraçada aqui de Lisboa.

Enfim supermercado, Continente pois tenho cartão de desconto. Compramos e retornamos à casa. Na cozinha preparei churrasquinhos de carne de peru (já vêm montados, fiz apenas o molho). Evito frituras. Para completar feijão, arroz e uma bela salada com alface, tomate, cebola, cenoura. Manjar dos deuses. Como que me regalo e vejo um belo filme (canal pago).

Após o filme retomo minhas atividades. Agora meu olhar e empenho está voltado para um Manual que devo mandar até dia 20/04 para um cliente da Consultoria.

Limpei a cozinha (adiantei meu dia) e cansada fui como diz Bene, me recolher.

Ao chegar ao quarto, o sono sai pela janela. Aproveito e invisto no projeto de Consultoria. Fico lendo, revisando, melhorando as quase 40 páginas do manual de tema específico em RH e as 2 da madrugada, respiro fundo e salvo em PDF. Já posso mandar. Vou encantar meu cliente, mandando antes da data prometida.

Sexta ensolarada. Vontade de ir para rua. Revejo o plano de leitura e estabeleço que fim de feriado finalizo a leitura sobre Teorias.

Passo o dia santa, repaginando, embelezando o Projeto e clico no enter para encaminhar. É ótimo, libertador cumprir prazos. Hoje foi um dia atípico. Pouco movimento, o pessoal viajou e me entreguei completamente a leitura de Artigos para consubstanciar trabalhos que preciso fazer.

Todo o dia na base do cefalium, a enxaqueca se apresentou de forma ardorosa e me agarrava na nuca, fazia meus olhos piscarem diante das latejadas que mais pareciam tijoladas e fiquei quietinha. Fome dá, mas disposição de comer não. Luminosidade e vozes fazem doer. Então…..vamos curtir o momento mulher (hormônios degladiando). Fico no quarto tomando muito líquido (água, leite) com uma vontade de cair matando um chocolate. E o medo dessa dor aumentar…Quieta pondero e bebo água.

Sábado nublado mesmo. Chuva fina. Acordei uma, duas, três, quatro da madrugada. Mais CEFALIUM e quando vejo os primeiros raios de luminosidade nas nuvens, adormeço.

As 8 hs grogue (corpo parecendo que fiz musculação por 4 hs) desamasso o rosto para não assustar alguém pelos corredores e sigo para cozinha. Meu colega Biodun (observem que agora escrevo o nome dele certo hein) acompanhou-me no café da manhã. Foi ótimo. Ele tem um tom de voz baixo e é uma pessoa bem gentil. Conversamos inclusive sobre a enxaqueca. Ele é farmacêutico e está fazendo especialização. Fica aqui até setembro e em novembro casa-se com Laide, disse ele.

Publico no blog www.escritoramariarita.com.br mais um texto do diário e overdose de Jung para descansar a mente. Copio um texto sobre as Teorias para fixar o aprendizado e passo o resto do dia lendo.

Almoço já quase as 18hs e quem faz a felicidade é meu marido e minha filha trocando torpedo regularmente por toda a tarde e noite.

Saio para tomar uma sopa já pelas 22hs e retorno para um sono que espero seja restaurador.

Domingo chuvoso. Encontro de novo com Biodun na cozinha e falo nunca ter visto um feriado da Páscoa sem chuva. Ele concorda. Ele diz que vai até a igreja e pergunto qual e aonde. Na Batista do Saldanha responde. De um estalo pergunto se posso acompanhá-lo. Sure (Claro!), responde. Peço um tempo e rápido vou ajeitar a juba da leoa.

Foi um culto bem legal, organizado, muita gente e alegria portuguesa, quieta, comedida. Interessante que a predominância na igreja era de negros (aqui em Portugal não existe condenação frente a essa palavra) que inclusive apreciam ser chamados de negros. Quando falei que no meu país a palavra é condenada por ser preconceituosa e que usamos afro descendente, os angolanos se riram de mim e disseram: “mas somos negros”… Não gostamos de ser tratados sem respeito, isso sim, é grave para nós.

Um coral interpretou vários hinos. Foi uma comemoração bonita.

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Por volta das 13hs saímos e nos dirigimos ao Continente (supermercado). Eu comprei laranjas e bananas e Biodun comprou muitas coisas. O ajudei no metro e no supermercado que o pessoal não compreendia inglês. Lembrei com carinho dos meus últimos professores (Gustavo, Rovena, Junior, Sandlei- CLUFES) que ficariam orgulhosos em ver que consigo minimamente me comunicar e ajudar pessoas a alcançarem um objetivo ainda que simples.

Chuva, frio, almoço e tarde de adivinha o que???? Rsrsrsrsrsrsrsrs, isso mesmo, leitura das Teorias. E vamos firme no propósito.

Converso com minha família a noite (coisa maravilhosa) poder fazer caretas, palhaçadas, sorrir, sentir falta mas se realizar no que se está fazendo.

Cefalium partiu como dizem os jovens. Beijos grandes. Ninguém que conheço ou que desconheço ligou para comer uma torta capixada, coelho ou pato que seja, um frango. Mas estou inteira, íntegra, refeita e pronta para a Páscoa de 2015.

As veze pensamos que não teremos vida se muitas pessoas não nos buscarem. Digo para vocês, é possível sim. Como diriam meus professores de Psicologia Analítica (Angelita e Luiz Fernando). Seu EU em harmonia com seu EM SI tudo é possível superar.

III Semana 14 a 16 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

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Nesse período as Escolas e Universidades entram em período de férias da Páscoa. São 08 dias para produzir muita coisa mesmo. Para ficar só comigo e repensar mais uma vez muitas coisas.

Tenho lá no fundo a expectativa de que alguém me convide para algo, mas é somente expectativa. Vamos ver como discorre a semana.

Segunda, Sol brilhante. Acordo disposta e me posiciono na mesa de estudos para continuar a batalha: retomo a leitura do livro de Teoria da História que me pego voltando páginas para melhor reter a informação e fico na dúvida se é isso mesmo ou se meus neurônios estão pedindo arrego, cansados, míopes e com falta de ar. Imagino a cena e dano a rir das minhas esquisitices mentais. Rsrsrsrs

Reviso mais uma vez o I capítulo e chego à conclusão que está uma porcaria. Vou repassar, melhorando quase tudo e depois novo momento de crucificar texto impiedosamente. Não, não se escandalizem, apenas me inspiro no tema da semana.

Saí do quarto para cozinha. Hora de preparar o almoço. Lá chegando encontro Jack uma jovem angolana muito bonita e grandona que aniversaria hoje. Completa 21 anos. Ela tem uma história de vida bem interessante e lembro-me da Paula, minha filha também grandona, (a partir do meu 1.53). Assim, me disponho a  fazer um almoço especial para ela. Conversamos animadamente até às 16hs quando finalizei a arrumação do que havia usado, beijos, abraços, despedida.

Às 18hs terá a comemoração da Fundação (25 anos) e fomos convidados para assistir o evento com coquetel. As 18hs e 30 me dirijo ao auditório. Muitas pessoas bonitas, assim como eu, representantes da Câmara Municipal de Lisboa e alunos contemplados pela Fundação que identifica empresários para investirem em bolsas de estudo favorecendo o povo africano. É bem interessante como funciona. A parte que enoja é que por ser uma residência de uma Fundação com essa penalidade sofre preconceito por parte do povo europeu (assim me disseram) por ser “casa de negros”.

