VI Dia – Estágio aos 50

VI DIA – SEXTA
Acordei com barulho de cadeira arrastando no chão, não sei de onde, talvez dos sonhos.
07:36. Fiquei na cama um pouco, espreguicei e repassei meu dia mentalmente. Estou vencendo as pendências e ingressando na programação da dissertação (leituras, averiguações, pesquisas e escrita).
Tomei café da manhã, assistindo a novela Caras e Bocas, vocês acreditam? Aqui passa pela manhã bem cedo, tipo 8 da manhã. A programação brasileira é toda de ponta cabeça.
Fiquei estudando até as 14hs quando fui fazer meu almoço. Cozinhei um ovo e macarrão com sal e manteiga que ficou delicioso. Degustei do meu banquete, arrumei tudo. Segui para a Universidade. Muita chuva e frio no caminho. Cada passo uma lembrança de Vitória, das Instituições que dou aula, dos alunos e alunas que me desafiam a ser melhor a cada flash.
Chegando me dirigi ao gabinete para encontrar dois colegas e seguir para o Seminário RID que significa….rsrsrsrrs, eu ainda não sei!!!
Os temas tratados são sobre mortalidade e expectativa (esperança em Portugal) de vida e principais motivos das taxas de mortalidade, ambas as pesquisas realizadas por graduados e professores do Instituto Nacional de Estatística. Ao término da apresentação quando relatam que a conclusão foi que os índices se elevam (idade e condição) por doenças circulatórias, respiratórias e neoplasias. Não me contive, perguntei sobre que seriam as outras causas? Respondem que seriam acidentes, comportamentos de risco na idade entre 20 a 30 anos e suicídios. Comentei sobre violência e vocês precisavam ver o semblante surpreso dos pesquisadores que afirmam ser muito pouco a se considerar como relevante. Lembrei-me da nossa realidade, das dores das diversas famílias que perdem seus filhos seja para as drogas, tráfico ou assaltos a mão armada e mentalmente conclui que temos um percurso grande a percorrer. Ao final das atividades doutores, mestres, pesquisadores, todos conversamos com respeito e envolvimento sobre os temas. Nos despedimos.
Permanecei na Universidade até as 19hs trabalhando com Marina (arquiteta pesquisadora do IGOT).
Chegando em casa, direto para a cozinha, claro….rsrsrsrsrsr
Encontrei Gilberto, Bill Do e lá ficamos a preparar a janta (cada um fazendo a sua) e falando do dia. Eu e Bill Do em inglês e Gilberto com minha parca tradução, nos comunicamos bem. Sorrimos, falamos dos pratos que fazíamos e as diversas culturas (Brasil, Angola e Nigéria). Cada um com seu prato de estudante (gigante…) partilhamos do momento na sala de televisão que levava um programa da Rússia…Tudo a ver! Rsrsrsrs
Falei com minha família (Skype) para quem apresentei meus colegas.
As 22:50 essa que vos fala, agora rainha, segui para meus aposentos e pós higiene, zzzzzzzzzzzz.
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V DIA – quinta – Diário – Estágio aos 50

