Segunda amanhece. Banho rápido e silencioso antes que as 09 beldades acordem. Duas já saíram bem cedo (6hs). Sigo para sala de desayuno (café da manhã). Luminárias japonesas gigantes, coloridas, mesa de madeira demolida (lembro da Andreia Dadalto), computadores, telões, som, cartas de baralho, jogos, máquinas de café, suco, tudo colorido, jovens de todos os tipos, cores, etnias, culturas e costumes pelos corredores.
Contemplo sorrindo por dentro de felicidade. Sou um ser de 50 anos no meio da garotada e eles nem me distinguem. Sorriem, cumprimentam apesar da tinta do cabelo já ter vencido.
Pergunto a uma colega (jovem coroa como eu) de quarto se ela vai para o mesmo congresso que eu. Me dá uma meia resposta e vejo que a minha jovialidade a incomoda. Bem, vou sozinha….rsrsrsrrs
Chego, me apresento, credencio e assisto às palestras que se sucedem num manancial de aprendizado para mim. Como que está tudo tão entrelaçado. Incrível! O povo da USP impera aqui no Congresso. Parabéns brasileirada. Os pós doc se desdobram para fazer do encontro algo inesquecível. Mas vejam bem: não tem café, não tem mesas gigantes de lanches (ninguém reclama), são 2 intervalos de 30 minutos e um para almoço (2h e 30). As apresentações se estendem até as 20:45 e o povo fica, discute, debate. Fiquei mais uma vez maravilhada com a produtividade de capital intelectual. Tanto os apresentadores quanto o público, a assistência maioria de doutores e pós doc. Atentos, respeitando e levando a sério os trabalhos que sucediam como ondas no mar. Lembrei de Lulu Santos.
Cansada, paro para um lanche. A garganta reclama. Fase da tosse, secreção tudo junto. Desconforto na garganta. Me aguarde vick. Chego tomo banho, muito vick e cama. Uma colega se aproxima e pergunta se preciso de algo. Digo em inglês o idioma que predomina para nos comunicarmos no espaço, que está tudo bem.
Cansada, paro para um lanche. A garganta reclama. Fase da tosse, secreção tudo junto. Desconforto na garganta. Me aguarde vick. Chego tomo banho, muito vick e cama. Uma colega se aproxima e pergunta se preciso de algo. Digo em inglês o idioma que predomina para nos comunicarmos no espaço, que está tudo bem.
Dou uma olhada da varanda e que linda a cidade a noite. Deito e capoto de sono. Na madrugada acordo. Fico olhando a penumbra, roupas penduradas nas cabeceiras da cama, mochilas espalhadas, um ronco aqui um suspiro lá. É preciso ser completamente desapegado, tolerante e apreciar o diferente para viver uma experiência de tantos encontros ao mesmo tempo. A chilena minha vizinha de cama parece uma princesa, não se mexe. Ao lado do travesseiro um livro enorme com mais de 650 páginas. Parece um romance. Não, não vi agora na penumbra, vi antes dela apagar a luz de leitura.
Terça, segundo dia de Congresso. Separo um horário sem prejuízo dos temas que quero ver e vou visitar o Park Guell, famoso pela história e conjunto arquitetônico. Caminho respirando cada detalhe por duas horas e meia. Penso em como minha filha amaria isso aqui, ainda mais que está estudando esse tema. E o marido, caminharia sem cansar. Lá em casa temos dois com alma de artista, plenos diante das expressões de Arte e eu que me considero uma artista pragmática, no entanto passo ao longe de Salvador Dalí, Picasso, Frida, Mestre Vitalino. Rsrsrsrsr
Passo no albuergue, faço a troca do quarto, tomo uma banho de rainha, aproveitando que as 3 colegas do novo quarto ainda não chegaram. Saio para almoçar uma paella mixta em um restaurante chamado IDEAL de um indiano em uma rua estreita próximo à Universidade.
Quando as apresentações terminam os professores e colegas de Portugal vão a um restaurante. Eu por zelo não os acompanho. A garganta reclama e não posso correr o risco de passar mal, perder o avião, enfim…Não seria uma boa companhia com tanta tosse.
Eles seguem o rumo e eu volto pela mesma rua. Paro para comer duas empanadas argentinas na pizzeria que é de um chileno e uma paraguaia. Mas até alfajor tem, comento. Ela sorri e pergunta como faz caipirinha. Lembro do Juca, do Marcelo, especialistas e recito a receita deles. Ela diz que conhece Vitória, Guarapari, Jacaraípe. A mãe tinha uma amiga lá. Após um bom e breve papo, sigo para o albuergue, arrumo minha bolsa e banho para renovar as células da minha jovem, mas cansada pele.
Quarta 3 e meia, desperto tossindo muito. Bebo água e controlo a respiração para amenizar. Daí para 4 e 30 min não dormi mais. Assim sendo levantei, tudo preparado, desci para devolver a chave. O jovem me devolve 01 euro pela chave devolvida (uma recompensa). Tem um café da manhã a disposição (sucos, galletitas/biscoitos tudo acondicionado) para quem sai antes das 8h.
Ando os quatro quarteirões que me separam da Plaza Cataluña e alcanço o Aerobus. Em 20 minutos chego no aeroporto terminal 01.
Caminho lentamente pela extensão que me cabe. São 890 guichês de check in e contei até 61 portas de embarque. Aqui o povo está preparado para receber mesmo. O desenho do aeroporto facilita o deslocamento e a área de Duty Free é bem atrativa. Quem gosta de comprar morre de felicidade aqui dentro.
Embarco, subtraio 01 hora do relógio para acertar com Lisboa que é uma hora menos que Barcelona. E…durmo, algumas tossidas ressonantes e de novo durmo. Rememoro o que planejei e realizei inclusive financeiramente. Cumpri todo o plano. Investi exatos 150 euros e 54 cêntimos. Não deixei nada para trás. Amo quando consigo focar minha agenda e projetos. Amo de verdade. Porque coisas, eventos e pessoas para te tirar do rumo tem um punhado. Temos que cuidar mesmo. O trem é sério!