É um dado que me disseram, não confirmo pois não tenho dados que sustentem o que aponta o senso comum. No entanto, estranho, pois é uma residência, como já disse com instalações impecáveis, próxima a estação de metro e autocarros (ônibus), em frente a Universidade de Lisboa, além do valor ser bem atrativo 275 euros por mês. No entanto, cá temos somente 11 pessoas no total. Somos 3 brasileiras, 01 japonesa, 01 nigeriano, 06 angolanos. Imagina que a capacidade é para até 44 pessoas.

Esse “vazio” é um sintoma, concordam?

A festa transcorre bem. Converso com algumas pessoas e me despeço. Quando estou prestes a adentrar no meu canto, Jack chama meu nome e me convida para ir comer do bolo de aniversário que amigos trouxeram. Imagina eu esta magreza absoluta me negar? Óbvio que não. Fui cantei parabéns em português luso, em inglês e na forma angolana cantar.

Doce e dentes não combinam. Lembro de Dr. Josué e Dra. Pollyana periodontistas que visitam meus dentes de quando em quando e vou para o meu quarto pronta para a batalha com o fio dental e escova de dentes. E lá me distraio até a hora do sono.

Terça, Sol quente. Saio cedo. As 7 hs para poder me despedir do pessoal de Vitória. Eles partem as 9:30. Chego as 8, já se forma. Ainda fico esperando até as 9hs. Na volta para o metro, escuto duas brasileiras sorrindo e conversando no Café ao lado da venda de passes. Me aproximo e conheço a Carla e a Cris, 11 e 6 anos respectivamente no Brasil. Pergunto se querem voltar. Ambas sorriem e respondem, não voltar não. Aqui se tem segurança e vivemos com dignidade. Anoto o telefone delas. Cris me pede uma informação sobre médicos e me comprometo a pesquisar e e responder. Quero entrevista-las para a pesquisa de brasileiros em Portugal.

Próxima parada encontrar Melissa graduanda em História para irmos até o Restaurante de duas brasileiras que conheço desde 2000 em Vitoria em estão aqui.

Chegamos a Picoas, bairro perto do Saldanha e do Centro de Lisboa. Linha amarela do metro. Chego e faz-se a festa. Saudades repassadas, felicidade e paz. Almoço (hummm) carne seca com abóbora, arroz, feijão, picadinho de couve repolho. Para completar um pavê de bolo com creme de framboesa. Preciso caminhar e é o que faço. Pago o almoço, me despeço do povo pergunto a Melissa se apreciaria uma caminhada. Ela concorda e vamos andando até a Estação de Entrecampos. Seria como sair de Jardim da penha e ir até Bento Ferreira ao lado do CRA. Despeço-me da Melissa (os pais dela também trabalharam na AMIL/RJ) e retorno para o Centro de Lisboa. Vou até a elegante Estação Santa Apolônia saber quanto custa a passagem de trem para Madrid 97 euros ida e volta. Fica mais caro que de avião. Decido voltar caminhando e aí faço o retorno que dá o dobro da caminhada pois vou até a Praça da Figueira no Rossio. É longe mas depois de tantos doces não tenho outra opção.

Comprei uma roupinha de bebê para o chá que me convidaram, cartão postal e imãs para levar.

Cheguei em casa, limpei meu quarto, roupas na máquina e duas horas depois que estava estudando o Skype sinaliza uma mensagem. Pensei que fosse da minha família, mas nada era da Mônica me chamando para ver uma animação na Praça do Comércio. (tinha acabado de passar lá). Quando o relógio marcou 8:30 e num salto levantei. Decidi ir.

Estava bem frio. Fui de ônibus para ver a cidade. Cheguei as 9 e 5. Já tinha começado a projeção na parede do prédio onde está o Museu da Cerveja. Lindo mesmo! O filme com muitas crianças muito colorido marcava o início das comemorações pascualinas.

Dali a turma se animou (eu, Ana, Venceslau e Monica) e seguimos para Belém. A lua cheia iluminava as praças e monumentos. Uma coisa linda de se ver. Parei frente a uma rua que era um beco e fiquei olhando a linda foto que daria.

Voltamos já passava das 23hs. Eu e Ana seguimos juntas até Campo Grande aonde fiquei.

Quarta, Sol brilhante. Meu desjejum foi na companhia do Gilberto. Conversamos e voltei para meu palácio. Computador aberto, dedinhos saltam para cá e para lá programando pagamentos de boletos que não havia recebido. Baixei-os na internet e pronto.

Fiz muita anotações de Artigos que lia para preparar dois resumos para Congressos em Sevilha e em Lisboa para o segundo semestre. Acho que vou precisar estender minha licença sem remuneração na faculdade. Não dou conta de tantas coisas e mais a dissertação. Hoje vou aprender sobre paradigmas, correntes e autores. Leio, leio, leio…..

Uma pausa para bater papo com minha filha. Gargalhadas sem fim. Uma falta suprida pelas tecnologias Skype e Zap, Zap.

Construo o resumo e encaminho para minha co-orientadora. Ela e minha orientadora são um doce de pessoas. Atentas e presentes.

Parei para o almoço que preparei com carinho e desfrutei de um bom filme chamado Alta frequência. (www.terra.com.br/cinema/suspense/frequency.htm‎).

Vale a pena o tempo investido. O final é…..rsrsrsrrs….sem chance de contar. Vale  apena ver a história.

Vou estudar e quando o sono chegar dormir e muito. A enxaqueca, velha conhecida desse período chamado tempo de mulheres, começa a se avizinhar. Preparo o Cefalium e o deixo a vista. Muita água e leitura