Ao lado, uma Biblioteca sensacional.
Ao lado, uma Biblioteca sensacional.
V DIA – QUINTA
Uma rainha…a despertar. Apesar de nublado as 7hs olhei ao redor. A companheira goiana dormia. Esforcei-me para não fazer ruídos. É muito ruim assustar com barulhos enquanto se dorme.
Peguei note, caderno e demais acessórios e determinada iniciei as pendências ainda do Brasil para resolver.
Foram exatas 6 horas e 30 minutos de imersão total, sem uma palavra, uma caminhada, uma mastigada. Agora uma e meia da tarde aqui e nove da manhã aí é que colocarei minha linda face diante da rua, claro depois que tratar da higiene matinal ou tardal como queiram.
Aproveitarei o dia de hoje para almoçar de verdade. As 14hs inicia o horário de almoço. Tenho 30 minutos para me organizar e sair.
Destino após o almoço: Universidade para um alô e conhecer a Biblioteca Nacional.
Rsrsrsrsrsrs…Após uma almoço tri sensacional (sopa de legumes, pão – vocês já sabem o tipo, massa escura, deliciosa, sem fermento, uma caneca de tônica e para completar uma toranja)…quase uma sucuri hibernando, serpenteando atravessei o parque e lá me fui ao gabinete da Universidade. Chegando lá encontro a portuguesa Marina, pessoa simpática, sorridente que ama as cocadas brasileiras, a Luciana com coque estiloso, elegante e a luminosa Katielle, pernambucana, chegada do Brasil ainda antes d’ontem. Sorridente, abraçou-me com abraço nordestino, daqueles que agarra, acolhe e aperta, verificando a força da pessoa de amar, se entregar e se alegrar com ações receptivas e produtivas. Eita que fui lá na Bahia pescar a parte que me cabe e daí para tarde preferi permanecer até as 6 e meia da tarde, trabalhando com as colegas, entre um hum hum, teclado de quatro computadores, sorrisos, paçocas e bolo de rolo vulgo rocambole na região sudeste.
Um convite inusitado do simpático professor que aqui Supervisiona minha atividades: ir até Barcelona com esse grupo assistir aos trabalhos que serão apresentados. Investigando ainda a possibilidade financeira de ir. Tenho que arcar com deslocamento e alojamento. Comer não precisa. Tenho reservas. Ainda não desisti. De avião sei que não vou.
Amanhã (sexta) representarei o Instituto de Geografia do Território da Universidade de Lisboa) no Seminário da RID. Depois conto o que aconteceu e o que é RID.
Quando dei por mim já tinha perdido a hora da Biblioteca e num repente perguntei aonde encontrava cinema e se estava levando a Menina que roubava livros. Marina gentil corrigiu: A rapariga que roubava livros. Sorri e assenti. Ela orientou-me a ir de Métro com ênfase no Mé. Lá fui eu estações Saldanha e San Sebastian. Caí dentro do El Corte Inglês, Shopping dos mais abastados de Lisboa. Falei com Karina que ela não me venderia o valor de estudante, por ter deixado minha carteira brasileira na Residência. Ela sorriu e cobrou valor estudante. E me dei conta como é bom viver em um lugar que nossa palavra vale e as pessoas não partem da média geral de que as pessoas mentem.
Corri, comprei uma pipoca clássica (7,50 euros) R$25,50. Que absurdo!!!! Se tivesse feito a conta não compraria…Saiu caro esse cinema. O próximo será sem pipoca. O ticket do cinema foi R$19,04. Menos mal. Tudo muito confortável e limpo. Sai de lá as 22hs. Fui ao supermercado comprei 5 litros de água, 150 gr de queijo flamenco e 460 gr de pão de forma por 2,98 euros – R$10,13. Isto já não foi caro!
O filme dispensa qualquer comentário. Recomendo sem dúvidas na alma.
Fiz o caminho de volta com a bolsa de 5 lt de água, senti falta de ar na estação Saldanha. Parei para recuperar o folego de 50. Lembrei o rosto alegre da minha filha e reanimada mas devagar, cheguei às 23:45 em casa. Guardei as compras no armário e sentei na sala de TV a comer uma toranja, conversando com Edson, outro angolano que faz Economia aqui na Universidade Lusófona. Ele relata da qualidade e bondade dos professores brasileiros que conheceu, o quão a turma jovem daqui apura pouco para os estudos e como ele gosta de feijão.
Passava de meia noite, segui para meu quarto, despedindo-me do Edson e prometendo no sábado ou domingo fazer um feijão especial para a galera da residência, desde que comprem os mantimentos, óbvio. Ainda consegui conversar com meu grande parceiro de vida, meu marido que de longe apoia e anima a consecução dos meus sonhos.

Diário – Estagiária aos 50

III DIA
Estou de parabéns. Consegui acordar as 8:40. Mas como não sou de ferro fiquei na cama até 9:30. Iniciei o procedimentos de sair do quarto e ir até a cozinha preparar meu café. Tentei falar com minha família sem êxito. Lá são 5:30, imagina quem vai despertar?
Durante o café eu e David, angolano, conversamos bastante sobre a condição do estudante angolano em Portugal. Ele é um sujeito bem politizado e crítico. Não gosta de dizer idade, embora eu já saiba que tem 28 anos, disse ter 49. Talvez para me agradar, sabendo que tenho 50.
Conheci hoje a Dna Isabel, miúda que atua na governança da residência. Vesti as roupas para encarar o frio. Sai de lá, atravessei o parque que preciso dizer, ainda que com chuva muito lindo e bem cuidado mesmo. Me peguei pensando quando nós brasucas iríamos ter uma relação de amor e zelo com nosso patrimônio geográfico, estrutural e cultural?
Cheguei à Faculdade já quase próximo de meio dia. Prof. Estava a aplicar testes. Dirigi-me ao gabinete, onde conheci Marina e Luciana pernambucana que se apresenta como Geógrafa na linha humana. Ela está finalizando o doutoramento. Deu dicas bem legais sobre a Biblioteca Nacional e a cidade aonde mora, Cintra.
Veio com marido e filho e conversou sobre os ganhos que tiveram em segurança, educação e qualidade de vida, embora tenham que economizar mais. Em Cintra, 40 minutos da Universidade, os alugueis são mais baratos.
Bem, hora de estudar…
Opsss, dois intervalos para um pingado 0,49 euros foi meu custo de hoje. Noventa e oito cents de euros, muita água que trouxe e beliscos que tinha no gabinete do professor (pão com queijo e chouriço e bombom da Garoto, isso mesmo da terrinha).
Desmontei meu QG de estudos sem internet. Investi toda a tarde em organizar o material coletado por Capítulo da dissertação. Vi o que precisava melhorar no capítulo I e o que me possibilitaria uma melhor construção do capítulo II. Separei as fotos que fui sacando por dia enfim…aproveitei para dar uma organizada e faxina geral nas pastas e arquivos do note.
Na caminhada de volta, já sabia melhor o caminho, otimizei o percurso e investi exatos 25 minutos da Universidade à residência. Pronto garanti uma atividade física de 50 minutos em caminhada não horizontalizada em um bom ritmo.
Chegando na residência por volta das seis e meia da tarde, pouca chuva, muito frio, vi que acontecia uma comemoração, mas não me detive. Estava cansada. Subi os degraus ainda com as energias que me sobravam. Acomodei minha bolsa nada leve e dirigi-me à cozinha (entrei na escala da limpeza-vou debutar dias 9 e 10 de abril). Ali fui surpreendida com duas enormes bandejas de salgados e doces (pastel de Belém e empadinhas de coco queimado).
Rsssss, e haja calorias para gastar amanhã. Conversei no zap zap até tarde e o sono tardou a chegar pois hoje não consegui ver as caras lindas nem da minha filha, tampouco do meu marido. Internet lenta, skype não conectou de forma alguma.
Sai do quarto fui cumprimentar BioDo, colega nigeriano e combinamos café da manhã as nine o’clock. Ainda conversamos sobre costumes da Nigéria e Brasil, em inglês. Gastando…meus professores Gustavo, Júnior e Sandler do Centro de Línguas UFES se orgulhariam dessa aluna.
Meia noite…arrumo a roupa do dia seguinte, escovo os dentes, deito e fico vigiando o teto, as sombras até adormecer.