II Semana 07 a 13 de Abril de 2014 – Estágio aos 50

07:30 Segunda luminosa espreguiço esse corpo que me acompanha tão fielmente nesses 50 anos e fico ali contemplando o céu a partir das grandes janelas do meu quarto. Agora somente eu habito por aqui. Minha colega mudou-se para o segundo andar. Mentalmente repasso agenda e prazos. O tempo pode passar mais rápido a partir de agora.
Separei a parte da manhã para estudar alguns apontamentos feitos ainda em 2012 no curso sobre Sonhos em Carl Gustav Jung. Desde que cheguei separo 01 a 02 horas para passar todos os apontamentos organizadamente para um caderno, assim estudo e retenho melhor as informações.
10:00 adiantei bastante minha produção e fico feliz em poder colorir as palavras, desenhar, rever um tema que tanto aprecio no olha do interessante Jung (para mim). Salto da cadeira rapidamente quando vejo o horário. Vou a casa de banho para meu momento rainha e saio de lá linda para ir até a faculdade. Como vocês podem ver ainda não fui a Biblioteca Nacional, mas dessa semana não passa. Espero não já ter dito isso!
11:30 chego ao Gabinete na Universidade e permaneço toda a tarde revisando meu I Capítulo, encontrando inconsistências e sanando o que percebo não estar bem, condizendo com minha proposta de pesquisa. Depois que iniciei a leitura de um livro indicado pela minha Orientadora (Teoria da História) de José D’Assunção Barros o véu começa a se rasgar na minha frente. É como se tivesse nesse primeiro ano sendo alfabetizada em História (paradigmas, correntes, teorias, conceitos, métodos). É uma experiência diria renovadora e importante, ao menos na minha condição mental e emocional de agora. Digo isto pois as vezes fazemos trezentas coisas em tão pouco tempo, como já ocorreu comigo (entre 21 a 29 anos) que mais pareceu sorver um líquido sem saboreá-lo e me sequestro de mim, como diria Padre Fábio, lembrando que esse processo é o que produz tantas pessoas com tanta história de vida sem se dar conta do que já amealhou por não ter saboreado, tampouco assimilado o saber, a experiência, os efeitos. De fato, a pressa é sim, inimiga da perfeita (bem feita) ação.
Retornei para casa as 20hs bem lerdamente como boa baiana que sou, namorando cada folha que apareceu nessa última semana.
Banho, comidinha, um pouco mais de leitura e o sono briga comigo uma luta livre após ter falado com minha família. Ele vence e me aconchego nos dois pesados cobertores.
Terça preguiçosa…Olho o horário, acreditando que extrapolei o horário e vejo que me enganei. Meu organismo já bem adaptado me desperta as 07. Repito o ritual: dedico duas horas a Jung, a emissão de notas fiscais e sigo para meu momento rainha. Capricho no batom, no casaco (hoje nublado) e vou até o correio que aqui foi privatizado. Lindo! Parece uma boutique. Funciona de forma extremamente precisa e os atendentes simpáticos, interessados em bem atender aos clientes. Encaminho o um documento para o Brasil por conta do prazo que é curto.
Sigo para realizar a entrevista com uma brasileira que está aqui há a mais de 11 anos, trabalha desde que chegou aqui em Lisboa em um salão como manicure. Casou-se com um português. Ambos têm um bebê de 08 meses. Chego mais cedo, ela me oferece um café e conversamos por 30 minutos. Gentil colabora bastante nas questões que apresento. Quando encerro nosso tempo, perguntando se retornaria ao Brasil, ela sorri e docemente responde que não.
Agora é transcrever e guardar o material para análise oportuna.
Volto de metro a fim de evitar atrasos na aula que começa as 14hs. Passo no gabinete e fico sabendo que não haverá aula. Vou tomar um café com as colegas e voltamos a trabalhar cada uma no seu Projeto. Quando Lu anuncia que vai para casa, impulsivamente pergunto se posso acompanha-la até Sintra.
A auto estrada nos animava a conversar de tão boa e bem sinalizada. Eu atenta, reparava como os policiais surgiam do nada e com precisão paravam os autos. Lu esclareceu que eles andam munidos de suas máquinas de cobrança. Multa e pagamento imediato. As leis de trânsito funcionam de forma efetiva sem discussão e as pessoas respeitam sobremaneira a ação policial. Fico encantada e sem palavras!
Filmo, fotografo e aproveito bem o passeio. Meu retorno será de comboio (trem).
A cidade (uma vila) embora pequena é bem aparelhada e emocionante de visitar por ter sido importante e presente na História em todos os períodos. No medievo chamava-se Sintrua, Sobreviveu ao terremoto de 1755 e desde então foi moradia da nobreza, acolheu e acalentou o romantismo e hoje é considerada pela UNESCO como paisagem cultural. Inspiração de artistas de todas as formas de expressão, ainda hoje é refúgio de sentimentos e emoções. Guarda ruas estreitas e sinuosas. O Castelo dos Mouros, Convento da Pena, Quintas da nobreza e de artistas inúmeros que brindam nossos olhos tamanha magnitude dos detalhes em cada construção. É o único lugar aonde a melancolia é feliz segundo um poeta local.
Começo minha viagem de retorno a partir das 20:30 min com uma leve falta de ar e a bexiga daquele jeito…Ai meu Deus….o suspense…uma dezena de estações, dois câmbios de linhas (azul e amarela) mais seis estações. Preciso segurar a onda! Rsrsrs
As 22hs, caminhando como Gisele Bündchen (catwalk), para manter minha bexiga comportada e suportar subir os dois andares que me separam do meu quarto. É de morrer de rir a forma como gerencio a situação, mas vou segurar o riso, pois ainda não quero antecipar a fase da incontinência.
Consigo vencer! Agora um banho renovador, um lanche leve e um filme para espairecer e acomodar a adrenalina. Soninho se achega, recolho-me ao meu quarto.
Quarta, 7hs desperto e programo organizar meus pertences pela manhã. Minha aula hoje será às 16hs. Dois seminários sobre Habitação (expansão desordenada). Prof. Jorge Malheiros, meu Supervisor de Estágio.
Dias passando rápido! Faço meu desjejum, ponho roupas para lavar, separo as que precisam ver o ferro de passar, limpo e organizo meu quarto e sigo para a cozinha. Aqui procuro ajudar a moçada. Todo jovens, graduandos, mestrandos e doutorandos ainda na fase bem individualista e animosa de ser. Uma residência confortável com fronteiras bem delineadas e reforçadas com o velho disse me disse de uns poucos sobre os muitos. Me alijo dessa atmosfera por saber aonde vai dar e o que custa para a vida. Aos 50 não posso me dar ao luxo de permitir o ingresso de questões mesquinhas na minha vida. Meu papel aqui não é de mediar, mas de vencer cada dia mantendo meus propósitos e quando possível silenciosamente cooperar.
Sigo para os Seminários e bebo do conhecimento do meu Supervisor, um ser humano generoso, atento e extremamente empreendedor de saberes. Leciona, escreve, coordena pesquisas, fomenta investigações. Fora do comum!
Após as apresentações fico com as colegas 20:30 no gabinete.
Vou dormir pensando em todos os eventos do dia, mas o desconforto que causo retém minha atenção!!!
A questão é que gosto de pensar no coletivo e tratar individualmente com excelência, mas nem sempre alcanço sucesso.
3:40 de Quinta-feira, acordo sobressaltada e fico na janela que deixei aberta por conta de ter sido vencida pelo sono. Olho para as luzes da lateral do edifício, as folhas balançando ao sabor do vento e a falta de sono se pronuncia. Bem, já que não consigo dormir, ligo o note e vou trabalhar. Sigo concentrada na minha produção até 5:50 quando meus olhos poderosamente se fecham. Sem chance de continuar, deito e despenco no sono.
Desperto com calor e ao olhar as horas vejo que avancei muito. 9:40, caramba. Banho, café, gabinete e enfim, aguardando a colega para irmos até a Biblioteca Nacional (disse que dessa semana não passaria).
Seguimos caminhando. Está próxima ao prédio onde estou. Já pela calçada noto as riquíssimas construções do ponto de vista histórico. Estilos que me fazem lembrar o Museu de Petrópolis, da Quinta da Boa Vista, o Liceu Dom Pedro II, o Teatro Municipal no Rio de Janeiro, Algumas construções que sobrevivem à modernidade da Avenida Paulista, Olinda em Pernambuco e outras tantas das Minas Gerais. A gigantesca se revela diante dos meus olhos, imponente, majestosa. Um lugar onde passaria um largo período a ler se pudesse varar noites.
Lu se dirige ao balcão, renova seu cartão para um ano no valor de 12 euros. A semana vale 3 euros. Funciona de 9 as 21hs. Atendimento impecável, interessado, gentil como nos correios.
Prefiro não fazer o cartão agora. Me dirijo a uma ampla e moderna sala com livros e livros a disposição para quem apenas quer desfrutar do wifi ou simplesmente ler. A senhora adiante de mim por exemplo está checando seu facebook.
Após a anuência do atendente, pego um livro da História Cultural de Portugal, expoentes que constam na BN, depois um outro apenas de biografias e me perco no tempo. Pesquiso sobre Gilberto Freyre, o que dispõe a BN para um colega que está doutorando e sua pesquisa trata desse incomparável autor.
Olho as horas, 2h em uma piscada de olhos. Vamos ao refeitório, valido meu cartão de estudante investigadora e desfruto de uma prato típico do Porto chamado Francesinha. Bom, sem mais delongas.