IV DIA
Uhuhuu…começando a adaptação. Hoje me superei. Até o sol se levantou para me receber.
Despertei às 7hs da matina, disposta. Espreguicei todas as partes desse corpo de 50, estralando os ossinhos, esticando os músculos trabalhados no NUPEM com Prof Sérgio e Cucha carinhosos que só.
Fui a casa de banho (rsrsrsrsrs), não é longe do meu quarto, é dentro e saindo da minha cama, viro a direita e pronto, rsrsrsrsrs. Vocês estavam pensando que era uma casinhola fora do prédio não é? Não, não é! É um belo banheiro.
Ligo o chuveiro para aquecer a água, excepcionalmente, dado o frio daqui. Arrumo a bolsa, separo os livros, cadernos que levarei hoje. Saco as roupas e me deleito com a água escorrendo pelo meu pescoço, costas, barriga tanquinho e coxas. Para não perder o hábito lavo a calcinha e lembro que esse é um diário de estudante e não de contos eróticos. Rsrsrsrsrsrsrsrs.
A combinação da calça preta com bege aprovada sigo à cozinha para preparar meu desjejum. Dois ovos mexidos, queijo e salame defumado espanhol. Uma caneca de leite quente, café solúvel, uma banana e um copo de sumo de laranja com maracujá. Visse que almoço. Minha próxima refeição acontecerá após as 15hs, portanto…preciso de reservas.
Lavo tudo, cumprimento David, vejo de esguelha um pouco do programa brasileiro Boa Forma e enfim, saio caminhando com o sol brilhando, o frio me abraçando e as nuvens pesadas prometendo.
Mais uma vez de tantas que ainda repetirei, atravesso o parque. Hoje evito a passarela, atravesso a pista, contemplo as gotículas de água percorrendo suavemente a superfície dos caules e folhas.
Sorri e alegre pensei: Estou aqui!
Rememorei na caminhada meus 20 e poucos anos quando tentei a Universidade Estadual, no entanto por ser o curso período integral não pude realizar a inscrição, parti então para um Faculdade particular.
Cursei um mestrado profissional na Espanha e o gosto de quero mais ficou, mas intentava dessa vez cursar na Federal do ES.
Depois de certa dificuldade para me inserir em uma área e após três provas, duas reprovações, ingressei na História.
Na Psicologia não dominava nem coadunava com o discurso da Social. Faço parte do grupo da filha bastarda, a psicologia organizacional enjeitada por servir aos capitalistas e coincidentemente empregar um quantitativo significativo de profissionais do comportamento.
Na Educação não me preparei para a entrevista, versando sobre autores distantes da realidade e interesse local.
Assim após essa batalha de áreas, não encontrando ressonância ou acolhimento, decidi gostar de quem gosta de mim.
Vivenciei três disciplinas na História que me sequestraram positivamente minha mente e minha alma. Professores talentosos me guiaram por caminhos áridos e extremamente interessantes, tomando toda minha atenção e interesse. Impossível não admirar o rico trabalho do historiador e muitas vezes nas aulas me vi pensando a Psicologia dialogando com a História de forma entusiasta, trocando pormenores, apropriando-se de forma diferenciada da história do homem, do seu comportamento e atitudes. Não conseguia separar o comportamento da cena da história e assim fui tornando-me uma históloga (historiadora-psicóloga).
Trabalho hoje com duas profissionais (orientadora e co-orientadora) competentes, generosas na troca do saber e identificação de oportunidades. Assim diante de uma oportunidade para uma seleção com vistas a um estágio na universidade de Lisboa, tendo conversado com minha família que deu o aval, parti para o preenchimento da papelada e produção do que seria necessário para concorrer a tal vaga.
Após uma primeira aprovação, resultado cancelado por ilegibilidade, uma espera de mais três meses, enfim a aprovação sai e me vejo na lista após minha torcida (marido e filha) baixarem a planilha, tornou-me uma Estagiária para a Europa na plenitude dos 50 anos de vida.
Ocorreu-me mentalmente quantas mulheres tiveram essa mesma oportunidade e se alcançam quantas se desapegam para aproveitarem?
Tudo isso, no período da Defesa de uma dissertação sobre Imigração Cigana no IGOT entremeando com as observações coletadas na explanação da candidata, da banca e interferências da minha mente e dedos que teimam em teclar essas palavras. Aqui meio dia, no Brasil 8 hs da manhã.
Estudei toda a tarde e noite. Cansada aos pingos de sono 23:48!
V DIA
Uma rainha…desperta. Apesar de nublado as 7hs despertei e olhei ao redor. A companheira que não é petista dormia. Esforcei-me para não fazer ruídos.
Peguei note, caderno e demais acessórios e determinada iniciei as pendências ainda do Brasil para resolver.
Foram exatas 6 horas e 30 minutos de imersão total, sem uma palavra, uma caminhada, uma mastigada. Agora uma e meia da tarde aqui e nove da manhã aí é que colocarei minha linda face diante da rua, claro depois que tratar da higiene matinal ou tardal como queiram.
Aproveitarei o dia de hoje para almoçar de verdade. As 14hs inicia o horário de almoço. Tenho 30 minutos para me organizar e sair.
Destino após o almoço: Universidade para um alô e conhecer a Biblioteca Nacional.

Diário de uma Estagiária de 50 anos

I DIA
Bem pessoal, agora é mais que oficial, é real. Cheguei há 6 horas atrás em terras lusitanas. Ainda ontem em Viracopos-SP a viagem se configurava tranquila.
Ainda não conhecia serviços da TAP. Atendimento impecável, gentil e preciso.
Amanhecemos em Lisboa, 12 graus, vento gélido. Aeroporto pronto para a Copa (opss esqueci que a Copa será no Brasil).
Aeroporto de Lisboa super melhorado de quando estive aqui em 1998 (EXPÔ – água no mundo), grande sem ser faraônico, confortável, desembaraço de malas, pessoas, passaportes, tudo muito fluído, associado com o Metro que hoje tem 04 linhas, cortando toda a cidade. Ticket 1,25 euro.
Com 20 Euros fiz a festa no supermercado. Aqui na Residência universitária tenho por colegas: uma goiana Régia fazendo doutorado em Geografia, o Bill Do, nigeriano simpático por demais com quem vou colocar meu inglês em uso, gente da Angola, Zambia e outros que ainda não conheci.
Chegando do Continente Supermercado já fiz comprinhas que cooperou na feitura de um lanche para lá de especial com o maravilhoso pão de Mafra (farinha escura).
A localização é ótima. Atravessando o parque estou no Laboratório aonde desenvolverei os estudos (IGOT) Instituto de Geografia e Território.
À frente um parque lindo ladeado por árvores antigas e onipotente. Bancos, Estátuas, obras de arte sem pichação e valorizadas.
Por hora é isso…
Dormindo na frente do note.
Até mais tarde…

II Dia
Uiiii…bom dia! Dez da manhã. Cara absolutamente amassada, cabelo completamente enrodilhado, corpo dolorido em processo de adaptação ao colchão de molas. Levantei sabendo onde estava, fui até a janela espreguicei meu corpo que reclamou do esticão. Chamei minha família no Skype, no Brasil 6 da manhã. Papo em dia, banho e arrumar para sair. A chuva cai torrencialmente. Pego a sombrinha que a Profa lembrou e a filha insistiu que trouxesse. Fui salva!…
Atravessei o parque que separa a residência da universidade. Lindo com árvores frondosas e bem cuidadas. Parei em um café, claro para aquecer minha alma com esse saboroso líquido, café com leite, acompanhado de um pastel de Belém enormeeee.
Degustei olhando para o entorno. Jovens espalhados em todas as mesas, conversando, sorrindo e fumando (ninguém merece) dentro do Café. Vi-me ali sentada com os pés encharcados, a sapatilha gelada e as meias, bem as meias lâminas de gelo envolvendo meus pés.
Pedi informações sobre onde queria chegar e me disseram: Vá de metro pois com essa chuva é impossível. Rsrsrsrs, sorri internamente. Mal sabiam eles que impossível é o combustível para eu ter vontade de fazer. Lá fui eu aquecida pelo café com leite enfrentar chuva, vento e frio para chegar a um lugar que ainda não tinha discernimento de onde era. Parei, fotografei, filmei, perguntei, enfim….
A dica era: fica entre os prédios de Direito e Farmácia e é um pré fabricado. Procurei confirmar com a funcionária da guarita do estacionamento e ela ocupada ao telefone disse não saber.
Mais uma parada para proteger-me da chuva…Vi o prédio da medicina dentária e o vigilante além de saber saiu para me mostrar. Imagina que o prédio ficava em frente a guarita da Sra ao telefone que não sabia. Adivinhem….Claro! Passei por ela ainda ao telefone e apontei o prédio, é lá, é lá, repeti sorrindo.
Na porta meu coração disparou, sorriu ao ver aonde assistiria as aulas. Adentrei o prédio, perguntei pelo meu Supervisor Prof. Jorge Malheiros. Já sabendo do paradeiro dirigi-me a sala 7 aonde aconteceria a aula de Geografia Social e Cultural levando o tema: Pobreza. Deliciei-me com a aula. Os estudantes alguns compenetrados e quatro dispersos com seus telefones móveis (celulares).
Ao término conversei com meu Supervisor que agendou minha chegada amanhã as 11hs para conhecer os outros pesquisadores brasileiros nos temas: Geografia urbana e Imigração (minha área aqui).
Ao final me antecipei e fui conhecer o prédio da Faculdade de Letras e a sala aonde poderei levantar dados e organizar agenda para entrevistas com brasileiros em Portugal.
Segui em busca de uma loja para comprar uma bota pois a chuva está forte e eu com os pés gelados. Caminhando na Avenida Brasil que fica em frente ao portão principal da Universidade de Lisboa e sorrindo como sempre, passa uma Senhora e agradece pelo meu sorriso, respondi ainda sorrindo mais, de nada…No que ela para e diz: ah esse obrigada é brasileiro e me abraça, beija a testa, chora lamentando que estão destruindo os índios e a Amazônia. Me abraça fortemente fala do nosso coração brasileiro alegre, bondoso, abençoado. Suspende as mãos no alto e grita Vitória no que respondo: do Espírito Santo. Rimos, gargalhamos em plena Avenida Brasil e nos despedimos. Foi o máximo.
Em seguida atravessando a rua me deparo com um casal de ciganos. A mulher me aborda e diz que preciso de sorte, pede para mostrar pulseiras, relógios, pergunta se tenho medo de ciganos. Digo que não e a olho nos olhos dizendo: não tenho dinheiro, repito e ela começa a regatear, dizendo: quanto tens, quanto tens? Eu firme disse: para comprar essas coisas, NADA. Ela desiste de mim e segue.
Entrei na loja dos chinos e procurei uma bota. Achei uma de 10 euros confortáveis, cano curto, uma gracinha. Já inaugurei. São duas pessoas apenas na loja enorme, o que me chama atenção como eles conseguem atender a todos. A mulher fica no caixa e o marido vai ao estoque. Os administradores desejariam entrevistar esse casal que otimiza recursos e maximiza resultados.
Volto para casa para me fartar com um caldo verde e pão Mafra.
Agora e ir a casa de banho, botar pijama e estudar. Ciao pessoal!
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A grandeza na simplicidade