Saio correndo para os Seminários de hoje as 14hs: Economia do conhecimento e Criatividade em Madrid e Criatividade urbana em Lisboa. Dois Drs. Expoentes no tema. Avançamos até as 17h. Acompanho um colega que está fazendo pós doc aqui. Passo no gabinete me despeço, desejo Feliz Páscoa. A universidade faz um recesso de uma semana por conta das férias da Páscoa. Uma semana para trabalhar e atualizar tudo o que preciso. Não posso perder o passo tampouco o compasso. Converso com minha amada família. Recebo um convite de uma colega para ir visitar as ruínas mas tenho que chegar as 6 hs da manhã no Rossio. Fica a 20-30 minutos de metro. Mas o metro começa as 6:30. Motivo? Visitar as ruínas romanas (galerias) na Rua do Prata. Centro antigo de Lisboa. Fiquei a pensar e decidi. Durmo cedo e vejo….
2hs, 3:20, 4:40, 5:30…opsss, depois de picotar todo o sono, decido. Vou encarar. As 6 em ponto que era para estar lá, me agasalho e sigo o rumo que desconheço. Tudo escuro, muitas pessoas da África saindo para trabalhar. Pergunto, pergunto até que uma Senhora me diz: pá vai de 736, passa com som de (pacha) no Rossio. E lá vou eu. O trajeto é bonito, as luzes, lampiões do século XVIII, árvores frondosas dividindo a imensa pista que acolhe elétrico, comboio, autocarros e carros de passeio harmonicamente. Pergunto sobre a Rua do Prata e pelas indicações, errando, acerto e não vejo nada de movimento. Avanço timidamente (imaginem eu tímida) caminhando pelas ruas do Centro de Lisboa as 6:30 da manhã. Algo impensável não é? Rsrsrsrs
Duas jovens passam por mim com cara de quem procuram algo também. Sigo meu rumo..Paro mais uma vez, confirmo e agora sim. Sei que vou virar a direita após a segunda quadra. Chegando sou recebida com carinho e surpresa. A Monica e uma amiga alegre repetem: Viestes, viestes pá. Abracei-as e passamos a conversar animadamente quando as duas jovens se acercaram também timidamente (elas, de verdade). Depois ficamos amigas de fila Joana a colega, Fernanda, Monica, Ana e eu. Todas animadas por conhecer as ruínas subterrâneas que são visitadas apenas duas a três vezes a cada ano. Inicia a visitação as 10hs da manhã. Ingressam na galeria grupos de 25 pessoas de cada vez. Para vencer o frio, café quente e aproveitamos uma por vez para usar a casa de banho do pequeno café aberto àquela hora. A fila cresce, se agiganta, ultrapassa dois, quatro, seis quarteirões e hoje não é o dia mais procurado Sábado e domingo é pior….diz quem conhece do sapateado. Pessoas aguardam muitas horas com sol na moleira.
Informo as minhas colegas de fila que vou caminhar, mas voltarei. Rápido, atravesso ruas e praças no entorno, da Rua da Conceição. O frio esmaece. Venço três quarteirões e retorno. As lamparinas se apagam e o dia se apresenta claro com uma brisa elegantemente fresca. Nem fria, nem gélida, fresca.
Após quase 4 horas de espera, o movimento de abertura da escada se inicia, bombeiros, servidores da Câmara de Lisboa, antropólogos, uma imensidão de gente. Fixo meu olhar em uma figura de homem ruiva, nada convencional de blusas e botas de cano alto (galochas) com um par de brincos, caminhando rápido e decidido. Senti cheiro de gente que sabe o que está fazendo e comentei com as colegas: Esse é o cara, sabe demais! A Fernanda disse que ele era estranho. Concordei, mas se ele for guiar grupos que seja ele, pois ele sabe e muito, afirmei sorrindo, seguindo minha intuição. Somos as primeiras a descer as escadas no meio da rua. Não sabíamos se fotografávamos ou se descíamos. Adrenalina pura. Ao desde cuidadosamente nos vimos abaixo do solo a galeria perfeita, ainda com resto da água bombeada pelos bombeiros que ali atuavam. Quem está a nos aguardar para iniciar a História? O homem ruivo de brincos e jeito de quem sabia. O antropólogo Carlos (esse era seu nome) aguardou as 25 pessoas se achegarem, pediu desculpas e começou a falar. Sabe quando a pessoa sabe o que está falando e se emociona? Pois é! Ele começou a recitar a época romana Imperial desde a metade do Século I d. C. Lembrei outra pessoa que da mesma forma se emociona e nos emociona quando fala da Antiguidade, o professor Gilvan da UFES, outra autoridade na sua área. Transportei-me para o que Carlos falava e não me dei conta dos quase 40 minutos que ficamos ali abaixo do solo no meio da rua da Conceição – Centro de Lisboa. Valeu a pena conhecer as Galerias Romanas, agora sei o nome certo que está disponível ao público 01 vez por ano e por apenas três dias das 10hs as 17hs.
Eu e as duas jovens após a visitação fomos as Elevador Santa Justina, outro lugar impossível de não se visitar. Ao invés de pagar o ticket (1,50 euros) fomos como todo bom estudante. Subimos a ladeira na lateral do elevador e vagarosamente vencemos a inclinação. Lá do alto, toda a Lisboa, os telhados de Lisboa (como disse Mônica e Ana) aos nossos pés. Rimos, tiramos as fotos e contemplamos aquela enormidade de beleza. Ao lado as construções de restauração do Museu da Antropologia. Profissionais com pás pequenas, escovas, recolhendo resquícios ainda do período do terremoto (1755).
Despedi-me do pessoal e fui matar minha curiosidade em experimentar os elétricos (trens modernos – espécie metro de superfície) com imensas janelas. Fui até Algés, a última estação. Viagem que dá para desfrutar de tudo que a cidade pode ofertar visualmente. No retorno preferi vi caminhando. Parei em um café bem charmoso. Desfrutei de um pequeno lanche com um pão doce chamado travesseiro. Para a digestão caminhei bastante. Passei pela Torre de Belem, Centro Cultural e monumento e Padrão dos Descobrimentos até a Doca de Belém e daí desfrutei da Praça do Império e na caminhada de retorno deliciei-me com um Pastel oficial de Belém na loja que existe desde 1837. Impossível não desejar desfrutar isso com minha filha e marido. Lembro dos dois com carinho, sentindo falta do olhar e sorriso de ambos.
Caminhei mais um tanto e descansei em um belo jardim chamado Ultramar. Ocultei completamente de mim mesma que havia marcado de ir com um colega a Biblioteca, até porque já havia ido, mas foi uma brutal indelicadeza da minha parte. Precisarei desculpar-me.
Na volta, satisfeita com minhas andanças, deliciei-me com o cansaço físico. Subi as escadas animadas e alguns colegas assistiam a um belo filme que relata o encontro de um filho com o pai sob o pano de fundo da aurora boreal com distância temporal de 30 anos entre um e outro. Ali fiquei!
Após o filme, cumpri meu compromisso de limpar a cozinha segundo a escala estabelecida e aí sim, adentrei o meu quarto, usufrui de um delicioso banho e com alma enlevada, sentei-me a ler até que o sono chegou. Já vencia as 24h, 20h na minha pátria.
Sábado, 8:40…de olhos fechados passei minha mão para alcançar o livro que me toma a atenção, Teoria da História para reler e avançar na leitura. Fico ali por mais 02h e meia, até que dedico meu tempo posterior ao caderno com Jung. Assim minha manhã é vencida. Saio do quarto já passam das 13hs para almoçar. Natural aqui que as pessoas almoçam a partir das 14hs.
À tarde pesquiso sobre material para os trabalhos de Madri e Sevilha que se avizinham e preciso ler Artigos para respaldar o que construirei atenta às orientações da minha orientadora e co-orientadora. Preciso me preparar para o domingo, pois terei a disposição ou quase todo o material a ser coletado, cujo tema preciso concretizar em informações para serem analisadas.
Já a tardinha descanso e arrumo a cozinha, meu último dia na escala. Durmo cedo para domingo seguir na minha aventura de encontrar a família missionária e entrevista-los, desfrutar de um tempo que certamente será bom.
Domingo inicialmente nublado que se revelou ensolaradíssimo no decorrer do período. Fui até a estação Entrecampos, gigante, organizada de comboios (trens) de dois andares. Hoje passo pela ponte 25 de Abril que lembra a ponte de San Francisco. Maravilhosa e agrega a passagem de autocarros, carris e comboios (carros, ônibus e trens) em duas dimensões. Espetacular. Chego em Almada na Estação de Pragal e de lá sigo para Ramalha. Passo uma estação, pois para abrir as portas preciso pressionar um botão e como não o fiz, parei na Cova da Piedade para então retornar.
Fui ultra bem recebida pelo casal que já conhecia de Vitória, tendo acompanhado o processo da viagem deles aqui para Portugal e compreendi que o período de 06 anos alcançaria o objetivo a alcançar na pesquisa empreendida. Movimentação, alimento, reencontros agradáveis, culto, louvor, afeto e missão marcaram o dia de hoje. Consegui conversar com o casal e os filhos. Minha missão se cumprira. Retornava no barco de 21:30 para Lisboa. Lua cheia linda. Muitos turistas na travessia, a maioria de alemães.
Chegando foi difícil dormir por tantas conquistas em um só dia. Determinar um ponto e chegar, manter o foco é sensacional. Consegui ainda pré agendar mais duas famílias. Ainda tentarei alguém de Torres Vedras. Talvez para a próxima semana.
Ah….depois de muito pesquisar consegui tickets para Barcelona. Tudo certo. Albergue na Plaza Cataluña. Dia 3 viajo para assistir aos trabalhos do Colóquio Internacional de Geocrítica onde meu Supervisor apresentará sua mais recente investigação e a doutoranda Luciana falará do trabalho que apresentou no Mestrado sobre Turismo, Território e Prostituição. Vai ser muito bom!
Vamos à terceira semana. Pelo fato do texto ter ficado gigante na próxima semana dividirei em duas publicações. Segunda a quarta e depois de quinta a domingo. Fica melhor para todos nós, creio. Obrigada pela torcida por conseguir ir a Barcelona e por acompanharem os relatos. Sinto falta da energia de vocês e lamento ter decidido publicar toda a semana de um a única vez. Pronto, mudarei a estratégia.