Viajar, inesperar o esperado…viver a expectativa na sua plenitude…
Os passos se atropelam na calçada da Avenida Paulista, meu cérebro atropela os muitos pensamentos que disputam a primazia de concretizar-se. Vou até a Editora combinar detalhes do próximo livro. Idéias surgem coloridas, dando vida à sala cuja janela mostra a chuva refrescando a quentura do dia. Sexta fim de expediente: trens, metros, táxis, calçadas lotadas de gente de todos os estilos, todas as tribos, disputando um canto para encostar o cansaço da semana. Ao sair de Vitória/ES pequena charmosa do Sudeste em direção a Sampa cidade da garoa, cosmopolita que convive em harmonia com a diversidade e por que não dizer adversidade, já enxergo a Livraria Cultura, as exposições do MASP, a Pinacoteca, Museu da língua Portuguesa e as descobertas que se sucedem a cada nova empreitada.
Mais um fim de semana para desfrutar de Yani, o inigualável concertista grego que ama o Brasil e fica estupefato sem querer abandonar o palco quando ouve a brasileirada gritar seu nome inúmeras em alto e bom som.
Recomendo ao menos uma vez por ano uma vivência em SAMPA.
No aeroporto Congonhas o suspense de malas que não chegam. E a minha no meio das atrasadas. Espero, faço graça e penso na Copa em Junho e Julho. Não desfrutarei dos momentos da Copa pois estarei em Lisboa e depois em Paris para reciclagem, estudos e novos aprendizados. Mas, de qualquer forma, me preocupo bastante com os percalços que os turistas poderão enfrentar.
Uma profusão de possibilidades, Miguel Falabella estreando no teatro Procópio Ferreira, o mesmo que trouxe TIM MAIS. Elis, Fagundes, Flávias, peças e mais peças.
Paro no Sujinho para um almoço inigualável: a famosa bisteca ao ponto, queijo de bufallo, pão de sal e uma deliciosa saladas de repolho ao vinagrete. Uma delícia!
Hotel lotado, acomodo a pequena mala amarela recém comprada para a nova leva de viagens. A outra quebrou…
A 25 de março no dia seguinte após um delicioso café da manhã no Mercado Municipal, repleta de pessoas comprando tudo. As estátuas que param as pessoas diante de performances maravilhosas e inesperadas.
A noitinha uma chegada na Bella Paulista, seguida da sempre caminhada na Avenida Paulista, cheirando o cheiro da garoa, dos passos, dos sentimentos que gritam de dentro das pessoas.
De novo: Viagem é permitir-se sair sem nada levar, apenas o necessário. Roupa muita atrapalha, se faltar compra por lá. Livro pesa, mas é bom, faz companhia, ajuda a cochilar. Conhecer gente nova ajuda a ver os tesouros que temos renovar esperanças e não se lamentar. Viajar no espaço, no corpo, na mente, no que os sentidos conseguem alcançar.

Viajar, inesperar o esperado…

por, Maria Rita Sales Régis
Email: escritoramariarita@gmail.com
Lattes:http//lattes.cnpq.br/0010598355435297
http://www.facebook.com/#!/maria.r.sales
https://www.mariaritasales.com.br/

As palavras borbulham no meu cérebro disputando qual vai debutar primeiro. Saio de Vitória pequena charmosa do Sudeste em direção a Sampa cidade da garoa, cosmopolita onde convive tribos e mais tribos em harmonia. Um fim de semana para desfrutar e estudar. Aconselho este combo a todos. Ainda no aeroporto contemplo uma pequerrucha de 1 ano e 09 meses lutando para empurrar com toda sua mini força o carrinho com as malas que quase carregam as casas de quem viaja. Dois dentes e muita valentia. Sigo o destino distraído na atenção de olhar as pessoas que passam apressadamente daqui acolá. Cabelos lilás, laranja, azuis, rosa pink, piercing, tatuagens, casacões para combater o frio que se instala neste dia 11 julho ( quinta) manifestação na Avenida Paulista, no Brasil dos brasileiros. Hotel lotado, acomodo a pequena mala que me acompanha já a algum tempo a vários destinos. Agora o sacrifício de almoçar no Sujinho, um restaurante aconchegante com jeito de boteco chique, saborear uma bisteca ao ponto para comemorar os 44 anos do homem que topou viajar na vida comigo, meu marido.
Na Avenida Paulista a manifestação toma corpo, olho curioso a tudo, faixas, pleitos, falas, ritmo e classes diversas, cada qual com sua indumentária, seu arsenal de cores, formas e força. Me meto no meio do povo, sinto a emoção dos meus tempos de militância, quando fazia coro contra a guerra do Afeganistão, a invasão do Vietnã, em favor das Diretas Já e o impeachemant do Collor. Um nó veio na minha garganta. Fazia tempo que não via o Brasil tão vivo, tão forte, tão gigante. A noitinha uma caminhada na Avenida Paulista, cheirando o cheiro que as várias vidas exalam de paixão, descoberta, temor, ousadia e me perco na floresta de livros da Livraria Cultura, surpreendendo-me por ver meu título, o Sentir, Sofrer e Surtar bem ali em uma das tantas prateleiras. Sorrio o sorriso de quem nadou, nadou e chegou a uma praia paradisíaca.
Do Leme ao pontal não há nada igual ao Daniel personificando Tim Maia no Procópio Ferreira entre a Rua Augusta e a out Oscar Freire. Mais de cem pessoas cantando Vale tudo, vale o que quiser e quando o inverno chegar eu quero estar junto a ti, valeu de tão sensacional que foi sair mais de uma da madruga revisitando emoções das décadas de 70 e 80. Sábado para fechar a viagem com chave de diamante, seguimos para a Estação da Luz, Museu da Língua Portuguesa com direito a rápida fuga na rua Bom Retiro.
Rubem Braga cachoeirense, escritor, poeta, diplomata, irônico, caçoador, retratava nas palavras o que a boca nem a expressão facial ousava falar. Um durão de doce coração. Igual a José Mauro de Vasconcelos queria morar no último andar e frente ao mar. Tenho este desejo também. Será que é anseio de escritor ter a natureza particular a inspirar sua escrita todo o tempo? Possivelmente! Um desejo simples de poder ver o mar acariciando a moldura do céu. Viagem é permitir-se sair sem nada levar, apenas o necessário. Roupa muita atrapalha, se faltar compra por lá. Livro pesa, mas é bom, faz companhia, ajuda a cochilar. Conhecer gente nova ajuda a ver os tesouros que temos renovar esperanças e não se lamentar. Viajar no espaço, no corpo, na mente, no que os sentidos conseguem alcançar.

Projeto dos 49 aos 50 anos…

Este site pretende editar um compilado com relatos de mulheres que completaram ou completarão 50 anos até dia 31 de dezembro de 2013.
O relato pretende demonstrar aos leitores conquistas, desafios, temores, sentimentos, descobertas, mudanças de curso (profissão, vida afetiva, religião, estado civil, país, círculos de amizade, início de processo terapêutico, início ou retorno aos estudos, esportes, namoro, compromissos, enfim…).

O relato deverá ter no máximo 5.000 caracteres com espaçamento.

Maiores detalhes entrar em contato por meio do e-mail: escritoramariarita@gmail.com

Mulheres uni-vos para mais uma realização.

Brasil onde está a Seleção?

Brasil onde está a Seleção?

 

Ano de muitas conquistas, ano de campo, jogos, futebol da seleção. Este artigo não se trata da nossa Seleção brasileira! Trata-se da Seleção daqueles que se propõem defender nossos direitos, anseios e interesses. A narrativa versa sobre os nossos servidores, os políticos deste nosso “Brasil, que é um sonho tão intenso o qual nos atinge como um raio vivido de amor, cravando em nossos corações uma esperança extrema que nos deixa sem ar, sem água e literalmente sem terra!!!”