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20140411_095421     II Semana - Estagiária aos 50

Descobertas da Semana

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e por acompanharem os relatos. Sento falta da energia de vocês nessa semana que decidi publicar por inteiro.

VI Dia – Estágio aos 50

VI DIA – SEXTA
Acordei com barulho de cadeira arrastando no chão, não sei de onde, talvez dos sonhos.
07:36. Fiquei na cama um pouco, espreguicei e repassei meu dia mentalmente. Estou vencendo as pendências e ingressando na programação da dissertação (leituras, averiguações, pesquisas e escrita).
Tomei café da manhã, assistindo a novela Caras e Bocas, vocês acreditam? Aqui passa pela manhã bem cedo, tipo 8 da manhã. A programação brasileira é toda de ponta cabeça.
Fiquei estudando até as 14hs quando fui fazer meu almoço. Cozinhei um ovo e macarrão com sal e manteiga que ficou delicioso. Degustei do meu banquete, arrumei tudo. Segui para a Universidade. Muita chuva e frio no caminho. Cada passo uma lembrança de Vitória, das Instituições que dou aula, dos alunos e alunas que me desafiam a ser melhor a cada flash.
Chegando me dirigi ao gabinete para encontrar dois colegas e seguir para o Seminário RID que significa….rsrsrsrrs, eu ainda não sei!!!
Os temas tratados são sobre mortalidade e expectativa (esperança em Portugal) de vida e principais motivos das taxas de mortalidade, ambas as pesquisas realizadas por graduados e professores do Instituto Nacional de Estatística. Ao término da apresentação quando relatam que a conclusão foi que os índices se elevam (idade e condição) por doenças circulatórias, respiratórias e neoplasias. Não me contive, perguntei sobre que seriam as outras causas? Respondem que seriam acidentes, comportamentos de risco na idade entre 20 a 30 anos e suicídios. Comentei sobre violência e vocês precisavam ver o semblante surpreso dos pesquisadores que afirmam ser muito pouco a se considerar como relevante. Lembrei-me da nossa realidade, das dores das diversas famílias que perdem seus filhos seja para as drogas, tráfico ou assaltos a mão armada e mentalmente conclui que temos um percurso grande a percorrer. Ao final das atividades doutores, mestres, pesquisadores, todos conversamos com respeito e envolvimento sobre os temas. Nos despedimos.
Permanecei na Universidade até as 19hs trabalhando com Marina (arquiteta pesquisadora do IGOT).
Chegando em casa, direto para a cozinha, claro….rsrsrsrsrsr
Encontrei Gilberto, Bill Do e lá ficamos a preparar a janta (cada um fazendo a sua) e falando do dia. Eu e Bill Do em inglês e Gilberto com minha parca tradução, nos comunicamos bem. Sorrimos, falamos dos pratos que fazíamos e as diversas culturas (Brasil, Angola e Nigéria). Cada um com seu prato de estudante (gigante…) partilhamos do momento na sala de televisão que levava um programa da Rússia…Tudo a ver! Rsrsrsrs
Falei com minha família (Skype) para quem apresentei meus colegas.
As 22:50 essa que vos fala, agora rainha, segui para meus aposentos e pós higiene, zzzzzzzzzzzz.
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V DIA – quinta – Diário – Estágio aos 50

Ao lado, uma Biblioteca sensacional.
Ao lado, uma Biblioteca sensacional.
V DIA – QUINTA
Uma rainha…a despertar. Apesar de nublado as 7hs olhei ao redor. A companheira goiana dormia. Esforcei-me para não fazer ruídos. É muito ruim assustar com barulhos enquanto se dorme.
Peguei note, caderno e demais acessórios e determinada iniciei as pendências ainda do Brasil para resolver.
Foram exatas 6 horas e 30 minutos de imersão total, sem uma palavra, uma caminhada, uma mastigada. Agora uma e meia da tarde aqui e nove da manhã aí é que colocarei minha linda face diante da rua, claro depois que tratar da higiene matinal ou tardal como queiram.
Aproveitarei o dia de hoje para almoçar de verdade. As 14hs inicia o horário de almoço. Tenho 30 minutos para me organizar e sair.
Destino após o almoço: Universidade para um alô e conhecer a Biblioteca Nacional.
Rsrsrsrsrsrs…Após uma almoço tri sensacional (sopa de legumes, pão – vocês já sabem o tipo, massa escura, deliciosa, sem fermento, uma caneca de tônica e para completar uma toranja)…quase uma sucuri hibernando, serpenteando atravessei o parque e lá me fui ao gabinete da Universidade. Chegando lá encontro a portuguesa Marina, pessoa simpática, sorridente que ama as cocadas brasileiras, a Luciana com coque estiloso, elegante e a luminosa Katielle, pernambucana, chegada do Brasil ainda antes d’ontem. Sorridente, abraçou-me com abraço nordestino, daqueles que agarra, acolhe e aperta, verificando a força da pessoa de amar, se entregar e se alegrar com ações receptivas e produtivas. Eita que fui lá na Bahia pescar a parte que me cabe e daí para tarde preferi permanecer até as 6 e meia da tarde, trabalhando com as colegas, entre um hum hum, teclado de quatro computadores, sorrisos, paçocas e bolo de rolo vulgo rocambole na região sudeste.
Um convite inusitado do simpático professor que aqui Supervisiona minha atividades: ir até Barcelona com esse grupo assistir aos trabalhos que serão apresentados. Investigando ainda a possibilidade financeira de ir. Tenho que arcar com deslocamento e alojamento. Comer não precisa. Tenho reservas. Ainda não desisti. De avião sei que não vou.
Amanhã (sexta) representarei o Instituto de Geografia do Território da Universidade de Lisboa) no Seminário da RID. Depois conto o que aconteceu e o que é RID.
Quando dei por mim já tinha perdido a hora da Biblioteca e num repente perguntei aonde encontrava cinema e se estava levando a Menina que roubava livros. Marina gentil corrigiu: A rapariga que roubava livros. Sorri e assenti. Ela orientou-me a ir de Métro com ênfase no Mé. Lá fui eu estações Saldanha e San Sebastian. Caí dentro do El Corte Inglês, Shopping dos mais abastados de Lisboa. Falei com Karina que ela não me venderia o valor de estudante, por ter deixado minha carteira brasileira na Residência. Ela sorriu e cobrou valor estudante. E me dei conta como é bom viver em um lugar que nossa palavra vale e as pessoas não partem da média geral de que as pessoas mentem.
Corri, comprei uma pipoca clássica (7,50 euros) R$25,50. Que absurdo!!!! Se tivesse feito a conta não compraria…Saiu caro esse cinema. O próximo será sem pipoca. O ticket do cinema foi R$19,04. Menos mal. Tudo muito confortável e limpo. Sai de lá as 22hs. Fui ao supermercado comprei 5 litros de água, 150 gr de queijo flamenco e 460 gr de pão de forma por 2,98 euros – R$10,13. Isto já não foi caro!
O filme dispensa qualquer comentário. Recomendo sem dúvidas na alma.
Fiz o caminho de volta com a bolsa de 5 lt de água, senti falta de ar na estação Saldanha. Parei para recuperar o folego de 50. Lembrei o rosto alegre da minha filha e reanimada mas devagar, cheguei às 23:45 em casa. Guardei as compras no armário e sentei na sala de TV a comer uma toranja, conversando com Edson, outro angolano que faz Economia aqui na Universidade Lusófona. Ele relata da qualidade e bondade dos professores brasileiros que conheceu, o quão a turma jovem daqui apura pouco para os estudos e como ele gosta de feijão.
Passava de meia noite, segui para meu quarto, despedindo-me do Edson e prometendo no sábado ou domingo fazer um feijão especial para a galera da residência, desde que comprem os mantimentos, óbvio. Ainda consegui conversar com meu grande parceiro de vida, meu marido que de longe apoia e anima a consecução dos meus sonhos.

Diário – Estagiária aos 50

III DIA
Estou de parabéns. Consegui acordar as 8:40. Mas como não sou de ferro fiquei na cama até 9:30. Iniciei o procedimentos de sair do quarto e ir até a cozinha preparar meu café. Tentei falar com minha família sem êxito. Lá são 5:30, imagina quem vai despertar?
Durante o café eu e David, angolano, conversamos bastante sobre a condição do estudante angolano em Portugal. Ele é um sujeito bem politizado e crítico. Não gosta de dizer idade, embora eu já saiba que tem 28 anos, disse ter 49. Talvez para me agradar, sabendo que tenho 50.
Conheci hoje a Dna Isabel, miúda que atua na governança da residência. Vesti as roupas para encarar o frio. Sai de lá, atravessei o parque que preciso dizer, ainda que com chuva muito lindo e bem cuidado mesmo. Me peguei pensando quando nós brasucas iríamos ter uma relação de amor e zelo com nosso patrimônio geográfico, estrutural e cultural?
Cheguei à Faculdade já quase próximo de meio dia. Prof. Estava a aplicar testes. Dirigi-me ao gabinete, onde conheci Marina e Luciana pernambucana que se apresenta como Geógrafa na linha humana. Ela está finalizando o doutoramento. Deu dicas bem legais sobre a Biblioteca Nacional e a cidade aonde mora, Cintra.
Veio com marido e filho e conversou sobre os ganhos que tiveram em segurança, educação e qualidade de vida, embora tenham que economizar mais. Em Cintra, 40 minutos da Universidade, os alugueis são mais baratos.
Bem, hora de estudar…
Opsss, dois intervalos para um pingado 0,49 euros foi meu custo de hoje. Noventa e oito cents de euros, muita água que trouxe e beliscos que tinha no gabinete do professor (pão com queijo e chouriço e bombom da Garoto, isso mesmo da terrinha).
Desmontei meu QG de estudos sem internet. Investi toda a tarde em organizar o material coletado por Capítulo da dissertação. Vi o que precisava melhorar no capítulo I e o que me possibilitaria uma melhor construção do capítulo II. Separei as fotos que fui sacando por dia enfim…aproveitei para dar uma organizada e faxina geral nas pastas e arquivos do note.
Na caminhada de volta, já sabia melhor o caminho, otimizei o percurso e investi exatos 25 minutos da Universidade à residência. Pronto garanti uma atividade física de 50 minutos em caminhada não horizontalizada em um bom ritmo.
Chegando na residência por volta das seis e meia da tarde, pouca chuva, muito frio, vi que acontecia uma comemoração, mas não me detive. Estava cansada. Subi os degraus ainda com as energias que me sobravam. Acomodei minha bolsa nada leve e dirigi-me à cozinha (entrei na escala da limpeza-vou debutar dias 9 e 10 de abril). Ali fui surpreendida com duas enormes bandejas de salgados e doces (pastel de Belém e empadinhas de coco queimado).
Rsssss, e haja calorias para gastar amanhã. Conversei no zap zap até tarde e o sono tardou a chegar pois hoje não consegui ver as caras lindas nem da minha filha, tampouco do meu marido. Internet lenta, skype não conectou de forma alguma.
Sai do quarto fui cumprimentar BioDo, colega nigeriano e combinamos café da manhã as nine o’clock. Ainda conversamos sobre costumes da Nigéria e Brasil, em inglês. Gastando…meus professores Gustavo, Júnior e Sandler do Centro de Línguas UFES se orgulhariam dessa aluna.
Meia noite…arrumo a roupa do dia seguinte, escovo os dentes, deito e fico vigiando o teto, as sombras até adormecer.