Tanta boniteza em um só gigante pedaço de chão, onde toda semente floresce, onde o sol pode brilhar até 12 meses, inaugurando nestes tempos amostras do que conhecemos serem regulares em outros continentes (cataclismos, vendavais, enchentes); uma terra onde os empreendedores e os vários segmentos de negócios se expandem, pipocam, onde as iniciativas se transformam em resultados tangíveis e sem tanto planos e ensaios, o que deveria ser uma prática!!!

Mas, por outro lado o que aprendi no ensino fundamental, prevalece até os dias atuais nas escolas. O nosso Brasil ainda é apresentado, como um país em desenvolvimento…

Porque não desenvolvido? O que é que está faltando à nossa gente, em cada um de nós para mudarmos este status que insiste em aparecer nas folhas dos livros, apostilas, palavras e atitudes de forma tão recorrente?

Transitando no mercado de trabalho, nos classificados da mídia escrita, constatamos as inúmeras e árduas exigências para um cidadão brasileiro, alfabetizado, eleitor, em dia com suas obrigações poder exercer um “papel” dentro de qualquer empresa.

Há que se ter muitas competências, habilidades, atitudes (CHA), títulos, idiomas e de vez em quando uma forte indicação. É desejável também ser voluntário em algum Projeto de responsabilidade social, ter família, mas não ser muito família. Mas isto é tema para outro artigo!!!

As empresas reforçam cada vez mais seu aparato de escolha dos seus profissionais.

Na contra mão, observamos a relevante responsabilidade de escolha recair sobre uma comunidade de pessoas por vezes não tão informadas, desabilitadas, despreparadas e dispersas do verdadeiro sentido que é ARTICULAR EM FAVOR DA PÁTRIA (patrimônio e coletividade) e do seu CIDADÃO.

Também na contra mão nos deparamos com os reféns da máquina política pelos favores recebidos, sendo comumente esta lealdade garantida pela gratidão, pelas regalias decorrentes, pelo desânimo ou falta de opções concretas.

O que é ser político, servidor então? Servir quer dizer (etimologia)… – disponibilizar-se, cuidar! E sinceramente, tanto no comércio, na prestação de serviços e demais segmentos, constatamos a reduzida disponibilidade de SERVIR.

Mas voltemos ao tema Seleção. Para decidir em quem votaremos, temos 30 segundos de propostas, alguns poucos debates / confrontos que mais se assemelham a lavação de roupa suja, alguns comícios com bandas e muito barulho, passeatas, carreatas e muitas, muitas promessas, pouco planejadas e menos ainda customizadas, que se transformam em lixeiras de R$ 1.000,00 (mil reais).

Não se observa nos Concursos em geral o uso ou a prerrogativa de aplicar ferramentas de seleção aplicados na iniciativa privada que pode antever competências, predisposição, tendências, possibilidades de comportamento seja por meio de uma entrevista de seleção robusta, seja por meio de dinâmicas grupais ou uma avaliação mais acurada do perfil do candidato ao serviço público demandado. Desconhece-se a história de vida, a predisposição moral, o caráter e como estes se comportam quando submetido ao poder, os valores e anseios, a estrutura da personalidade, a formação, a capacidade de análise, como executa e obtém resultados?

Mesmo assim escolhemos (votamos) estas pessoas para conduzir nossos interesses frente aos poderes e à nação, de forma que apliquem adequadamente sua energia e expertise ao patrimônio público, fazendo uma distribuição equilibrada e justa.

Pessoas estas que se revelam medíocres, rasas e sedentas de poder, que à medida que vão exercendo seu titulo funcional no serviço para o publico chamado cidadão quem de fato contrata e remunera toda a máquina política assim como sua extensão.

Nós brasileiros, abençoados por natureza não só podemos como devemos confrontar o desconforto de incomodar o próximo, de cobrar os resultados que merecemos por sermos parte desta nação.

Nós que, privilegiados, estudamos, observamos e monitoramos resultados, a partir de uma visão sistêmica (ampliada), devemos literalmente alcançar todos que estão em nosso entorno, investindo um tempo para esclarecer, demonstrar o real e concreto para cada uma destas pessoas tenha a chance de construir uma visão mais bem  delineada deste universos de toma lá da cá.

Este é o convite. Vamos contribuir para este processo tão importante que é escolher nossos representantes. Façamos a nossa parte urgente!

Publicado no ITAG – Junho 2013