IV DIA
Uhuhuu…começando a adaptação. Hoje me superei. Até o sol se levantou para me receber.
Despertei às 7hs da matina, disposta. Espreguicei todas as partes desse corpo de 50, estralando os ossinhos, esticando os músculos trabalhados no NUPEM com Prof Sérgio e Cucha carinhosos que só.
Fui a casa de banho (rsrsrsrsrs), não é longe do meu quarto, é dentro e saindo da minha cama, viro a direita e pronto, rsrsrsrsrs. Vocês estavam pensando que era uma casinhola fora do prédio não é? Não, não é! É um belo banheiro.
Ligo o chuveiro para aquecer a água, excepcionalmente, dado o frio daqui. Arrumo a bolsa, separo os livros, cadernos que levarei hoje. Saco as roupas e me deleito com a água escorrendo pelo meu pescoço, costas, barriga tanquinho e coxas. Para não perder o hábito lavo a calcinha e lembro que esse é um diário de estudante e não de contos eróticos. Rsrsrsrsrsrsrsrs.
A combinação da calça preta com bege aprovada sigo à cozinha para preparar meu desjejum. Dois ovos mexidos, queijo e salame defumado espanhol. Uma caneca de leite quente, café solúvel, uma banana e um copo de sumo de laranja com maracujá. Visse que almoço. Minha próxima refeição acontecerá após as 15hs, portanto…preciso de reservas.
Lavo tudo, cumprimento David, vejo de esguelha um pouco do programa brasileiro Boa Forma e enfim, saio caminhando com o sol brilhando, o frio me abraçando e as nuvens pesadas prometendo.
Mais uma vez de tantas que ainda repetirei, atravesso o parque. Hoje evito a passarela, atravesso a pista, contemplo as gotículas de água percorrendo suavemente a superfície dos caules e folhas.
Sorri e alegre pensei: Estou aqui!
Rememorei na caminhada meus 20 e poucos anos quando tentei a Universidade Estadual, no entanto por ser o curso período integral não pude realizar a inscrição, parti então para um Faculdade particular.
Cursei um mestrado profissional na Espanha e o gosto de quero mais ficou, mas intentava dessa vez cursar na Federal do ES.
Depois de certa dificuldade para me inserir em uma área e após três provas, duas reprovações, ingressei na História.
Na Psicologia não dominava nem coadunava com o discurso da Social. Faço parte do grupo da filha bastarda, a psicologia organizacional enjeitada por servir aos capitalistas e coincidentemente empregar um quantitativo significativo de profissionais do comportamento.
Na Educação não me preparei para a entrevista, versando sobre autores distantes da realidade e interesse local.
Assim após essa batalha de áreas, não encontrando ressonância ou acolhimento, decidi gostar de quem gosta de mim.
Vivenciei três disciplinas na História que me sequestraram positivamente minha mente e minha alma. Professores talentosos me guiaram por caminhos áridos e extremamente interessantes, tomando toda minha atenção e interesse. Impossível não admirar o rico trabalho do historiador e muitas vezes nas aulas me vi pensando a Psicologia dialogando com a História de forma entusiasta, trocando pormenores, apropriando-se de forma diferenciada da história do homem, do seu comportamento e atitudes. Não conseguia separar o comportamento da cena da história e assim fui tornando-me uma históloga (historiadora-psicóloga).
Trabalho hoje com duas profissionais (orientadora e co-orientadora) competentes, generosas na troca do saber e identificação de oportunidades. Assim diante de uma oportunidade para uma seleção com vistas a um estágio na universidade de Lisboa, tendo conversado com minha família que deu o aval, parti para o preenchimento da papelada e produção do que seria necessário para concorrer a tal vaga.
Após uma primeira aprovação, resultado cancelado por ilegibilidade, uma espera de mais três meses, enfim a aprovação sai e me vejo na lista após minha torcida (marido e filha) baixarem a planilha, tornou-me uma Estagiária para a Europa na plenitude dos 50 anos de vida.
Ocorreu-me mentalmente quantas mulheres tiveram essa mesma oportunidade e se alcançam quantas se desapegam para aproveitarem?
Tudo isso, no período da Defesa de uma dissertação sobre Imigração Cigana no IGOT entremeando com as observações coletadas na explanação da candidata, da banca e interferências da minha mente e dedos que teimam em teclar essas palavras. Aqui meio dia, no Brasil 8 hs da manhã.
Estudei toda a tarde e noite. Cansada aos pingos de sono 23:48!
V DIA
Uma rainha…desperta. Apesar de nublado as 7hs despertei e olhei ao redor. A companheira que não é petista dormia. Esforcei-me para não fazer ruídos.
Peguei note, caderno e demais acessórios e determinada iniciei as pendências ainda do Brasil para resolver.
Foram exatas 6 horas e 30 minutos de imersão total, sem uma palavra, uma caminhada, uma mastigada. Agora uma e meia da tarde aqui e nove da manhã aí é que colocarei minha linda face diante da rua, claro depois que tratar da higiene matinal ou tardal como queiram.
Aproveitarei o dia de hoje para almoçar de verdade. As 14hs inicia o horário de almoço. Tenho 30 minutos para me organizar e sair.
Destino após o almoço: Universidade para um alô e conhecer a Biblioteca Nacional.

Diário de uma Estagiária de 50 anos

I DIA
Bem pessoal, agora é mais que oficial, é real. Cheguei há 6 horas atrás em terras lusitanas. Ainda ontem em Viracopos-SP a viagem se configurava tranquila.
Ainda não conhecia serviços da TAP. Atendimento impecável, gentil e preciso.
Amanhecemos em Lisboa, 12 graus, vento gélido. Aeroporto pronto para a Copa (opss esqueci que a Copa será no Brasil).
Aeroporto de Lisboa super melhorado de quando estive aqui em 1998 (EXPÔ – água no mundo), grande sem ser faraônico, confortável, desembaraço de malas, pessoas, passaportes, tudo muito fluído, associado com o Metro que hoje tem 04 linhas, cortando toda a cidade. Ticket 1,25 euro.
Com 20 Euros fiz a festa no supermercado. Aqui na Residência universitária tenho por colegas: uma goiana Régia fazendo doutorado em Geografia, o Bill Do, nigeriano simpático por demais com quem vou colocar meu inglês em uso, gente da Angola, Zambia e outros que ainda não conheci.
Chegando do Continente Supermercado já fiz comprinhas que cooperou na feitura de um lanche para lá de especial com o maravilhoso pão de Mafra (farinha escura).
A localização é ótima. Atravessando o parque estou no Laboratório aonde desenvolverei os estudos (IGOT) Instituto de Geografia e Território.
À frente um parque lindo ladeado por árvores antigas e onipotente. Bancos, Estátuas, obras de arte sem pichação e valorizadas.
Por hora é isso…
Dormindo na frente do note.
Até mais tarde…

II Dia
Uiiii…bom dia! Dez da manhã. Cara absolutamente amassada, cabelo completamente enrodilhado, corpo dolorido em processo de adaptação ao colchão de molas. Levantei sabendo onde estava, fui até a janela espreguicei meu corpo que reclamou do esticão. Chamei minha família no Skype, no Brasil 6 da manhã. Papo em dia, banho e arrumar para sair. A chuva cai torrencialmente. Pego a sombrinha que a Profa lembrou e a filha insistiu que trouxesse. Fui salva!…
Atravessei o parque que separa a residência da universidade. Lindo com árvores frondosas e bem cuidadas. Parei em um café, claro para aquecer minha alma com esse saboroso líquido, café com leite, acompanhado de um pastel de Belém enormeeee.
Degustei olhando para o entorno. Jovens espalhados em todas as mesas, conversando, sorrindo e fumando (ninguém merece) dentro do Café. Vi-me ali sentada com os pés encharcados, a sapatilha gelada e as meias, bem as meias lâminas de gelo envolvendo meus pés.
Pedi informações sobre onde queria chegar e me disseram: Vá de metro pois com essa chuva é impossível. Rsrsrsrs, sorri internamente. Mal sabiam eles que impossível é o combustível para eu ter vontade de fazer. Lá fui eu aquecida pelo café com leite enfrentar chuva, vento e frio para chegar a um lugar que ainda não tinha discernimento de onde era. Parei, fotografei, filmei, perguntei, enfim….
A dica era: fica entre os prédios de Direito e Farmácia e é um pré fabricado. Procurei confirmar com a funcionária da guarita do estacionamento e ela ocupada ao telefone disse não saber.
Mais uma parada para proteger-me da chuva…Vi o prédio da medicina dentária e o vigilante além de saber saiu para me mostrar. Imagina que o prédio ficava em frente a guarita da Sra ao telefone que não sabia. Adivinhem….Claro! Passei por ela ainda ao telefone e apontei o prédio, é lá, é lá, repeti sorrindo.
Na porta meu coração disparou, sorriu ao ver aonde assistiria as aulas. Adentrei o prédio, perguntei pelo meu Supervisor Prof. Jorge Malheiros. Já sabendo do paradeiro dirigi-me a sala 7 aonde aconteceria a aula de Geografia Social e Cultural levando o tema: Pobreza. Deliciei-me com a aula. Os estudantes alguns compenetrados e quatro dispersos com seus telefones móveis (celulares).
Ao término conversei com meu Supervisor que agendou minha chegada amanhã as 11hs para conhecer os outros pesquisadores brasileiros nos temas: Geografia urbana e Imigração (minha área aqui).
Ao final me antecipei e fui conhecer o prédio da Faculdade de Letras e a sala aonde poderei levantar dados e organizar agenda para entrevistas com brasileiros em Portugal.
Segui em busca de uma loja para comprar uma bota pois a chuva está forte e eu com os pés gelados. Caminhando na Avenida Brasil que fica em frente ao portão principal da Universidade de Lisboa e sorrindo como sempre, passa uma Senhora e agradece pelo meu sorriso, respondi ainda sorrindo mais, de nada…No que ela para e diz: ah esse obrigada é brasileiro e me abraça, beija a testa, chora lamentando que estão destruindo os índios e a Amazônia. Me abraça fortemente fala do nosso coração brasileiro alegre, bondoso, abençoado. Suspende as mãos no alto e grita Vitória no que respondo: do Espírito Santo. Rimos, gargalhamos em plena Avenida Brasil e nos despedimos. Foi o máximo.
Em seguida atravessando a rua me deparo com um casal de ciganos. A mulher me aborda e diz que preciso de sorte, pede para mostrar pulseiras, relógios, pergunta se tenho medo de ciganos. Digo que não e a olho nos olhos dizendo: não tenho dinheiro, repito e ela começa a regatear, dizendo: quanto tens, quanto tens? Eu firme disse: para comprar essas coisas, NADA. Ela desiste de mim e segue.
Entrei na loja dos chinos e procurei uma bota. Achei uma de 10 euros confortáveis, cano curto, uma gracinha. Já inaugurei. São duas pessoas apenas na loja enorme, o que me chama atenção como eles conseguem atender a todos. A mulher fica no caixa e o marido vai ao estoque. Os administradores desejariam entrevistar esse casal que otimiza recursos e maximiza resultados.
Volto para casa para me fartar com um caldo verde e pão Mafra.
Agora e ir a casa de banho, botar pijama e estudar. Ciao pessoal!
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A grandeza na simplicidade

Viajar, inesperar o esperado…viver a expectativa na sua plenitude…
Os passos se atropelam na calçada da Avenida Paulista, meu cérebro atropela os muitos pensamentos que disputam a primazia de concretizar-se. Vou até a Editora combinar detalhes do próximo livro. Idéias surgem coloridas, dando vida à sala cuja janela mostra a chuva refrescando a quentura do dia. Sexta fim de expediente: trens, metros, táxis, calçadas lotadas de gente de todos os estilos, todas as tribos, disputando um canto para encostar o cansaço da semana. Ao sair de Vitória/ES pequena charmosa do Sudeste em direção a Sampa cidade da garoa, cosmopolita que convive em harmonia com a diversidade e por que não dizer adversidade, já enxergo a Livraria Cultura, as exposições do MASP, a Pinacoteca, Museu da língua Portuguesa e as descobertas que se sucedem a cada nova empreitada.
Mais um fim de semana para desfrutar de Yani, o inigualável concertista grego que ama o Brasil e fica estupefato sem querer abandonar o palco quando ouve a brasileirada gritar seu nome inúmeras em alto e bom som.
Recomendo ao menos uma vez por ano uma vivência em SAMPA.
No aeroporto Congonhas o suspense de malas que não chegam. E a minha no meio das atrasadas. Espero, faço graça e penso na Copa em Junho e Julho. Não desfrutarei dos momentos da Copa pois estarei em Lisboa e depois em Paris para reciclagem, estudos e novos aprendizados. Mas, de qualquer forma, me preocupo bastante com os percalços que os turistas poderão enfrentar.
Uma profusão de possibilidades, Miguel Falabella estreando no teatro Procópio Ferreira, o mesmo que trouxe TIM MAIS. Elis, Fagundes, Flávias, peças e mais peças.
Paro no Sujinho para um almoço inigualável: a famosa bisteca ao ponto, queijo de bufallo, pão de sal e uma deliciosa saladas de repolho ao vinagrete. Uma delícia!
Hotel lotado, acomodo a pequena mala amarela recém comprada para a nova leva de viagens. A outra quebrou…
A 25 de março no dia seguinte após um delicioso café da manhã no Mercado Municipal, repleta de pessoas comprando tudo. As estátuas que param as pessoas diante de performances maravilhosas e inesperadas.
A noitinha uma chegada na Bella Paulista, seguida da sempre caminhada na Avenida Paulista, cheirando o cheiro da garoa, dos passos, dos sentimentos que gritam de dentro das pessoas.
De novo: Viagem é permitir-se sair sem nada levar, apenas o necessário. Roupa muita atrapalha, se faltar compra por lá. Livro pesa, mas é bom, faz companhia, ajuda a cochilar. Conhecer gente nova ajuda a ver os tesouros que temos renovar esperanças e não se lamentar. Viajar no espaço, no corpo, na mente, no que os sentidos conseguem alcançar.